Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 73

O álcool

Quem já não está farto de saber que o álcool é fator de degenerescência orgânica?

Que é o veneno que tem intoxicado a Humanidade através dos séculos, gerações após gerações?

Quem, porventura, ou melhor, por desventura, ignora ainda que o álcool é o corrosivo por excelência das membranas e mucosas que forram o aparelho digestivo; que uma vez ingerido não é eliminado, passando a corromper a corrente sanguínea; que é o maior desequilibrador do sistema nervoso, cujas células intoxica, produzindo anormalidades de toda a espécie; que é o estrangulador do fígado, onde acarreta, ora atrofia, ora hipertrofia, degenerando-o em sua estrutura; que é o responsável pelos acidentes cardíacos em sua grande generalidade; que é, segundo afirmam os mais acatados especialistas, a causa direta da loucura em inúmeros casos; que a sua influência deletéria e eminentemente envenenadora é transmissível de pais a filhos; que é a origem da imbecilidade e do cretinismo, fatos verificados em descendentes de alcoólatras. Tudo isso, e mais ainda, é sabido, é cediço mesmo. Não obstante, parece que a Humanidade desconhece semelhante coisa. O alcoolismo aí está em toda a sua nudez.

Por toda a parte se bebe álcool. Sua aquisição está ao alcance de toda a gente. Há para todos os paladares e para todas as classes: grandes e pequenos, dignitários e plebeus, regulares e seculares, homens e mulheres, adultos e crianças. É mais fácil encontraremse fornecedores de álcool que de qualquer gênero de primeira e irremediável necessidade. Aos domingos, dias santos e feriados, fecham-se as lojas, os armazéns, as mercearias, os mercados e até as farmácias; mas escacaram-se impudicamente as portas dos bars, dos botequins e dos quiosques para distribuição larga e franca do terrível intoxicador da Humanidade. É possivel que se não encontre quem nos venda pão ou medicamento; onde jogar e beber, topa-se dez vezes, de dia ou à noite, numa só quadra de qualquer rua das cidades modernas e civilizadas.

Jogo, álcool, fumo e cocaína constituem artigos indispensáveis aos homens deste século. Os não toxicomaníacos contam-se por exceção, parecendo até que são eles os anormais.

Dir-se-á que o vício triunfa em toda a linha. As autoridades civis e eclesiásticas que têm ascendência sobre as massas populares, que têm poder para coibir esses flagelos que abastardam e aviltam o povo, nada fazem de eficiente. Não dispõem, talvez, de tempo para cuidar de nonadas. As autoridades civis tratam de política; e as autoridades eclesiásticas, dos vários credos religiosos, tratam de se combater mutuamente, porfiando a primazia na salvação das almas, de um inferno e de um purgatório que jamais existiram senão na astúcia dos que exploram semelhante crendice.




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