11/04/1938

Conduzida à dominação política pela fatalidade histórica, dominação que lhe exaltou as tendências para a tirania espiritual, não compreendeu a elevação do reinado de Deus de que falava Jesus nas suas lições divinas. Arregimentando as forças humanas, criou um Estado para as suas atividades, cunhou moedas com a efígie dos seus chefes, organizou a guarda dos seus poderosos domínios, formando uma nova espécie de governo sobre a face da Terra, com jurisdição em todas as consciências. Enquanto o dogma religioso conseguiu se sobrepor à primazia e à excelência do raciocínio pelos processos inquisitoriais, a igreja pôde coroar a fronte dos príncipes do mundo e distribuir os latifúndios terrestres, mantendo, na civilização do Ocidente, a plena imposição de sua vontade, eliminando os critérios racionais da consciência coletiva. Mas o século XIX preparou as modificações do século XX. À medida que o pensamento livre espalhava no orbe as suas claridades transformadoras, a instituição romana, contrariada com a sucessão dos acontecimentos, proclamava as suas últimas arbitrariedades com o Syllabus e com a infalibilidade papal de Pio IX. No acervo de suas propostas dogmáticas e incompreensíveis, havia um forte ascendente de autoridade, oriundo da admirável organização de sua disciplina, mas surge a inteligência de Leão XIII, na visão larga da reforma social de todos os sistemas. Pressentindo os conflitos entre o regime capitalista e a onda revolucionária dos partidos proletários, suas atividades se curvam ao esforço de conciliação do capital e do trabalho. Dessa atitude derivaram-se novas interpretações. A Igreja saiu de sua rigidez disciplinar para navegar nas correntes renovadoras e molhar-se, qual um barco fustigado pelo temporal, no oceano revolto. (…)

Notas do Editor: mensagem recebida por Chico Xavier no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo | MG.

Por se tratar de documento antigo, carcomido pelo tempo, não foi possível transcrever o final da mensagem, que se tornou ilegível.