Dádivas Espirituais

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Prefácio de Emmanuel

Recomendou-nos Jesus: “Quando fizerdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos; e estareis felizes porque não terão meios para vo-lo retribuir; porque isso vos será retribuído na ressurreição dos justos.” — (Lc 14:12).

E em verdade, a beneficência hoje é uma iniciativa mundial de socorro aos que trazem os estigmas da fome e do sofrimento físico. Jesus, porém, não se esqueceu dos que choram espoliados e infelizes. Foi Ele mesmo que incluiu no Sermão da Montanha a promessa aos desventurados: — “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.” — (Mt 5:4).

Entre os aflitos, no entanto, registramos sobretudo, os corações sensíveis que perderam entes queridos, que lhes deixaram o convívio pelos impositivos da transferência desses mesmos entes queridos, para a Vida Espiritual.

Cada mensagem dos comunicantes, assinalada neste volume, reconfortando os familiares que ficaram no mundo físico, equivale a valioso conjunto de refeições aos companheiros em penúria, que tantas vezes, contemplam inutilmente as vitrines de uma panificadora comum.

Este volume é especialmente dedicado aos irmãos que choram a ausência de seres amados que os precederam na Grande Mudança.

Pais desalentados; mães agoniadas pela saudade e pela dor; filhos desajustados pela falta dos genitores que os amavam e defendiam; jovens golpeados pela angústia, perante a ausência de criaturas queridas que os orientavam nos tumultos da existência; viúvas que sofrem a separação dos companheiros dignos que lhes tutelavam a vida e viúvos que se sentem lesados nos mais íntimos sentimentos com a saudade das companheiras que os deixaram a sós nas dificuldades e vicissitudes do estágio terrestre, encontrarão nestas páginas a consolação e a fé na 1mortalidade, capazes de lhes reconstruir a esperança e refazer as energias.

Agradeçamos a Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, as dádivas espirituais deste livro, e que Ele, Nosso Amado Companheiro, nos inspire e abençoe.



Uberaba, 12 de setembro de 1993.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

Primeira Mensagem

1ª MENSAGEM

Querida Jú, antes de tudo os nossos votos a Jesus pela nossa paz com a paz de todos.

Vendo você à minha espera, recordei um quadro de muito tempo atrás. Certa jovem era vista por mim sempre nas segundas quinzenas de cada mês, sempre atenta a distribuição de correspondências nos correios. Então, certo dia, intrigado com aquela coincidência, perguntei ao chefe em serviço se a moça era funcionária dos correios e ele me informou: “Não, ela não é nossa funcionária, mas em todos os meses, na segunda quinzena, ela vem até aqui esperar a carta de seu namorado.” Espero que você faça um belo sorriso com a enunciação desta lembrança minha, no entanto, quero valorizar e encarecer a sua fidelidade ao nosso noticiário.

Isso mesmo, se você não vier sinto falta. E precisamos sempre conversar porque namorados ficam felizes com qualquer assunto que se entretenha, desde que estejam juntos.

Querida Jú, estou seguindo as minudências e surpresas do nosso problema defensivo, no qual nos propomos ambos à salvaguardar um patrimônio de serviço que a Divina Providência nos confiou.

Você tem paciência para acionar multidões de pessoas irritadiças, no entanto, peço-lhe a paciência especial no caso do processo em curso ou dos processos em curso.

Muita calma e tolerância para que todas as implicações do assunto sejam consideradas com serenidade pelas autoridades competentes.

Em qualquer emergência, estaremos mais juntos para superar os calhaus com que alguém talvez nos forre o caminho. Esperança com trabalho é a ciência de chegar à vitória, a vitória real sobre quaisquer argumentos tendenciosos com que sejamos afrontados.

Esperamos que os dias nos sejam marcados para audiências ou entrevistas sem que venhamos a reclamá-las.

Estamos dentro dos resultados dos nossos melhores tempos de serviço e, por isso a nossa confiança em Deus não pode esmorecer.

Decerto proposições diversas serão apresentadas ao seu discernimento, no entanto, esteja você na certeza de que as melhores inspirações não lhe faltarão.

Estamos caminhando… passo firme sem precipitação e sem desânimo, com os olhos abertos para todos os ângulos da estrada.

Confiemos em Deus fazendo a nossa parte de colaboração no trabalho em que os nossos direitos são examinados.

Sei que os direitos na essência, em qualquer situação, pertencem a Deus, mas Deus nos empresta a palavra “direitos”, em vista do suor que ambos vertemos para conseguir pequena parte dos nossos melhores e mais belos ideais.

Querida, agradeço a você haver trazido a mãezinha Josefina para a nossa casa. Desse modo ela e você estarão mais tranquilas.

Desejando que você esteja usufruindo a saúde e a paz que tanto faz você por merecer, deixo-lhe aqui nesta folha de papel o maior abraço do seu esposo e companheiro, sempre o seu


Wilk

Wilk Ferreira de Souza


(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, no Grupo Espírita da Prece, em reunião pública do dia 21-09-1985, em Uberaba, Minas Gerais).


2ª MENSAGEM

Querida Jú. Deus nos abençoe e nos fortaleça.

Acompanho-a nestes dias de luta como em todos os outros dias, mas agora sigo-a com a vigilância que a situação está exigindo.

O homem é uma cabeça que pensa mas não adivinha; se eu soubesse a quantos obstáculos você estaria exposta sem a minha presença aí, não teria tomado o avião naquele dia que ficou marcado a vermelho em nosso calendário particular.

É muita complicação desnecessária que os meus próprios parentes criam para você e para o desenvolvimento de nossos serviços, entretanto, cremos em Deus e de Deus nos chegarão as providências justas.

Você me pergunta, na intimidade do coração, se estarei aprovando as suas atitudes e afirmo-lhe que sim, como sempre.

Quem cortou as mãos e calejou-as trabalhando na obra em que ambos sonhamos com a produção de benefícios para o próximo sofredor, sofrendo comigo os óbices de dificuldades dos alicerces de tudo o que, nós dois, com a bênção de Deus, chegamos a construir, não devia encontrar tantos empecilhos para manter a continuidade do trabalho que nos fala assim tão alto aos corações.

Estou de pleno acordo com as medidas que você precisa movimentar e peço a você dialogar com nosso advogado, dando a ele o meu próprio parecer. Não é possível que alguém a desloque de sua posição e esperamos que a justiça nos observe o esforço, de tantos anos, consolidado com tanto suor a benefício de todos.

Não tenho palavra de reclamação e sim de estranheza, diante daqueles que se propõem espoliá-la e detenho-me em prece rogando a Deus a proteja e nos proteja a fim de conseguirmos a paz de que carecemos para o prosseguimento das obras em nossas mãos.

Querida Eliza, minha querida Jú, não permita que o desalento lha barre a caminhada para diante e saibamos lutar, sem ofender aos que nos ofendem, e sim colocando cada companheiro de trabalho na posição que se lhe faz justa. Com Jesus, seguimos para a frente, e que Deus nos abençoe.

Em meios dos conflitos sem razão a que nos atiram, receba um beijo na testa e o coração reconhecido do esposo e companheiro de sempre que lhe consagra o invariável amor de todos os dias, sempre afetuosamente,


Wilk

Wilk Ferreira de Souza.


(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em 25-10-1985, em Uberaba, Minas Gerais).


Esclarecimentos


Wilk Ferreira de Souza

Desencarnado em 11-07-1982, de acidente aéreo.

Eliza (Jú) — Eliza de Faria Souza — esposa.

Josefina — sogra.

Agradecimento: Ao meu querido irmão, amigo e mestre Chico Xavier, a minha gratidão eterna por tudo que recebo de suas abençoadas mãos. Deus lhe pague.

Eliza

Os Editores


Wilk
Francisco Cândido Xavier

Terceira Mensagem

1ª MENSAGEM

Querido papai Laerte e querida mamãe-ê, peço-lhes me abençoem com a vovó, com o vô Humberto, com a tia Lisle e com o tio José Lúcio.

Mãezinha, estou bem. Não chore mais com tanta dor. A lágrima é nossa, mas a aflição e o desespero não moram em nossos corações.

Estou na escola e procuro aprender com atenção. Fico o dia inteiro nas atividades do educandário a que pertenço e à tarde volto para casa onde estou residindo com as minhas avós ou bisavós Carolina e Maria Hylda que me dizem estar na condição de minhas bisavós, mas são moças muito bonitas.

Creio que na Terra a pessoa envelhece e aqui, na 5ida Espiritual, a criatura retoma a mocidade. Digo isso para que compreendam minhas notícias.

Querido papai Laerte e querido vô Humberto, o que me aconteceu não foi provocado por pessoa alguma.

Eu estava com muita sede e vendo a piscina com tanta fartura de água, estirei-me na beira, na esperança de conseguir beber água com a minha própria boca. No esforço que fazia, o corpo pesou muito e caiu na água de ponta-cabeça. Queria gritar, mas não consegui.

Debati-me até que me apanhassem; no entanto, não conhecia mais ninguém. Uma senhora se aproximou de mim e falou-me em descanso.

Pensei que me achava em presença de gente nossa de casa e deixei-me conduzir pela senhora que me seguiu até os exames, e depois me disse que eu me molhara e precisava trocar de roupa.

Carregou-me com os cuidados semelhantes aos da vovó e conduziu-me à casa diferente da nossa.

Ali trocou-me de roupa, deu-me um remédio para aliviar o cansaço que eu sentia e então, sem poder falar como desejava, dormi um sono longo, cuja duração não consigo explicar.

Quando acordei, ela me disse que poderia chamá-la por vovó Carolina e apresentou-me a outra vó, cujo nome é Maria Hylda.

Mamãe-ê elas foram e continuam carinhosas e amigas para mim, embora não possam substituí-las, a você e à vovó.

Conversaram comigo e me esclareceram que a morte não existe. Existe mudança de corpo e de morada. Falavam com tanto amor que eu não podia reclamar coisa alguma, e me auxiliaram a ir ver a querida família em Brasília.

Sinto muito a impossibilidade de ficar em nosso recanto feliz, mas a vovó Carolina prometeu que eu poderia voltar mais vezes se aceitasse as Leis de Deus com paciência e coragem. Paciência para suportar a separação sem revolta e coragem para estudar e decidir-me a crescer para o bem.

Estou escrevendo quase depressa porque a mão direita da vovó Carolina está sobre a minha mão, auxiliando-me a enviar-lhes notícias minhas.

Mãezinha, perdoe-me, você e meu pai, se fui imprudente querendo absorver a água da piscina de maneira inadequada. Não pensei que ia cair. Aprendera a ser forte e confiante.

Agora minhas avós obtiveram matrícula num instituto para meninos de minha idade. Estou a esforçar-me para ganhar pontos que me habilitem a seguir para a frente.

Ainda não sei se estou falando com vaidade, mas a vovó Carolina me afirma que estou melhor no aproveitamento da sala o que do Raphael que conta seis anos. Será que estou bem assim? Brevemente espero saber.

Sinto muitas saudades de meus avós, de você, do papai Laerte e dos meus irmãos. E saudade é uma dor para a qual aqui não encontro remédio.

A vovó Carolina me diz que a Rayana está crescendo muito viva e muito bonita. Essas notícias me alegram.

Mamãe-ê conservo os meus cabelos no mesmo estilo a que você me habituou. O corte do cabelo é todo franjado. Se você pudesse me ver, confirmaria o que digo.

Aqui temos tudo de bom para passear ou brincar com segurança, mas eu queria estar em Brasília. Ao mesmo tempo, com o entusiasmo de minhas avós sobre os estudos, tenho a esperança de me desenvolver a fim de ser-lhes útil. O vovô Humberto que estimava tanto o nosso amor aos livros saberá me compreender.

Queridos pais, não posso escrever mais. A vovó Carolina me informa que já escrevi o necessário.

Soube que vou receber a visita de vários parentes nossos. E espero dar-lhes, em breve, minhas novas notícias.

Um beijo para Rayana e um abraço para o Raphael, com muitas saudades de todos, e ainda inseguro para escrever sem a mão protetora de minha avó.

Vou terminar com lembranças para todos os nossos presentes e ausentes.

Papai Laerte e mamãe-ê recebam com os meus queridos avós as saudades e o carinho invariável do filho que lhes será sempre agradecido,

Renato

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 17-12-1988, em Uberaba, Minas Gerais).


Esclarecimentos


Renato Lucena Nóbrega

Nascido em Brasília, DF, a 09/04/1985. Desencarnado em Brasília, aos 2 anos de idade.

Pais: Laerte Nóbrega e Iraê Nóbrega — FQN 112, Bloco C, Apto. 103 — CEP. 70765-030 — Brasília — DF.

Avô materno: Humberto Lucena

Tia: Lisle Lucena

Avó materna: Ruth Maria

Amigo da família: José Lúcio

Tataravó materna: Carolina

Bisavó paterna: Maria Hylda

Irmão: Raphael Nóbrega

Irmã: Rayana Nóbrega


2ª MENSAGEM

Querido papai Laerte e querida mãezinha Iraê, com todos os nossos.

Dois anos marcarão amanhã a nossa ausência e estou muito agradecido ao carinho com que a família me recorda.

Mamãe-ê, estou muito melhor, mas a vovó Carolina coloca a mão direita sobre a minha mão para que consiga escrever com segurança. Diz ela que estaria grafando palavras diante de público numeroso e precisava de auxílio para dar notícias sem erros, tanto quanto possível.

Ela, a vovó Carolina, e a vovó Maria Hylda, com as quais tenho residência, me explicam que tenho melhorado nos exercícios da escola e creio, mãezinha, que estou quase na frente do Raphael, porque na idade, ele está na frente de mim. Digo isso com alegria, porque o vovô Humberto sempre me dizia que necessitava de mais dedicação ao abecedário.

Estou feliz porque não me esqueço de nossa família e vejo que não sou esquecido por ela. Não sei porque, mas a gente gosta muito de ser lembrado por aqueles que amamos e com isso, nosso amor a todos os nossos familiares é uma luz aumentando no coração.

Quero dizer à tia Lisle que estou escrevendo com atenção. Há dias, na escola, quando a professora mandou que fizéssemos uma frase por nós mesmos, escrevi assim: — Amo muito a mamãe, a vovó Ruth e a querida tia Lisle.

A professora leu as minhas palavras em voz alta e falou: — Renato, você nesta frase colocou a sua preferência no papel. — Por quê? Perguntei. Ela explicou que eu havia escrito o vocábulo “querida” para a tia Lisle.

Achei graça, mas quero dizer a você e à vovó Ruth, que não tenho pouco amor às duas e sim muito amor a todas três, como estou ligado pelo coração aos meus irmãos Raphael e Rayana. Aos meus avós e tios, todos estão reunidos em minhas lembranças.

Mamãe-ê, as saudades não terminam. No entanto, a minha fé em Deus tem aumentado. Não sei se já lhe disse que minhas avós Carolina e Maria Hylda são professoras e zelam muito por minha paz.

Penso que vou crescer muito depressa e se eu pudesse enviaria a você e ao papai os meus retratos novos. Fico aflito por fazer isso, mas a vovó Carolina esclarece que terei o tempo e a oportunidade para realizar o meu desejo.

Aqui tudo é bonito demais para que eu saiba descrever alguma coisa. Apesar disso, as saudades de vocês estão sempre comigo, de você, do papai e de meus irmãos.

A querida mãezinha se lembrará do meu desejo de levar todos os nossos nos passeios que fazíamos, para ver o grande lago em Brasília.

Pois aqui, a beleza é maior. Às vezes, quero exceder-me na demora, em certos lugares, mas sinto falta do Raphael e da Rayana, e isso me faz desistir de muitas excursões.

Quando falo que a tia Lisle gostaria de ver as árvores balançando ao vento, a vovó Carolina me avisa para não fazer saudades na tia, porque ela deve se demorar na Terra e eu não devo ficar falando como quem está chamando por ela. A verdade, mãezinha, é que as minhas avós têm razão porque tudo deve ter o momento de Deus marcando as ocasiões.

Tenho visto muita gente que eu não conhecia e sou estimado por eles. Muitos falam que eram meus amigos, antes que eu nascesse em nosso querido lar, mas eu ainda não compreendo o que desejam dizer.

Quando isso acontece, a vovó Carolina me apressa em mudar de assunto e creio que ela não me vê numa compreensão bastante clara das questões e das coisas. Entendo que isso deve ser assim e aprendi a não ficar perguntando.

Agradeço ao papai Laerte a atenção que deu as palavras que escrevi e digo a ele que já me esqueci da piscina. Hoje, eu não mais me deitaria no chão para beber água. As avós me ensinam muitas lições de vida que, às vezes, fico a refletir como não pensava nesses ensinamentos.

Envio ao vovô Humberto e à vovó Ruth Maria, muitos agradecimentos e saudades. O que a nossa família quiser fazer para enfeitar o meu segundo aniversário, pode fazer porque o mais lindo em tudo o que se faz, vem da oração. Parece, mãezinha, que a prece de uma pessoa é igual ao perfume da flor que exala o aroma da fé e da bondade, quando pensa em Deus.

Muitas lembranças a todos. Diz à vovó Carolina, que no ano futuro escreverei melhor do que agora. Um abraço ao Raphael e à Rayana.

Para você e para meu pai, com todos os nossos, um beijo muito respeitoso do filho que lhes deve tanto amor,

Renato.

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 26-08-1989, em Uberaba, Minas Gerais).


Esclarecimento


Bisavó materna: Ruth Heusi


3ª MENSAGEM

Minha querida mãezinha Iraê e meu querido papai Laerte.

Meus votos de paz e saúde, bom ânimo e alegria aos queridos pais, aos meus irmãos Raphael e Rayana, e a todos os familiares. Venho trazer-lhes o meu coração e peço permissão à mãezinha para pedir a bênção da tia Lisle, também presente.

Mãezinha, com papai, não se agastem quando alguma dificuldade apareça.

A vovó Carolina, que coloca a mão dela sobre a minha mão para que eu lhes escreva esta carta, diz que a dificuldade e as reações negativas, que tantas vezes surgem com ela são estudos enviados a nós pelos mentores da vida superior, à feição de testes em nosso benefício.

Muitas vezes elas são exercícios, igualmente nossos na vivência da Terra; não são fracassos para nós e sim experiências de que necessitamos.

Existem notas na 5ida Espiritual para as pessoas que estão no mundo físico e as notas dessa natureza são sempre rigorosas. A criatura perde, sem saber que perdeu o melhor para ela, na multidão das provas, que se fossem aceitas representaria o prêmio espiritual que as faria felizes. O que digo vem das lições que minha avó Carolina me faz saber, sobretudo mostrando-me que na paciência e na humildade de nós para com os outros, cria a compensação que desejaríamos, em forma de felicidade e paz.

Para mim, aqui onde estou, são verdadeiros problemas, no entanto, minha avó Carolina me faz crer que estou errado e que as notas que obtenho na escola são apoio benigno para o futuro. Estou dizendo isso, querida mãezinha Iraê, para dizer-lhe quanto devemos, nós os seus filhos, à sua bondade e tolerância, de vez que a sua dedicação, da vovó Ruth e da Tia Lisle, aí no mundo sempre nos auxiliaram a fazer o melhor ao nosso alcance; e aqui a vó Carolina e a vó Maria Hylda sempre nos ensinam aquilo que devemos aprender com calma e carinho para que saibamos fazer o bem, no que ambas já se fazem professoras.

Tenho acompanhado o Raphael nos estudos e a vovó Carolina afirma que estou mais adiantado do que ele. Não acredito que minha vó fale isso somente para me estimular, no entanto fico feliz ouvindo dela palavras tão animadoras, mas penso que isso é também um teste para que eu aprenda humildade e desista de esperar que eu esteja em melhores condições, reconhecendo que muitos colegas, considerados anônimos, estão com vantagens e notas que ainda não mereço.

Nossa vida aqui transcorre em paz e vejo que isso acontece porque muitos de meus companheiros aqui, em vão, fazem o possível para estarem tranquilos; muitos deles sofrem com a irritação e outras provas; vendo isso, a gente pode medir o que fazem os meus entes queridos em nosso favor e compreendemos quanto nos cabe fazer para auxiliá-los na solução dos problemas de uns para com os outros.

Mãezinha Iraê e papai Laerte, posso afirmar que estou sempre muito alegre ao vê-los contentes. Sabemos que a nossa felicidade é ver com saúde todos aqueles, junto dos quais Deus nos colocou. Quero dizer que também gosto muito da tia Lisle, junto daquele que chamarei por tio Itamar e que estarei feliz, se Jesus permitir, que eles dois se unam em casamento. Já falei nisso até em meus exercícios da escola.

Mãezinha, desejo contar-lhe que a Carla veio novamente visitar-nos; falou-nos ainda que a mãezinha dela continua aflita e que a irmãzinha dela ainda se acha no tratamento especializado. Perguntei à vó Carolina por que acontecem acidentes, e ela me explicou que acontecem por serem reajustes de nossos Espíritos perante as vidas passadas, e acrescentou que mais tarde eu entenderei isso de maneira melhor.

Vó Carolina referiu-se à nossa Camila, que nos é tão querida, já que ela estava conosco. A pedido de vó Carolina ela afirmou que em casa, na Terra, a família dela está sofrendo muito com o filho que abandonou os próprios deveres e aceitou a intimidade com amigos que o prejudicam e lhe furtam a paz.

Papai Laerte e mãezinha Iraê, perdoem-me se estou escrevendo sobre assuntos caseiros, entretanto diz minha vó Carolina que isso é permitido para que possamos alertar os pais na Terra, de modo que os filhos pequeninos cedo recebam recursos de educação, a fim de que não percam a boa consciência e a alegria de viver. Diz ela que as companhias podem levar a grandes perigos contra nós mesmos.

Peço à mãezinha, ao papai Laerte e à tia Lisle me desculpem por haver apresentado aqui tantos assuntos domésticos.

Mãezinha, envio muitas lembranças para o Raphael e Rayana, irmãos que não me saem da memória. Votos de paz e felicidade para toda nossa família, com um beijão nas mãos do avô Lucena.

Realmente a saudade é uma dor muito grande, mas não podemos perder a resignação e a esperança.

Aos pais queridos e à querida tia Lisle, muito amor e gratidão do filho, neto e sobrinho que não os esquece,

Renato.

Renato Lucena Nóbrega.


(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 02.06.1990, em Uberaba, Minas Gerais).


Esclarecimentos


Prima: Carla (desencarnada a 26/02/1986 em acidente automobilístico).

Camila: Pessoa desencarnada, até então desconhecida pela família na Terra.


Os Editores


Renato
Francisco Cândido Xavier

Quarta Mensagem

1ª MENSAGEM

Queridos pais, abençoem-me.

Não fazia ideia fosse tão cedo o momento que está nascendo para as nossas alegrias do reencontro, através de notícias. Conservava a certeza de que tudo isso nos seria possível, ante a fé que sempre nos inspirou em nossas conversações em casa, e as nossas preces em conjunto. O reconforto de saber que a morte se reduz a uma ilusão natural da vida!… Nossos diálogos, acerca de união e paz, com a necessidade de trabalhar em benefício dos outros. A nossa comunhão de pensamentos no ambiente amparado pela irmã Francisca. Todos esses fatores determinaram aquele estado de equilíbrio, à frente da desencarnação iminente.

Dias antes, compreendi, por intuição que o meu tempo estava a esgotar-se. Antes de abril, tive um sonho profético. Vi-me na despedida de casa, ausentando-me para uma festa. A princípio tudo nebuloso, mas com clareza bastante para que eu entendesse. Não me entristeci, mas, sentia-me instintivamente na obrigação de me preparar como se estivesse intimado, no íntimo, a fazer uma excursão com ausência de tempo indeterminado. Amanheci com a certeza de que o assunto seria questão de alguns dias. Pensei na querida noiva, e no Mário Sérgio, sem coragem de cientificá-los do acontecido. Por dentro de mim, algo se desligara sem que me fosse possível retornar à alegria de aguardar os acontecimentos futuros cuja realização acalentava…

Tive a ideia de que um decreto das Forças Divinas baixara sobre mim, avisando-me quanto à necessidade de me voltar em prece para a Verdade que, no mundo físico, não é tão fácil de aceitar. Recordo-me de que me entendi com o papai a respeito. Ele me ouvia admirado, muito embora me respeitasse o modo de ser.

Estava eu, em outras ocasiões, sempre de antenas inclinadas para as paisagens do Espírito. Atribuímos esse meu estado característico, à mediunidade por desabrochar, no entanto, por mim próprio, conquanto amasse aos meus com extrema devoção afetiva, trazia um selo vivo na memória, uma espécie de lembrete permanente, obrigando-me a refletir na 5ida Espiritual, acima de todos os interesses da vida física. A noiva, namorada da alma, companheira dos sonhos falava do porvir, em que nós ambos patrocinaríamos a formação de uma família feliz. Ouvia e concordava, quase a me sentir na condição de um irmão que escuta a irmã nos planos que a maioria dos jovens alimenta, quanto às relações do tempo que a gente mentaliza como sendo a concretização de tudo o que mais se deseja.

Os dias se encarregaram de acentuar os meus vaticínios imanifestos. Reconhecia-me forte num corpo sempre menos ágil, até o que o 21 de Abril, tão marcado em nossa felicidade familiar, me desvendou com a realidade tudo aquilo que, em mim, não passava de impressão dominante.

Compreendi que o sono terminal era diferente dos outros. Uma espécie de desmaio gradativo, no qual me distanciava de tudo o que mantinha na conta de mim mesmo. Uma estranha noção de dever cumprido, de tempo rematado, me possuía por dentro e entreguei-me àquela sensação de repouso total que me exonerava da obrigação de continuar… Tudo isso, porém, ocorria espontaneamente, sem que a minha vontade partilhasse dessa ou daquela decisão. Do que me sucedeu durante aquele afastamento compulsório, nada guardei de memória; mantinha a certeza de que seguiria para diante sem o corpo enfraquecido para não voltar, senão em Espírito, e foi exatamente o que aconteceu.

Despertei num aposento varado de ar puro e respirei aliviado… Queria sorver aquele oxigênio bendito, à maneira do sedento que aguarda água pura, durante muitos dias. Estava calmo e confiante. Nossos entendimentos em torno dos ensinamentos de Jesus me infundiam uma serenidade que eu próprio me admirava, porquanto, registrei sem qualquer apelo exterior, a convicção de que atravessara a grande barreira…

Condensei todas as minhas ideias na oração e pedi ao Eterno Amigo Jesus Cristo não me permitisse qualquer perturbação em meio a paz que me rodeava. Chorei. A saudade dos pais, da companheirinha que me esperava e do irmão amigo que apareceu em meu coração, impelindo-me ao desejo de revê-los. Uma saudade profunda, mas sem aflição, uma dor sem sofrimento localizável a constranger-me aos meus dias mais íntimos, sem qualquer sombra de revolta.

Habituara-me à ideia de que regressaria mais cedo do que se supunha ao nosso lar de origem, e, por isso, a fé me escorava as emoções. Fitava-me conversando sem frases articuladas; através daquela telepatia de alma para alma, não tive qualquer vacilação; achava-me em casa, na outra casa que afinal acreditava sempre fosse a nossa.

Emocionado, observei que não morrera. Estava de regresso ao Lar Verdadeiro. Minha avó me aprovou com um gesto afirmativo e em seguida acrescentou: — Luiz Ricardo, você tem saudades dos pais queridos, mas também nós sentimos saudades de você. Não se entristeça por ter vindo. A sua tarefa foi executada com amor. Seu pai e meu filho e a nossa querida Maria José ficaram reunidos num só coração e Deus os abençoará hoje e sempre…

Aquelas expressões tão claras de minha avó como que me consolidaram as lembranças mais vivas do pouso terrestre que havia deixado para trás… Eram aquelas observações tão carregadas de amor que não assinalei qualquer inclinação à rebeldia diante do inevitável. Agradeci à vovó mais com silêncio do que com palavras, porque as lágrimas me subiam do coração para a face como que a me obstruírem a garganta.

Lágrimas benditas de alegria pela obrigação executada, de mistura com a tristeza de me haver ausentado dos corações a que me via ligado para sempre. Desde então, querido papai Lourival estou mais encorajado ao vê-lo integrado com a mãezinha Maria José nos processos de vivência em comum e no trabalho espiritual que lhe cabe.

Peço-lhe perdão por meus diálogos às vezes demasiado fortes, para buscá-lo ao prosseguimento de suas tarefas. Compreendo que muitas vezes, eu lhe falava qual se fosse o pai e não o filho que sempre lhe consagrou e consagra imenso amor; estou ciente que a vovó Maria Maffei me empolgava os sentimentos compelindo a convidar lhe o coração para alçar-se a mais amplos raciocínios, acerca do serviço espiritual em que estamos todos comprometidos. Sei, porém, que sua sensibilidade paterna sempre me aceitou a argumentação de quase menino e sou grato ao carinho com que sempre me recebeu as ponderações e lembranças…

Sou igualmente reconhecido à mamãezinha que teria dado a própria vida para que eu continuasse vivendo no Plano Físico. Agora, noto que a paz se fez para nós e que não mais haverá motivo a qualquer desentendimento. Vinte e sete anos de amor nos reconstruíram os alicerces da felicidade. E sem qualquer propósito de descanso improdutivo ou desnecessário, venho recuperando as minhas próprias forças a fim de lhes ser útil e trabalhar de algum modo, no campo do bem, onde há serviço para todos os corações de boa vontade que se vinculem à fé em Deus Nosso Senhor.

Espero que estejamos todos libertos da discórdia aparente que parecia separar-nos quando pelos laços do corações estávamos sempre juntos e prometo-lhes a minha própria melhora a fim de retornar às tarefas especialmente com vocês dois na vanguarda de meus ideais.

Envio ao Mário Sergio, e à companheira de minhas esperanças as minhas vibrações mais puras de carinho fraternal, e terminando este relatório familiar, sem esquecer-me da vovó Áurea que me oferta todo um jardim de bondade e ternura, peço ao papai e mãezinha receberem o carinho imenso emoldurado de saudades e preces pela felicidade dos pais queridos e meus melhores amigos, do filho e companheiro de ideal e serviço que insiste em continuar a pertencer-lhes com a bênção de Deus, com todo o coração sempre mais agradecido,

Luiz Ricardo

Luiz Ricardo Maffei.


(Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, a 07-07-1983, em Uberaba, MG.)


Esclarecimentos


Luiz Ricardo Maffei, engenheiro eletrotécnico.

Nascimento: 24/02/1957 — Sorocaba — SP.

Desencarnação: 21/4/1983, de lupus agudo.

Sua mensagem de 26/9/1985 foi publicada no livro , de F. C. Xavier e Espíritos Diversos. CEU, S. Paulo, SP.)

Pais:

Maria José Neves Maffei e Lourival Maffei

Rua Francisco Ferreira Leão, 268, Fone 222497, Cep. 18040-330 — Sorocaba — SP.

Irmão — Mário Sérgio Maffei

Irmã Francisca — mentora do Centro Espírita do mesmo nome.

Vovó Áurea — Avó materna de Maria José.

21 de Abril — data do desencarne de Luiz Ricardo, coincidindo com os 27 anos da união matrimonial de seus pais, 10 anos que ambos haviam se tornado espíritas…


2ª MENSAGEM

Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José, recebam os meus melhores pensamentos de carinho e gratidão.

Continuo melhorando e rendo graças a Jesus pelas tarefas espirituais que venho abraçando sob a direção de nossa querida Mentora Irmã Francisca. Deste lado da vida, noto que é mais fácil lidar com a mediunidade, muito embora o trabalho espiritual não seja menor.

Agradeço-lhes quanto fazem a meu favor dedicando-me tantas vibrações de paz e compreensão, com as quais vou entretecendo o agasalho de paz e esperança que atualmente envergo por sinal de renovação.

Tenho todos em minha lembrança. O irmão querido e a nobre menina com quem sonhei a construção de um lar estão em minha memória e peço aos Mensageiros do Senhor os abençoem e façam com que sejam sempre mais felizes. As preces da vovó Áurea muito me auxiliam.

Queridos pais, guardem, como sempre o coração do filho de todos os dias.

Grato,

Luiz Ricardo Maffei.

(Mensagem recebida pelo Médium Chico Xavier no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, Peirópolis, Município de Uberaba, Minas Gerais, no dia 26-07-1984.)


3ª MENSAGEM

Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José. Aqui é a confirmação de minha presença constante, tanto quanto possível, junto de minhas tarefas.

Comunico ao papai que a sua mediunidade está OK. Tudo certo! Estou mesmo compartilhando das atividades culturais de meu grupo de estudiosos de grego e do aramaico, a fim de descobrirmos o sentido de muitas das palavras pronunciadas por Jesus e que constam dos Evangelhos — convidando-nos à análise mais profunda dos Textos para o proveito de nossos raciocínios, com vistas a estudiosos que se preparam ante o regresso à Vida Física, na execução de trabalho esquematizado para o milênio vindouro. Tenho encontrado um lenitivo ideal para o coração ainda saudoso do lar, do mano Mário Sérgio, dos pais queridos e dos amigos fiéis que ficaram. Creiam os pais e amigos que não estou num serviço árido porque a nossa abnegada Irmã Francisca nos traça abençoado roteiro de ação nas obras de assistência, e desse modo, instruímo-nos e trabalhamos.

Por aqui, as disciplinas são mais suaves porque não há constrangimento externo para nós. A obediência às agendas de realização seguem de acordo com a nossa própria vontade de conhecer e isso, numa equipe em que todos pensam na mesma faixa de vibrações se constitui num encargo agradável e produtivo.

Agradeço a compreensão e a paciência com que os pais queridos me aceitaram a mudança compulsória. A verdade é que ninguém morre, quanto a desaparecer. Somos simplesmente remanejados, conforme as nossas tendências, para as obras que sintonizem com a nossa vocação.

(…) Com as minhas maiores reservas de carinho aos meus que deixei no Plano Físico, peço-lhes receber o abraço de muito amor e de muita gratidão do filho reconhecido,

Luiz Ricardo.

Luiz Ricardo Maffei


(Uberaba, 13 de dezembro de 1984.)


4ª MENSAGEM

Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José, peço-lhes, como sempre, me abençoarem.

Estou presente, seguindo-lhes a emoção, com que se lembram o primeiro aniversário do Lar Oficina que recorda um trabalho pouco registrado pelos cristãos de hoje.

Através de perquirições que venho efetuando em companhia de amigos, fiquei conhecendo a organização dos primeiros lares do Cristianismo Primitivo, que se transformavam em celeiros de recursos para os remanescentes das vítimas das grandes perseguições. Durante quase trezentos anos os seguidores de Jesus complementavam os seus cultos do Evangelho, com o trabalho manual na confecção de agasalhos para as viúvas e para as crianças que ficavam, após o sacrifício em massa dos companheiros o ensinamento do Cristo, sentenciados sem culpa por haverem abraçado a nova fé.

Em verdade, hoje não temos feras nem espetáculos de arena, em que o sangue dos mártires jorrava em profusão, mas temos as feras da necessidade e do desequilíbrio gerando a violência e recordando os tempos de barbarismo em que os perseguidores do Cristo incentivavam a separação e o sofrimento para quantos não estivessem unidos ao poder.

Tenho visto quadros magníficos do passado, nos quais moradias pobres se transfiguravam em refúgios para os familiares desvalidos de quantos tombavam nas grandes exibições, pela força de éditos desumanos que decretavam a morte para milhares de homens de bem. Essas demonstrações me enternecem e por isso creio que todas as casas ligadas ao nome de Jesus deveriam possuir o seu próprio recanto de trabalho para vestir os nus e alimentar os infelizes.

Nunca me detive com tanto amor e veneração sobre o trabalho dos primeiros cristãos abandonados à própria sorte, e fitando o progresso de agora, medito no preço de sangue e lágrimas que todos os serviços de beneficência devem ao heroísmo dos pioneiros da prática do bem.

Mãezinha Maria José e papai Lourival, perdoem-me a digressão, mas na 5ida Espiritual faço as minhas confrontações e considero por bênção de Deus toda a tarefa que procure socorrer os desajustados. Aliás, não se pode esquecer a palavra do Cristo de Deus “a todo bem que fizerdes a algum desses pequeninos do mundo, é a mim que fizestes”. (Mt 25:40)

O estudo não me faz esquecido de meus deveres familiares e envio o meu abraço ao mano Mário Sérgio, com lembranças à menina de coração iluminado de quem estive tão próximo e que passou a viver em minhas melhores recordações.

Papai Lourival e mãezinha Maria José, recebam os melhores pensamentos, marcados de muita saudade e muito amor do filho reconhecido de sempre,

Luiz Ricardo Maffei.

(Uberaba, 6 de junho de 1985.)


Esclarecimento


Lar Oficina Augusto Cézar — Instituição espírita na cidade de São Paulo, de caráter beneficente. Fundada em 05 de junho de 1984, por Dona Yolanda Cézar, mãe de Augusto Cézar, jovem desencarnado com 25 anos, em 27/02/1968, em São Paulo.


5ª MENSAGEM

Querido Papai Lourival e querida mãezinha Maria José, em pensamento coloco o nosso Mário Sérgio na roda de nossas lembranças. Estou presente, agradecendo as lembranças do aniversário.

Recebi todas as vibrações de amor que me foram endereçadas. Felicito a mãezinha Maria José e ao irmão Mário Sérgio pelas datas inesquecíveis (aniversários).

Correntemente, o coração daqueles que vivem no Plano Espiritual pode ir até muito longe, mas não tanto que a saudade desapareça.

A saudade é uma fome da alma, buscando a companhia daqueles de cujos fluidos vitais se nutre, a fim de seguir adiante com a segurança possível.

Trago as minhas saudações à mãezinha e ao irmão e desejo para ambos o clima da felicidade e da paz, que ambiciono para mim mesmo. Dizendo isso, quererei esclarecer, talvez, que não tenho paz? Não é bem isso. Tenho a tranquilidade da consciência limpa, o que, por si, já representa um tesouro, mas anseio a plenitude da comunhão com as forças da vida, comunhão da qual ainda me sinto distante.

É por isso, meu pai, que a minha procura de conhecimento das estâncias passadas é a procura de mim mesmo.

Sinto no cérebro aquela febre de saber que a Terra não tem notícias. Um homem, por exemplo, se diploma em deter minado setor da vida, e se acha, ou está, pronto para o exercício da profissão que lhe diga respeito. Entretanto, para muitos de nós aqui, na 5ida Maior, a ansiedade de penetração no passado é um trabalho árduo, a fim de conhecer-nos melhor, para o nosso próprio proveito.

Creio que devassar o pretérito será reencontrar-nos, tais quais éramos para saber tais quais somos.

Muitos aqui estão satisfeitos naquilo que alcançaram e não almejam senão a continuidade ou, mais propriamente, a estagnação nos marcos evolutivos que lhes assinalam a parada.

Alguns porém, e entre esses alguns me incluo, em não se contentarem com o que atingiram, querem saber por onde passaram, de modo a se complementarem como desejam.

Meu pai possui anseios iguais aos meus e é por isso que insisto em recordar, para reaver o que seja possível de nós próprios que ficou na retaguarda, esperando a nossa capacidade de consertar o errado e abastecermos do que é certo.

Meu pai Lourival, a estrada é esta mesma que nos foi concedida percorrer. À maneira do viajante no automóvel que, procura as imagens que ficaram no retrovisor da vida, por certo, também nós buscaremos quanto ao que nos bate em mudanças. Em suma, temos sede de aprimoramento e isso nos obriga a buscar-nos, onde estivermos para situar-nos no lugar em que seremos, ou que desejamos ser.

Ainda agora, nos tempos que sentimos, fiz algumas incursões nas Ilhas Britânicas para observar o que teriam elas para nos doarem, no entanto, num sono hipnótico provocado por mim mesmo, caí na corte de .

Fui como que “atraído” por sua perversidade singular. Foram dias que me vi com todas as características de todos os que nascem nas margens do Avon. Conheci de perto o monarca. Não foi pouco tudo aquilo que presenciei.

Rememorar, sinto até medo em exprimir-me com referência a esses dias. Acrescento até que desejaria não ter visto coisa alguma. Porém necessário se fez e se faz, conforme já disse antes. Com temor assisti a decapitação de Ana Bolena.

Fala-se hoje em violência, na defesa das esposas mortas. Porém tudo é muito pouco em relação à realidade vivida no clima de intenso terror dessa época, e da qual somos frutos.

E lá estando, senti-me possuído de um misto de sentimentos que não sei definir. Só esmoreci, restituindo-me a tranquilidade quando vi o exemplo da rainha Maria Stuart.

Sim, vi o exemplo de Maria Stuart em sua moradia da Escócia, quando, a soberana católica, por amor à união de seu povo que não devia se desagregar, entregou a cabeça ao machado do carrasco que lhe arrasou o corpo e a vida.

Porque tudo isto aconteceu, ainda não sei. Penso que estaremos, alguns membros de nossa família, e eu mesmo, ligados à existência da rainha sacrificada.

Desde essa hora terrível que a vi doando o próprio sangue sem reação, por dedicação aos outros, o choque me fez acordar da hipnose a que confiara.

O que sei, meu pai, é que prosseguirei nas minhas investigações, mas sabendo que os grandes vultos da história, com exceções, é claro, não escaparam à criminalidade, à ambição, à guerra por injustiças, ao ódio de família e de raça, e aos piores sentimentos que infelicitam a Humanidade.

Hoje, paro por aqui, mas voltarei. Quero estudar, perquirir, redescobrir e informar-me. Já que falamos em aniversários, creio que somos suficientemente antigos no tempo porque observo que estamos todos ligados uns aos outros, nestes tempos de crueldade e pavor.

Bem, já escrevi ou tentei escrever bastante. Agora é fazer pausa para refletir.

Pai Lourival, muito grato por ter o mesmo gosto pelas pesquisas da História. Mãezinha Maria José, abençoe-me e abrace meu irmão por mim.

Papai Lourival, receba o grande abraço de seu filho, seu amigo de sempre,

Luiz Ricardo Maffei (Lu).

(Uberaba, Minas, 26/02/1986.)


Esclarecimentos


Notas de Lourival Maffei:

1 — Datas de aniversário: 24/2, de Luiz Ricardo; 22/2, de Maria José; e 7/2, de Mário Sérgio.

2 — Henrique VIII (1491-1547), o “barba azul”, mandou executar esposas sob o pretexto de não lhe darem filhos.

3 — Avon — Histórico rio inglês. Em suas margens, na cidade de Stratford, nasceu o célebre Shakespeare (1564-1616).

4 — Ana Bolena — Esposa de Henrique VIII.

5 — Rainha Maria Stuart — Rainha da Escócia, acusada falsamente de traição, foi executada em 1587, a mando de sua prima Rainha Elizabeth, da Inglaterra, descendente de Henrique VIII.


6ª MENSAGEM

Meu querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José.

Com o pensamento em Jesus a rogar-lhe conceder à mãezinha amanhã um feliz aniversário e abençoar com muita felicidade esta data feliz.

Papai, conquanto o meu apaixonado apego às pesquisas do passado, um fenômeno se interpôs, há semanas, entre meu hobby e a realidade, impelindo-me a uma pausa em minhas investigações.

Serei tão sucinto quanto possível, na exposição do caso. O senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu encontrei um deles na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a família que deixou no Rio, cujas ideias abertas e francas me faziam meditar.

Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas, chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas.

A companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa.

Muitas vezes, lembrando os nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e até pragas das mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo, mencionadas.

Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço, notando-lhe as boas qualidades que se misturavam às más, aconselhou-lhe um tratamento com análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho.

Tratava-se de um aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da reencarnação.

Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas.

Durante dois dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João 6, no Brasil.

Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e alimentação conveniente. Estuprava jovens servidoras da casa real sem compaixão e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do Rio Paraíba…

Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso, e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra ele, Espíritos infelizes ainda fixados no mal.

Ele, Joaquim, vem fazendo o possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou.


Tenho pensado tanto no assunto que voltarei às minhas digressões na História com muito cuidado e com muito espírito de compreensão, que ainda preciso consolidar.

Do que for acontecendo lhe trarei notícias. Porém, amanhã é o aniversário da mamãe e não quero embarafustar-me em notícias inquietantes. Jesus faça a mãezinha Maria José muito feliz, como sempre, ao seu lado.

Recebam os pais queridos, com meu irmão Mário Sérgio, um abraço muito afetuoso no qual as saudades dominam, e queiram sempre bem ao filho que lhes dedica imenso amor.


Luiz Ricardo Maffei.

(Uberaba, Minas Gerais, 21/02/1987.)

Os Editores


[ - s. m. O passado, o tempo que já passou. Lat. praeteritus de praeterire. É um adjetivo usado substantivamente. - s. f. Escrita, escritura, modo de escrever. Gr. graphein. Ou seja, assim como podemos dizer “Aparelho de Radiografia”, da mesma forma diz-se: “Aparelho de Preterografia” embora a radiografia e a preterografia sejam um processo.]



Luiz Ricardo n
Francisco Cândido Xavier

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Lucas 14:12

E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.

lc 14:12
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Mateus 5:4

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

mt 5:4
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Mateus 25:40

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

mt 25:40
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