Dádivas Espirituais
Versão para cópiaQuarta Mensagem
1ª MENSAGEM
Queridos pais, abençoem-me.
Não fazia ideia fosse tão cedo o momento que está nascendo para as nossas alegrias do reencontro, através de notícias. Conservava a certeza de que tudo isso nos seria possível, ante a fé que sempre nos inspirou em nossas conversações em casa, e as nossas preces em conjunto. O reconforto de saber que a morte se reduz a uma ilusão natural da vida!… Nossos diálogos, acerca de união e paz, com a necessidade de trabalhar em benefício dos outros. A nossa comunhão de pensamentos no ambiente amparado pela irmã Francisca. Todos esses fatores determinaram aquele estado de equilíbrio, à frente da desencarnação iminente.
Dias antes, compreendi, por intuição que o meu tempo estava a esgotar-se. Antes de abril, tive um sonho profético. Vi-me na despedida de casa, ausentando-me para uma festa. A princípio tudo nebuloso, mas com clareza bastante para que eu entendesse. Não me entristeci, mas, sentia-me instintivamente na obrigação de me preparar como se estivesse intimado, no íntimo, a fazer uma excursão com ausência de tempo indeterminado. Amanheci com a certeza de que o assunto seria questão de alguns dias. Pensei na querida noiva, e no Mário Sérgio, sem coragem de cientificá-los do acontecido. Por dentro de mim, algo se desligara sem que me fosse possível retornar à alegria de aguardar os acontecimentos futuros cuja realização acalentava…
Tive a ideia de que um decreto das Forças Divinas baixara sobre mim, avisando-me quanto à necessidade de me voltar em prece para a Verdade que, no mundo físico, não é tão fácil de aceitar. Recordo-me de que me entendi com o papai a respeito. Ele me ouvia admirado, muito embora me respeitasse o modo de ser.
Estava eu, em outras ocasiões, sempre de antenas inclinadas para as paisagens do Espírito. Atribuímos esse meu estado característico, à mediunidade por desabrochar, no entanto, por mim próprio, conquanto amasse aos meus com extrema devoção afetiva, trazia um selo vivo na memória, uma espécie de lembrete permanente, obrigando-me a refletir na 5ida Espiritual, acima de todos os interesses da vida física. A noiva, namorada da alma, companheira dos sonhos falava do porvir, em que nós ambos patrocinaríamos a formação de uma família feliz. Ouvia e concordava, quase a me sentir na condição de um irmão que escuta a irmã nos planos que a maioria dos jovens alimenta, quanto às relações do tempo que a gente mentaliza como sendo a concretização de tudo o que mais se deseja.
Os dias se encarregaram de acentuar os meus vaticínios imanifestos. Reconhecia-me forte num corpo sempre menos ágil, até o que o 21 de Abril, tão marcado em nossa felicidade familiar, me desvendou com a realidade tudo aquilo que, em mim, não passava de impressão dominante.
Compreendi que o sono terminal era diferente dos outros. Uma espécie de desmaio gradativo, no qual me distanciava de tudo o que mantinha na conta de mim mesmo. Uma estranha noção de dever cumprido, de tempo rematado, me possuía por dentro e entreguei-me àquela sensação de repouso total que me exonerava da obrigação de continuar… Tudo isso, porém, ocorria espontaneamente, sem que a minha vontade partilhasse dessa ou daquela decisão. Do que me sucedeu durante aquele afastamento compulsório, nada guardei de memória; mantinha a certeza de que seguiria para diante sem o corpo enfraquecido para não voltar, senão em Espírito, e foi exatamente o que aconteceu.
Despertei num aposento varado de ar puro e respirei aliviado… Queria sorver aquele oxigênio bendito, à maneira do sedento que aguarda água pura, durante muitos dias. Estava calmo e confiante. Nossos entendimentos em torno dos ensinamentos de Jesus me infundiam uma serenidade que eu próprio me admirava, porquanto, registrei sem qualquer apelo exterior, a convicção de que atravessara a grande barreira…
Condensei todas as minhas ideias na oração e pedi ao Eterno Amigo Jesus Cristo não me permitisse qualquer perturbação em meio a paz que me rodeava. Chorei. A saudade dos pais, da companheirinha que me esperava e do irmão amigo que apareceu em meu coração, impelindo-me ao desejo de revê-los. Uma saudade profunda, mas sem aflição, uma dor sem sofrimento localizável a constranger-me aos meus dias mais íntimos, sem qualquer sombra de revolta.
Habituara-me à ideia de que regressaria mais cedo do que se supunha ao nosso lar de origem, e, por isso, a fé me escorava as emoções. Fitava-me conversando sem frases articuladas; através daquela telepatia de alma para alma, não tive qualquer vacilação; achava-me em casa, na outra casa que afinal acreditava sempre fosse a nossa.
Emocionado, observei que não morrera. Estava de regresso ao Lar Verdadeiro. Minha avó me aprovou com um gesto afirmativo e em seguida acrescentou: — Luiz Ricardo, você tem saudades dos pais queridos, mas também nós sentimos saudades de você. Não se entristeça por ter vindo. A sua tarefa foi executada com amor. Seu pai e meu filho e a nossa querida Maria José ficaram reunidos num só coração e Deus os abençoará hoje e sempre…
Aquelas expressões tão claras de minha avó como que me consolidaram as lembranças mais vivas do pouso terrestre que havia deixado para trás… Eram aquelas observações tão carregadas de amor que não assinalei qualquer inclinação à rebeldia diante do inevitável. Agradeci à vovó mais com silêncio do que com palavras, porque as lágrimas me subiam do coração para a face como que a me obstruírem a garganta.
Lágrimas benditas de alegria pela obrigação executada, de mistura com a tristeza de me haver ausentado dos corações a que me via ligado para sempre. Desde então, querido papai Lourival estou mais encorajado ao vê-lo integrado com a mãezinha Maria José nos processos de vivência em comum e no trabalho espiritual que lhe cabe.
Peço-lhe perdão por meus diálogos às vezes demasiado fortes, para buscá-lo ao prosseguimento de suas tarefas. Compreendo que muitas vezes, eu lhe falava qual se fosse o pai e não o filho que sempre lhe consagrou e consagra imenso amor; estou ciente que a vovó Maria Maffei me empolgava os sentimentos compelindo a convidar lhe o coração para alçar-se a mais amplos raciocínios, acerca do serviço espiritual em que estamos todos comprometidos. Sei, porém, que sua sensibilidade paterna sempre me aceitou a argumentação de quase menino e sou grato ao carinho com que sempre me recebeu as ponderações e lembranças…
Sou igualmente reconhecido à mamãezinha que teria dado a própria vida para que eu continuasse vivendo no Plano Físico. Agora, noto que a paz se fez para nós e que não mais haverá motivo a qualquer desentendimento. Vinte e sete anos de amor nos reconstruíram os alicerces da felicidade. E sem qualquer propósito de descanso improdutivo ou desnecessário, venho recuperando as minhas próprias forças a fim de lhes ser útil e trabalhar de algum modo, no campo do bem, onde há serviço para todos os corações de boa vontade que se vinculem à fé em Deus Nosso Senhor.
Espero que estejamos todos libertos da discórdia aparente que parecia separar-nos quando pelos laços do corações estávamos sempre juntos e prometo-lhes a minha própria melhora a fim de retornar às tarefas especialmente com vocês dois na vanguarda de meus ideais.
Envio ao Mário Sergio, e à companheira de minhas esperanças as minhas vibrações mais puras de carinho fraternal, e terminando este relatório familiar, sem esquecer-me da vovó Áurea que me oferta todo um jardim de bondade e ternura, peço ao papai e mãezinha receberem o carinho imenso emoldurado de saudades e preces pela felicidade dos pais queridos e meus melhores amigos, do filho e companheiro de ideal e serviço que insiste em continuar a pertencer-lhes com a bênção de Deus, com todo o coração sempre mais agradecido,
Luiz Ricardo Maffei.
(Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, a 07-07-1983, em Uberaba, MG.)
Esclarecimentos
Luiz Ricardo Maffei, engenheiro eletrotécnico.
Nascimento: 24/02/1957 — Sorocaba — SP.
Desencarnação: 21/4/1983, de lupus agudo.
Sua mensagem de 26/9/1985 foi publicada no livro , de F. C. Xavier e Espíritos Diversos. CEU, S. Paulo, SP.)
Pais:
Maria José Neves Maffei e Lourival Maffei
Rua Francisco Ferreira Leão, 268, Fone 222497, Cep. 18040-330 — Sorocaba — SP.
Irmão — Mário Sérgio Maffei
Irmã Francisca — mentora do Centro Espírita do mesmo nome.
Vovó Áurea — Avó materna de Maria José.
21 de Abril — data do desencarne de Luiz Ricardo, coincidindo com os 27 anos da união matrimonial de seus pais, 10 anos que ambos haviam se tornado espíritas…
2ª MENSAGEM
Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José, recebam os meus melhores pensamentos de carinho e gratidão.
Continuo melhorando e rendo graças a Jesus pelas tarefas espirituais que venho abraçando sob a direção de nossa querida Mentora Irmã Francisca. Deste lado da vida, noto que é mais fácil lidar com a mediunidade, muito embora o trabalho espiritual não seja menor.
Agradeço-lhes quanto fazem a meu favor dedicando-me tantas vibrações de paz e compreensão, com as quais vou entretecendo o agasalho de paz e esperança que atualmente envergo por sinal de renovação.
Tenho todos em minha lembrança. O irmão querido e a nobre menina com quem sonhei a construção de um lar estão em minha memória e peço aos Mensageiros do Senhor os abençoem e façam com que sejam sempre mais felizes. As preces da vovó Áurea muito me auxiliam.
Queridos pais, guardem, como sempre o coração do filho de todos os dias.
Grato,
(Mensagem recebida pelo Médium Chico Xavier no Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, Peirópolis, Município de Uberaba, Minas Gerais, no dia 26-07-1984.)
3ª MENSAGEM
Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José. Aqui é a confirmação de minha presença constante, tanto quanto possível, junto de minhas tarefas.
Comunico ao papai que a sua mediunidade está OK. Tudo certo! Estou mesmo compartilhando das atividades culturais de meu grupo de estudiosos de grego e do aramaico, a fim de descobrirmos o sentido de muitas das palavras pronunciadas por Jesus e que constam dos Evangelhos — convidando-nos à análise mais profunda dos Textos para o proveito de nossos raciocínios, com vistas a estudiosos que se preparam ante o regresso à Vida Física, na execução de trabalho esquematizado para o milênio vindouro. Tenho encontrado um lenitivo ideal para o coração ainda saudoso do lar, do mano Mário Sérgio, dos pais queridos e dos amigos fiéis que ficaram. Creiam os pais e amigos que não estou num serviço árido porque a nossa abnegada Irmã Francisca nos traça abençoado roteiro de ação nas obras de assistência, e desse modo, instruímo-nos e trabalhamos.
Por aqui, as disciplinas são mais suaves porque não há constrangimento externo para nós. A obediência às agendas de realização seguem de acordo com a nossa própria vontade de conhecer e isso, numa equipe em que todos pensam na mesma faixa de vibrações se constitui num encargo agradável e produtivo.
Agradeço a compreensão e a paciência com que os pais queridos me aceitaram a mudança compulsória. A verdade é que ninguém morre, quanto a desaparecer. Somos simplesmente remanejados, conforme as nossas tendências, para as obras que sintonizem com a nossa vocação.
(…) Com as minhas maiores reservas de carinho aos meus que deixei no Plano Físico, peço-lhes receber o abraço de muito amor e de muita gratidão do filho reconhecido,
Luiz Ricardo Maffei
(Uberaba, 13 de dezembro de 1984.)
4ª MENSAGEM
Querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José, peço-lhes, como sempre, me abençoarem.
Estou presente, seguindo-lhes a emoção, com que se lembram o primeiro aniversário do Lar Oficina que recorda um trabalho pouco registrado pelos cristãos de hoje.
Através de perquirições que venho efetuando em companhia de amigos, fiquei conhecendo a organização dos primeiros lares do Cristianismo Primitivo, que se transformavam em celeiros de recursos para os remanescentes das vítimas das grandes perseguições. Durante quase trezentos anos os seguidores de Jesus complementavam os seus cultos do Evangelho, com o trabalho manual na confecção de agasalhos para as viúvas e para as crianças que ficavam, após o sacrifício em massa dos companheiros o ensinamento do Cristo, sentenciados sem culpa por haverem abraçado a nova fé.
Em verdade, hoje não temos feras nem espetáculos de arena, em que o sangue dos mártires jorrava em profusão, mas temos as feras da necessidade e do desequilíbrio gerando a violência e recordando os tempos de barbarismo em que os perseguidores do Cristo incentivavam a separação e o sofrimento para quantos não estivessem unidos ao poder.
Tenho visto quadros magníficos do passado, nos quais moradias pobres se transfiguravam em refúgios para os familiares desvalidos de quantos tombavam nas grandes exibições, pela força de éditos desumanos que decretavam a morte para milhares de homens de bem. Essas demonstrações me enternecem e por isso creio que todas as casas ligadas ao nome de Jesus deveriam possuir o seu próprio recanto de trabalho para vestir os nus e alimentar os infelizes.
Nunca me detive com tanto amor e veneração sobre o trabalho dos primeiros cristãos abandonados à própria sorte, e fitando o progresso de agora, medito no preço de sangue e lágrimas que todos os serviços de beneficência devem ao heroísmo dos pioneiros da prática do bem.
Mãezinha Maria José e papai Lourival, perdoem-me a digressão, mas na 5ida Espiritual faço as minhas confrontações e considero por bênção de Deus toda a tarefa que procure socorrer os desajustados. Aliás, não se pode esquecer a palavra do Cristo de Deus “a todo bem que fizerdes a algum desses pequeninos do mundo, é a mim que fizestes”. (Mt
O estudo não me faz esquecido de meus deveres familiares e envio o meu abraço ao mano Mário Sérgio, com lembranças à menina de coração iluminado de quem estive tão próximo e que passou a viver em minhas melhores recordações.
Papai Lourival e mãezinha Maria José, recebam os melhores pensamentos, marcados de muita saudade e muito amor do filho reconhecido de sempre,
(Uberaba, 6 de junho de 1985.)
Esclarecimento
Lar Oficina Augusto Cézar — Instituição espírita na cidade de São Paulo, de caráter beneficente. Fundada em 05 de junho de 1984, por Dona Yolanda Cézar, mãe de Augusto Cézar, jovem desencarnado com 25 anos, em 27/02/1968, em São Paulo.
5ª MENSAGEM
Querido Papai Lourival e querida mãezinha Maria José, em pensamento coloco o nosso Mário Sérgio na roda de nossas lembranças. Estou presente, agradecendo as lembranças do aniversário.
Recebi todas as vibrações de amor que me foram endereçadas. Felicito a mãezinha Maria José e ao irmão Mário Sérgio pelas datas inesquecíveis (aniversários).
Correntemente, o coração daqueles que vivem no Plano Espiritual pode ir até muito longe, mas não tanto que a saudade desapareça.
A saudade é uma fome da alma, buscando a companhia daqueles de cujos fluidos vitais se nutre, a fim de seguir adiante com a segurança possível.
Trago as minhas saudações à mãezinha e ao irmão e desejo para ambos o clima da felicidade e da paz, que ambiciono para mim mesmo. Dizendo isso, quererei esclarecer, talvez, que não tenho paz? Não é bem isso. Tenho a tranquilidade da consciência limpa, o que, por si, já representa um tesouro, mas anseio a plenitude da comunhão com as forças da vida, comunhão da qual ainda me sinto distante.
É por isso, meu pai, que a minha procura de conhecimento das estâncias passadas é a procura de mim mesmo.
Sinto no cérebro aquela febre de saber que a Terra não tem notícias. Um homem, por exemplo, se diploma em deter minado setor da vida, e se acha, ou está, pronto para o exercício da profissão que lhe diga respeito. Entretanto, para muitos de nós aqui, na 5ida Maior, a ansiedade de penetração no passado é um trabalho árduo, a fim de conhecer-nos melhor, para o nosso próprio proveito.
Creio que devassar o pretérito será reencontrar-nos, tais quais éramos para saber tais quais somos.
Muitos aqui estão satisfeitos naquilo que alcançaram e não almejam senão a continuidade ou, mais propriamente, a estagnação nos marcos evolutivos que lhes assinalam a parada.
Alguns porém, e entre esses alguns me incluo, em não se contentarem com o que atingiram, querem saber por onde passaram, de modo a se complementarem como desejam.
Meu pai possui anseios iguais aos meus e é por isso que insisto em recordar, para reaver o que seja possível de nós próprios que ficou na retaguarda, esperando a nossa capacidade de consertar o errado e abastecermos do que é certo.
Meu pai Lourival, a estrada é esta mesma que nos foi concedida percorrer. À maneira do viajante no automóvel que, procura as imagens que ficaram no retrovisor da vida, por certo, também nós buscaremos quanto ao que nos bate em mudanças. Em suma, temos sede de aprimoramento e isso nos obriga a buscar-nos, onde estivermos para situar-nos no lugar em que seremos, ou que desejamos ser.
Ainda agora, nos tempos que sentimos, fiz algumas incursões nas Ilhas Britânicas para observar o que teriam elas para nos doarem, no entanto, num sono hipnótico provocado por mim mesmo, caí na corte de .
Fui como que “atraído” por sua perversidade singular. Foram dias que me vi com todas as características de todos os que nascem nas margens do Avon. Conheci de perto o monarca. Não foi pouco tudo aquilo que presenciei.
Rememorar, sinto até medo em exprimir-me com referência a esses dias. Acrescento até que desejaria não ter visto coisa alguma. Porém necessário se fez e se faz, conforme já disse antes. Com temor assisti a decapitação de Ana Bolena.
Fala-se hoje em violência, na defesa das esposas mortas. Porém tudo é muito pouco em relação à realidade vivida no clima de intenso terror dessa época, e da qual somos frutos.
E lá estando, senti-me possuído de um misto de sentimentos que não sei definir. Só esmoreci, restituindo-me a tranquilidade quando vi o exemplo da rainha Maria Stuart.
Sim, vi o exemplo de Maria Stuart em sua moradia da Escócia, quando, a soberana católica, por amor à união de seu povo que não devia se desagregar, entregou a cabeça ao machado do carrasco que lhe arrasou o corpo e a vida.
Porque tudo isto aconteceu, ainda não sei. Penso que estaremos, alguns membros de nossa família, e eu mesmo, ligados à existência da rainha sacrificada.
Desde essa hora terrível que a vi doando o próprio sangue sem reação, por dedicação aos outros, o choque me fez acordar da hipnose a que confiara.
O que sei, meu pai, é que prosseguirei nas minhas investigações, mas sabendo que os grandes vultos da história, com exceções, é claro, não escaparam à criminalidade, à ambição, à guerra por injustiças, ao ódio de família e de raça, e aos piores sentimentos que infelicitam a Humanidade.
Hoje, paro por aqui, mas voltarei. Quero estudar, perquirir, redescobrir e informar-me. Já que falamos em aniversários, creio que somos suficientemente antigos no tempo porque observo que estamos todos ligados uns aos outros, nestes tempos de crueldade e pavor.
Bem, já escrevi ou tentei escrever bastante. Agora é fazer pausa para refletir.
Pai Lourival, muito grato por ter o mesmo gosto pelas pesquisas da História. Mãezinha Maria José, abençoe-me e abrace meu irmão por mim.
Papai Lourival, receba o grande abraço de seu filho, seu amigo de sempre,
(Uberaba, Minas, 26/02/1986.)
Esclarecimentos
Notas de Lourival Maffei:
1 — Datas de aniversário: 24/2, de Luiz Ricardo; 22/2, de Maria José; e 7/2, de Mário Sérgio.
2 — Henrique VIII (1491-1547), o “barba azul”, mandou executar esposas sob o pretexto de não lhe darem filhos.
3 — Avon — Histórico rio inglês. Em suas margens, na cidade de Stratford, nasceu o célebre Shakespeare (1564-1616).
4 — Ana Bolena — Esposa de Henrique VIII.
5 — Rainha Maria Stuart — Rainha da Escócia, acusada falsamente de traição, foi executada em 1587, a mando de sua prima Rainha Elizabeth, da Inglaterra, descendente de Henrique VIII.
6ª MENSAGEM
Meu querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José.
Com o pensamento em Jesus a rogar-lhe conceder à mãezinha amanhã um feliz aniversário e abençoar com muita felicidade esta data feliz.
Papai, conquanto o meu apaixonado apego às pesquisas do passado, um fenômeno se interpôs, há semanas, entre meu hobby e a realidade, impelindo-me a uma pausa em minhas investigações.
Serei tão sucinto quanto possível, na exposição do caso. O senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu encontrei um deles na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a família que deixou no Rio, cujas ideias abertas e francas me faziam meditar.
Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas, chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas.
A companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa.
Muitas vezes, lembrando os nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e até pragas das mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo, mencionadas.
Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço, notando-lhe as boas qualidades que se misturavam às más, aconselhou-lhe um tratamento com análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho.
Tratava-se de um aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da reencarnação.
Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas.
Durante dois dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João 6, no Brasil.
Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e alimentação conveniente. Estuprava jovens servidoras da casa real sem compaixão e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do Rio Paraíba…
Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso, e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra ele, Espíritos infelizes ainda fixados no mal.
Ele, Joaquim, vem fazendo o possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou.
Tenho pensado tanto no assunto que voltarei às minhas digressões na História com muito cuidado e com muito espírito de compreensão, que ainda preciso consolidar.
Do que for acontecendo lhe trarei notícias. Porém, amanhã é o aniversário da mamãe e não quero embarafustar-me em notícias inquietantes. Jesus faça a mãezinha Maria José muito feliz, como sempre, ao seu lado.
Recebam os pais queridos, com meu irmão Mário Sérgio, um abraço muito afetuoso no qual as saudades dominam, e queiram sempre bem ao filho que lhes dedica imenso amor.
(Uberaba, Minas Gerais, 21/02/1987.)
[ - s. m. O passado, o tempo que já passou. Lat. praeteritus de praeterire. É um adjetivo usado substantivamente. - s. f. Escrita, escritura, modo de escrever. Gr. graphein. Ou seja, assim como podemos dizer “Aparelho de Radiografia”, da mesma forma diz-se: “Aparelho de Preterografia” embora a radiografia e a preterografia sejam um processo.]
Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 0.
Para visualizar o capítulo 0 completo, clique no botão abaixo:
Ver 0 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?
Veja mais em...
Lucas 14:12
E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa
Mateus 5:4
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa
Mateus 25:40
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa