Correio Fraterno

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Capítulo II

Apelo à mocidade espírita-cristã


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Mocidade, o Espiritismo —

Mensagem de luz ao povo —

Descortina um mundo novo,

Guardado na tua mão.

Combate as sombras do abismo,

Exalça o amor que te eleva,

Desata os grilhões de treva

Da moderna escravidão.


Ausculta o horror do orbe aflito!

Nos campos de toda a Terra,

Vagueia o dragão da guerra

Em tremenda saturnal…

Vem das angústias do Egito,

Dos tormentos da Caldeia,

Empanando o Sol da Ideia,

Brandindo clava infernal.


Ergueu sobre a Assíria forte

O chamejante estandarte,

Espalhando em toda a parte

Incêndio devastador.

Trouxe à Pérsia — ruína e morte,

Da Grécia — extinguiu a vida,

Deixando Roma caída

Num lago de sangue e dor.


Mas, além do monstro hirsuto

Que nos recorda a caverna,

A ignorância governa

Prostíbulos e canhões.

A preguiça vive em luto,

Ódio torvo prevalece

Nos males de toda espécie,

Enlouquecendo milhões.


Negro vício multiforme

Que de púrpura se veste,

Atormenta, mais que a peste,

Mendigos, ministros, reis…

Mas a verdade não dorme

E abrindo sulco profundo,

Desdobrará sobre o mundo

Novos tempos, novas leis.


Juventude, a nova era

Já resplende no horizonte,

Move os braços, ergue a fronte

No serviço varonil!…

Ama, crê, trabalha e espera,

Proclama a fé que te invade,

Cantando a Fraternidade

Ao claro céu do Brasil.


Soldados do Cristo augusto,

Tercemos armas da crença,

Detendo por recompensa

O divino dom de amar.

O Salvador, brando e justo,

Para as glórias do porvir,

Elege a senha — servir !

E manda a vida — marchar!


Sigamos, vanguarda a fora,

De coração descoberto,

Contemplando de mais perto

A Fonte da Eterna Luz.

Acendamos nova aurora

Na noite que envolve o Templo,

Seguindo o sublime exemplo

Do Mestre Sábio da Cruz.


Combatem ao nosso lado,

Sem fuzis conquistadores,

Espíritos benfeitores

Buscando a paz de amanhã…

Ei-los ! — voltam do passado!

São mil gênios sobre-humanos,

Choraram trezentos anos,

Nos circos da fé cristã.


Trazem fúlgidas bandeiras,

Entoam hinos felizes,

Bendizendo cicatrizes

— Santificados heróis!…

Atravessaram fogueiras,

Serviram a Deus, de rastros,

Volvem, hoje, de outros astros

— Sóis brilhando noutros sóis!


Mocidade, o Espiritismo

Mensagem de luz ao povo

Descortina um mundo novo

Guardado na tua mão.

Combate as sombras do abismo,

Exalça o amor que te eleva,

Desata os grilhões de treva

Da moderna escravidão.




Castro Alves
Francisco Cândido Xavier


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