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Capítulo IV

Christian W. Freitas Campos


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ESCLARECIMENTOS


Nascimento: 21 de outubro de 1969. Desencarnação: 09 de junho de 1984. Idade: 15 anos.

Pais: Fernando Kerr A. Campos e Regina Helena Freitas Kerr Amaral — Av. Presidente Wilson, 80 — Apto. 94, CEP 11.100, Santos — SP.

Irmã — Paola Rossi Kerr Freitas Campos.

Vovó Francisca — Materna, desencarnada quando Christian ainda era bebê.

Vovó Maximínia — Avó por afinidade. Desencarnada.

Paulo Júnior — Amigo que estava na moto por ocasião do acidente.


COMENTÁRIOS


Em círculo de muitos amigos e em idade de plena felicidade, Christian construía seu castelo de sonhos. Seu mundo encantado era projetado através da pintura, da leitura e de viagens que se completavam ao sabor de sua vontade.

Vivia feliz. Seu coração vibrava com os computadores. A todo instante procurava a aprovação de sua mãe para que lhe proporcionasse possibilidades de formar-se num curso de computação eletrônica.

A mãe percebendo seu entusiasmo, incentivou-o. Lamentavelmente, o tempo para iniciá-lo não lhe foi suficiente. Cursava o Colégio Objetivo.

Certa manhã, sempre feliz, propôs à mãe um passeio de motocicleta. Com alguns problemas em casa ela hesitou por instantes, mas para não querer apagar o brilho de sua alegria aceitou com a condição de segui-lo andando.

Christian concordou. Convidou um amigo para acompanhá-lo.

O passeio iniciou-se.

Os dois rapazes, na moto em velocidade bem moderada para não perder dona Regina de vista, estavam tranquilos.

Aproxima-se um caminhão em alta velocidade e, em seguida, um barulho horrível se fez ouvir.

Pessoas deslocavam-se afobadas, gritando, quando dona Regina sentiu ter perdido seu filho.

Adiantou-se rapidamente ao encontro do acidente, desesperada, rogando a Deus que lhe desse forças para enfrentar aquele momento em que seu coração gritava de dor.

Impossível descrever. Seu desejo era partir junto.

A cena ficou em seu coração como a lembrança da dor. Ao seu amigo nada aconteceu.

Dona Regina, tendo nascido e crescido dentro da Igreja Batista, nunca aceitou a Doutrina Espírita e dela evitava qualquer aproximação.

As leis de Deus, mesmo que não queiramos aceitá-las por opiniões ou simpatias religiosas, se fazem sempre presentes onde quer que estejamos.

É evidente que o livre-arbítrio é respeitado.

Importante salientar que o curso da vida está vinculado ao nosso passado. Dona Regina é mais um exemplo.

Duas semanas do ocorrido, de mãos amigas recebe uma mensagem psicografada por Chico Xavier e o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

A partir daí, sentiu vontade de ir a Uberaba e, mesmo contrariando os familiares que lhe diziam ser bobagem “essas coisas”, quatro meses após, viajou para a cidade mineira.

Christian comunica-se.

Dona Regina emocionada nos relata os seus preciosos momentos frente a Chico Xavier:

“Prevenida da maneira que eu estava contra a Doutrina Espírita, confesso que se tivesse conversado e comentado alguma coisa sobre o acidente, eu não acreditaria, mas deu-se tudo ao contrário. As únicas palavras minhas foram para dar o meu nome e o de meu filho a Chico Xavier e nada mais.

Nesse momento Chico perguntou-me quem era vovó Maximínia.

Queria falar comigo.

Dizia que o menino estava bem e feliz.

Pedia para não me desesperar.

Sorriu e disse-me ainda: “O menino está aqui, é muita luz, ele está feliz por ter uma mãezinha que o auxiliou a ajudar duas pessoas que agora estão enxergando.”

Por sua vontade, doei as suas córneas.

Ao ouvir aquilo, chorei muito e agradeci a Deus por ter me aliviado a alma. À noite, voltei ao Culto do Evangelho no Grupo Espírita da Prece, achando já ter recebido minha dádiva, quando o Chico me chamou e leu a mensagem que meu filho havia enviado.

Chico também não sabia do que ocorria com mamãe, que sempre reclamou sua ausência na mensagem recebida.

Em outra viagem, Christian envia pequena mensagem onde tranquiliza sua avó.

Eis o trecho de sua lembrança:

“…Diga, mamãe, à vovó Biga para não se sentir esquecida por mim, porquanto tenho-lhe o amor no íntimo do meu coração agradecido por todo o amor que ela nos deu e continuará a nos doar, com a riqueza de compreensão que lhe enfeita a alma querida…”

Para mim, agora, não existe morte, apenas uma separação temporária, umas férias.

Quando a saudade me aperta o coração, eu converso com ele, não ouço a sua voz, mas sinto a sua alegria de me saber bem.

Se ele me ama, não quer me ver triste.

Conforme a sua própria definição de saudade quando ainda encarnado: “A saudade é um barato.”

Logo estaremos juntos.”


MENSAGEM


Querida mãezinha Regina, agora é o momento de voltar a ser criança pedindo-lhe a bênção.

Estou em companhia do meu pai e da vovó Francisca, que me recolheram nos braços quando fui atirado ao longe pela moto batida pela pesada máquina que nos colheu de improviso. Foi um salto que nunca esperei viesse a experimentar.

Mãezinha, peço-lhe perdão se desejei que você saísse em minha companhia na hora fatal.

Desde muitos dias, andava sentindo uma tristeza que me corroia por dentro. Seria saudade de meu pai ou alguma contrariedade que não conseguia precisar?

Não sei por que motivo me sentia mais necessitado de sua presença e de sua companhia. Tinha um medo de tudo, que não confessava por senti-lo absurdo, quando tudo nos sorria no cotidiano.

Naquele dia, sem a mínima intenção de expô-la a qualquer perigo, convidei-a para passear comigo… Nós dois e a moto amiga, transportados para longe, a fim de admirarmos a natureza.

Você, graças a Deus, não se sentiu disposta a acompanhar-me em face dos serviços que a nossa querida Paola lhe reclamava, e segui sem você. Pois foi nesse dia que os meus pressentimentos se cumpriram.

O choque das máquinas me deixou desacordado e de nada mais fiquei sabendo, senão que um dia, creio que depois de muitos outros dias, despertei entre amigos que me fitavam com simpatia.

Supondo-me numa casa de tratamento e repouso, quando consegui falar, pedi-lhes a volta para a nossa casa, mas uma das senhoras que me solicitou chamá-la por vovó Maximínia disse à companheira que eu crescera e me desenvolvera muito depressa, elogiando-me a coragem e o destemor com que eu manejava a minha moto.

A senhora interpelada, que me recomendou chamá-la por vovó Francisca, fez um sinal afirmativo, e o companheiro me abraçou com carinho, indagando se eu não o reconhecia.

Tudo foi reajustamento de um instante. Nos olhos colocados nos meus, vi meu pai, reconhecendo-lhe a bondade e proteção. Então choramos juntos, misturando nossas lágrimas de alegria no reencontro com tamanha intensidade, que eu não sabia se eu era meu pai, ou se meu pai era eu.

Depois falamos de sua presença e da nossa querida Paola, e a morte naqueles momentos se fez vitória para nós, porque ali guardávamos, nós quatro, a certeza de que Deus não nos criaria para separar-nos, e que um tempo virá em que estaremos novamente reunidos para sermos felizes sem adeus.

Mãe querida, estas notícias eu lhe trouxe com o meu coração.

Peço-lhe não permitir que amigos ou parentes nossos acusem a moto que me foi companheira e colaboradora em todas as vezes que eu necessitasse ganhar tempo. Estou bem, e se não fosse a saudade, creio que estaria no melhor que me pudesse acontecer. Entretanto, a saudade é um ponto incessante de intercâmbio e, pela saudade, estaremos sempre juntos.

Muito carinho a nossa Paola. Não me esqueço do Paulo Júnior.

E com os sentimentos de carinho e apreço que meu pai me solicita transmitir-lhe, deixa-lhe aqui neste papel em que o lápis me traduz os garranchos de amor e saudade, muitos beijos de afetuosa gratidão, do seu filho e companheiro de sempre.


Christian

Rubens S. Germinhasi


Christian
Francisco Cândido Xavier


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