Nas Pegadas do Mestre

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CAPÍTULO 76

O pão da vida

Disse, então, Jesus: "Em verdade vos digo que não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; porque o pão que vem de cima, mandado por Deus, é aquele que desceu do céu e dá vida; o que vem a mim, de modo algum terá fome; e o que crê em mim, nunca jamais terá sede. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna".

Jesus é o pão da vida. Assim como o corpo precisa de alimento para entreter a vida física, assim também a alma tem absoluta necessidade de substância para conservar e intensificar a vida psíquica. Há vida animal e há vida espiritual. Há pão para o corpo e há pão para o espírito.

Quando o corpo não se alimenta normalmente, enferma, definha e sucumbe mesmo, se não consegue equilibrar suas funções. Do mesmo modo, o espírito que se priva do pão que lhe é próprio é um doente, é um tarado, é um morto moral. Para que ressuscite e se mantenha vivo é preciso que normalize suas funções. Há órgão do corpo e há órgão do espírito. O aparelho digestivo é órgão da nutrição animal. A razão é órgão da nutrição espiritual; é o estômago da alma. O estômago digere o alimento para que o mesmo se torne assimilável pelo corpo. A razão tem uma função idêntica para o espírito: digere, prepara o bolo alimentício para ser incorporado na alma.

A verdadeira fé só nasce, floresce e frutifica no espírito bem alimentado, forte, sadio. Essa fé não teme a razão. Ela a encara face a face, porque é o produto dessa mesma razão, como o sangue é o produto de uma boa e sã alimentação, perfeitamente digerida e assimilada. O sangue é a base da vida animal. A fé é o fundamento da vida espiritual. Os órgãos da digestão preparam o sangue. A razão bem equilibrada produz a fé. Não há saúde animal com mau estômago. Não há saúde espiritual quando a razão é falha em sua função.

Jesus é o emblema do pão espiritual, porque personifica a moral divina em sua plenitude: é o Verbo de Deus que se fêz carne.

Ele dá-se a si mesmo, como alimento, a toda alma faminta, morta para a vida espiritual. Não obstante, Jesus exige que a razão funcione, digira, assimile o pão fornecido. De outra sorte, não haverá aproveitamento: a anemia persistirá, a ressurreição jamais se operará.

O Romanismo sonegou o pão da vida personificado no Evangelho de Jesus, dando em seu lugar o joio. O trigo fortifica, enquanto que o joio entontece. Daí o estado de desequilíbrio, de enfermidade em que o mundo se acha.

O Protestantismo, arrebatando o pão da vida, enguliu-o: não mastigou, não digeriu, não assimilou.

As igrejas divorciadas da razão, desprovidas portanto de órgão de nutrição, como hão-de aproveitar o pao da vida que desceu do Céu? Como se há-de alimentar a Humanidade com aquela substância que vivifica para a eternidade?

A fé não admite fôrmas como os sapatos. É, por natureza, incoercível. Ela há-de acompanhar a razão em seu desabrochar, em sua evolução, sem peias, com a máxima liberdade. Encarcerá-la é desnaturá-la.

Não é com drogas e panaceias que se nutre o corpo; é com pão. E o pão deve ser convenientemente mastigado, digerido, para ser assimilado. Não será, do mesmo modo, com doutrinas de escola, eivadas de egoísmos e preconceitos que se há-de equilibrar o organismo social desta Humanidade enferma. É mister que se lhe dê a comer o pão que desceu do Céu, isto é, faz-se absolutamente preciso que se inocule nas consciências a moral inconfundível do puro Cristianismo, tal como o pregou e exemplificou o Filho de Deus.

Tal é a missão do Consolador prometido: ministrar aos homens de boa vontade aquele pão, do qual quem come nunca mais tem fome, e aquele vinho, do qual quem bebe nunca mais tem sede.




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