Depois da Travessia

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Capítulo LX

Saudações de João-de-Barro

14|12|1946

De minha casa de barro,

Cheia de paz e de amor,

Eu venho saudar convosco,

Nosso antigo benfeitor.


Trago os filhotes comigo,

Em trajes de festival,

Compartilhando a alegria

De um natalício imortal.


Vimos do abrigo amoroso,

Dos cimos da prateleira,

Entramos pela janela

Num galho de trepadeira.


Como esquecer a voz terna

Repassada de carinho,

Que conversava conosco

Na solidão do caminho?


Como olvidar a mão clara,

Que tudo faria certo,

Quando vinha docemente

Encorajar-nos de perto?


Grande amigo! Muitas vezes,

Deixava o salão dourado

Para buscar-me o lar rude,

Pobrezinho, desprezado.


Por que fôssemos humildes,

Trabalhando em terra escura,

Nunca deixou de tratar-nos

Com carinho, com ternura.


Pobre operário que eu sou,

Falava-me ao coração,

Ensinava meus filhinhos

A terem educação.


Chamado às honras do mundo

E às ambições da riqueza,

Preferiu viver conosco

Na sombra e na singeleza!…


Espalhava em nossa casa

As bênçãos e os dons divinos.

Sabia exaltar no mundo

A glória dos pequeninos!


Professor, recebe agora

Nossa eterna gratidão!

Que um passarinho também

Tem alma, tem coração!




Constante do livro (VINHA DE LUZ) Vide também:



Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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