31|08|1938

Meus filhos, muito boa noite e que Deus os abençoe!

Venho hoje até aqui mais controlada e mais forte. Eu, Maria, tenho pedido muito a Deus pela Nhanhá e pelos filhos. O seu coração de mãe precisa muito, como você sabe, de minha assistência constante. Peço a você e ao Rômulo desculpas pelas muitas incompreensões que ambos têm recebido. Sobre muitos assuntos não é conveniente levantarmos o comentário, ainda que afetuoso e familiar. Falarei tão somente do livro para dizer que há um , que nunca chega tarde.

Sei que a Iná é mais ou menos feliz e que os seus protetores estão confortando-lhe o coração nas lembranças de sua vida tão moça e ainda forte. Vamos nos conformar com a vontade de nosso Pai de Bondade. Penso no meu pedido importuno, mas quanto seja possível espero que o Rômulo não se esqueça do Caio. Penso muito nesse menino. Dos filhos da Ignez é o que mais me preocupa, em vista das perseguições de que é vítima por parte de obsessões invisíveis aliadas aos muitos defeitos de educação longe do trabalho.

O Arthur envia lembranças. Fiquem na paz de Deus!

A velha tia,

Nhanhá era irmã do vovô Arthur, portanto, tia de Rômulo.

Sobre Iná não nos foram dados maiores informes.

Caio Márcio Renault, filho de Abgar Renault, primo de Rômulo. Reencarnação de Caio Fabricius, personagem do romance 50 anos depois, de Chico Xavier e Emmanuel (FEB, 1940). Na sequência das vidas sucessivas, personificou Henrique VIII, soberano inglês no século XVI. Caio Márcio passava, quase sempre as férias escolares na Fazenda Modelo.

Em referência a Ignez Caldeira Brant Renault, esposa de Abgar de Castro Araújo Renaut, primo de Rômulo. Abgar Renault (Barbacena, 15 de abril de 1901 — Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1
995) foi um professor, educador, político, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro. Ocupou a cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras e a cadeira 3 da Academia Brasileira de Filologia. Informação contida em . Acesso em: 22 out. 2012. O casal teve 3 filhos: Caio Márcio, Carlos Roberto e Luiz Roberto. Mensagem recebida por Chico Xavier e Maria Joviano, com a utilização da prancheta. Rômulo Joviano fez as anotações.