Capítulo XXIII

Mensagem aos espíritas

Orastes, comovendo-nos as fibras mais íntimas da alma, e, por nossa vez, imploramos também, junto de vós, a paz e a Luz Divina.

Nossas súplicas, nem sempre, tomam o caminho vertical das Alturas.

Por vezes, buscam a direção horizontal, onde os apelos são levados a efeito de irmãos para irmãos. Assim, permiti-me a alegria de rogar-vos também continuidade de amor e união fraternal em nossa Causa bendita.

Estejamos de mãos entrelaçadas no serviço do Mestre, que nos adquiriu para a safra da liberdade ao Sol da Vida Maior.

Empenhemo-nos no esforço de unificarmos aspirações e sentimentos da oficina que nos irmana.

Compreendamos as dificuldades uns dos outros.

Toleremo-nos reciprocamente.

Auxiliemo-nos em nossas fraquezas mútuas.

Jamais esqueçamos a renúncia pessoal como emissária de iluminação.

Seja o perdão fraternal nossa bênção de cada hora, de uns para com os outros, para que a nossa obra de continuação espiritual não sofra em seus fundamentos.

O Senhor, que nos confiou a lâmpada viva, em tempo algum se esquecerá de sustentar a chama de nossas possibilidades e de nossa fé vibrante, desde que o óleo da boa vontade seja encontrado nos círculos de nosso espírito de serviço.


Quando algum de vós outros, encarnados ou desencarnados, não oferecer condições satisfatórias para integral aproveitamento dos minutos terrestres na obra divina, olvidemos a leviandade que fere, semeando, ao invés dela, flores abençoadas de cooperação e de amor.

Quando estivermos em sombras temporárias, ó meus irmãos, nunca acentuemos a escuridão.

Acendamos o clarão do entendimento fraterno para que os germens do bem, por onde passarmos, não sejam crestados pelo calor desmedido de nossas paixões.

Quando a luta nos visite os corações, sejamos brandos e compassivos.

Fujamos de avivar o incêndio da discórdia, procurando recursos de paz a fim de que a fraternidade permaneça em nossas almas.

Se as pedradas chegam de longe ou de perto, unamo-nos para que o choque do coração nos atritos do mundo não nos desintegre as energias conjugadas no objetivo da elevação.

Jesus, muitas vezes, e em que distância de nós! nos tem desculpado as faltas e relevado as imperfeições! Quantos débitos tem liquidado a nosso favor, conferindo-nos novas oportunidades de restauração! Por que não nos tolerarmos uns aos outros, desculpando-nos infinitamente, para servi-lo e honrá-lo com o nosso concurso de servos frágeis?!…


Como suportaremos a tempestade, se meros golpes de vento, em muitas ocasiões, nos espantam o coração, chamado não só ao reconforto e à afabilidade, mas também à fortaleza e ao trabalho árduo?

Temos, perante nós, um grande setor da lavoura evangélica…

Que o Supremo Pai nos auxilie a cumprir os deveres que nos cabem, de vez que nós outros somos por enquanto herdeiros de ásperas obrigações, por havermos aniquilado muitos direitos no passado mal vivido! Nossas esperanças permanecem floridas, árvores generosas do nosso pomar de ação espiritualizante começam a frutescer.

Entrelacemos nossos braços, no serviço que o Jardineiro Celeste abençoa, amparando-nos mutuamente, com sinceridade e carinho.


Todos nós conhecemos, de sobejo, a justiça pelo nível intelectual que já atingimos.

Nossa inteligência sobe ao alto, perquire os abismos e, por isso, percorre particularizadamente as noções da justiça humana.

Entretanto, só o amor cobre a multidão dos nossos erros, e precisamos desenvolver o sentimento na intimidade do próprio ser.


Com a lei antiga sabíamos defender o mundo.

Mas, com Jesus, com a Lei Nova, podemos salvá-lo.


E em verdade, meus amigos, nunca nos redimiremos sem entendermos fraternalmente uns aos outros.

Por amor à nossa tarefa, oro aqui, endereçando-me ao Senhor e aos vossos corações, com o meu espírito inundado de lágrimas — lágrimas de confiança em vossa cooperação — de júbilo com o vosso auxílio de sempre.

Permiti que este vosso servidor e amigo repita: Subamos mais! Sigamos montanha acima!

Olvidemos nossos desejos para que a vontade Superior nos domine.

Conduzamos nossa bandeira de luz do vale de nossas necessidades para a culminância da colaboração fiel com o Cristo.

E permanecei na certeza de que, no cimo do monte, Ele nos espera de braços abertos, cheios de amor e abnegação, reportando-se aos séculos passados para reafirmar aos nossos ouvidos: “Bem-aventurados os mansos de coração, porque eles herdarão a Terra!” (Mt 5:4)




Venâncio Café
Francisco Cândido Xavier


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Mateus 5:4

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

mt 5:4
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