Dádivas Espirituais
Versão para cópiaFernando Querin Sichetti
Querida mãezinha Luíza, associando meu pai à nossa alegria desta hora, peço a Deus nos abençoe.
Estou escrevendo este comunicado, para dizer ao seu coração querido que o tempo não me altera os sentimentos. Sou o seu filho sempre vinculado à sua alma querida. A criatura pode ter muitas amizades e ligações, no entanto, mãe é uma só.
Não julgue que a minha ausência de notícias se deva a qualquer descaso meu. Acontece que vivemos, na 5ida Espiritual, num sistema de vibrações diferentes, e apenas sabemos que isto ocorre, através das Leis de Deus, que examinam a existência de cada pessoa, dando-lhe uma espécie de trabalho.
As surpresas são muitas, porque cada um é compelido a receber o contrário ou a continuidade da vida que experimentou, ou a que se deu na Terra.
Mas não venho até aqui para isto. Estudos existem que nos defrontam, quer queiramos ou não, no Plano Espiritual.
Estou aqui a fim de dizer-lhe que estamos sempre juntos pelo sem fio do pensamento. Continuo recebendo a assistência da vó Clotilde e do avô Antônio. Tenho uma vida de estudos que são os meus primeiros deveres de cada dia, com vistas ao futuro, quando integrarei equipes de trabalho de maior responsabilidade.
Da existência física, ficou escasso material em minha memória; entretanto, posso afirmar-lhe que a sua preciosa vida e o amor de meu pai e das irmãs continuam por dentro de mim.
A vida aqui é muito semelhante à nossa na Terra: os que nascem ou renascem no mundo começam uma luta de tal modo intensa para a conservação de si mesmos, que as recordações da Grande Espiritualidade de que procedem se esbatem e quase desaparecem. Isso não chega ao total desinteresse, por exemplo, das minhas irmãs Cláudia e Flávia, irmãzinhas que estão sempre comigo em pensamento, e me serão sempre queridas.
Agradeço, muito contente, as suas recordações de mãe que me calam no Espírito, com a brandura de sempre. Sei que tenho um coração de mãe a velar por mim e isso é muito importante, porque representa um grande estímulo para o trabalho que me compete.
Digo assim, porquanto aqui o estudo é trabalho árduo que dá para cansar. Comparo o que vi no mundo e vejo a diferença. Aí, a pessoa que estuda observa por demais o exterior de cada componente desse ou daquele material, mas não se interessa pelas minudências. Aqui somos induzidos a observar os porquês disso ou daquilo, e isso nos exige o máximo de atenção.
Um botânico, para ilustrar os nossos conceitos, estudará uma árvore pelas características externas, mas, aqui, ele será obrigado a ver o que há na intimidade do tronco e a quantidade de seiva que mantém a vida de cada folha.
Nos domínios da psicologia, um rapaz vê certa jovem e poderão ambos trocar ideias, mas, se quiserem sustentar uma afeição a longo prazo, são impelidos a conhecerem o próprio íntimo, verificando se desejam as mesmas realizações, se combinam nas irradiações que emitem, se procuram trabalhar com as mesmas finalidades e, não se unem, se houver qualquer diversidade nos modos de pensar, ou nos objetivos por atingir.
Tudo é observado porque, me parece, os Espíritos, qual me acontece, que devem voltar à Terra, vivem mais no amanhã do que no hoje.
Explico-me, nesse ponto de minhas tarefas, porque o estudo sob a minha responsabilidade inclui muito esforço de observação.
Nada, porém, me separa de seu amor e da dedicação de meu pai e de minhas irmãs, não só porque o amor está entre nós, mas porque, para continuarmos uma família, já trazíamos os fatores da afinidade e da compreensão recíproca, obtidos e cultivados aqui, na 5ida Espiritual, em que me encontro agora.
Das minudências do meu regresso, tudo está esquecido. Faço um esforço enorme para repetir os nomes dos companheiros que se achavam comigo, quando fui intimado a voltar.
Você, querida mãe, pode avaliar como são diferentes os nossos processos de vivência. Isso reclama bastante trabalho de nossa parte e somente sucede com os filhos da Terra que se acolhem a estas paragens, com a vontade firme de evoluir e trabalhar.
Os que não querem serviço mental ficam, como aí acontece, na retaguarda, dependentes da beneficência de mentores afeiçoados à caridade e ao amor ao próximo. E quero acrescentar que, todas as pessoas que aí estudam e procuram penetrar na essência da vida, já entram aqui matriculadas nas escolas de progresso que nos aguardam.
É de se lamentar que tanta gente, que poderia chegar aqui em excelentes condições de trabalho e de estudo, se deixe amolecer, esperando que os fatos aconteçam para ver como ficam.
Este período em que não lhe pude dar notícias foi gasto, inteiramente, nas tarefas a que me impus. Nada disso, porém, afeta o amor e devo esclarecer que, quando me refiro a estudo, esse estudo inclui o serviço de quem se dedica à prática do bem, porque, seja amparando um doente ou vestindo uma criança necessitada, a pessoa, sem querer, embora, está observando valores culturais de alta valia, porque, saindo de si própria a fim de auxiliar alguém, já está caminhando para frente, em matéria de aprendizado.
Peço-lhe continuar entendendo o papai, que sente, ainda, muita dificuldade para aceitar o meu regresso à Vida Espiritual, quando a minha nova existência estava começando. A ele, o meu abraço, extensivo à Cláudia e Flávia, queridas irmãs, e a todos os nossos que, de momento, eu não conseguiria lembrar.
Sei quanto vem lutando para equilibrar-se no setor da saudade, que não se apaga, mas creia que estamos unidos cada vez mais. Pedindo a Deus por sua saúde e paz, encorajamento e alegria, com o meu beijo de gratidão e carinho em seu coração, sou o seu filho de ontem, de hoje e de sempre,
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 14/05/87, em Uberaba, Minas).
Esclarecimentos
Fernando Querin Sichetti
Nascimento: 30-09-1964
Desencarnação: 20-08-1983, de acidente de carro, quando cursava o 2.° Ano do Colégio Objetivo.
Pais:
Laurentino Roque Sichetti, Luíza Querin Sichetti.
Endereço: Rua Bento Araújo, 149 — apt° 103 Bloco A — Bairro Tucuruvi — Fone
Irmãs: Flávia Querin Sichetti, Cláudia Querin Sichetti
Avó Clotilde — Avó materna, desencarnada em 04/05/1979.
Avô Antônio — Bisavô paterno, desencarnado em 28/08/1944.
Outra mensagem de Fernando foi publicada no livro , Ed. IDEAL, S. Paulo, SP.
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