Encontros no Tempo

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Capítulo IV

A vida é mais importante do que a verdade


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Saúde pessoal

R — Graças a Deus, muito bem. Tenho estado bem, conquanto você compreende houve um noticiário um tanto alarmante, mas na minha condição de pessoa que já ultrapassou os 60 janeiros, é natural que eu alegasse algum cansaço e mesmo estado de saúde para alterar as minhas atividades, que realmente foram renovadas num grupo que se chama Grupo Espírita da Prece, mesmo em Uberaba.


Programa mediúnico

R — Não houve propriamente uma transformação fundamental. Continuo com reuniões públicas às sextas e aos sábados. O que houve é que agora, naturalmente, posso, com mais segurança iniciar minhas tarefas num horário mais favorável para minha saúde, mas os contatos são os mesmos, não houve alteração. Nossos amigos espirituais prometem cooperar na produção deste ou daquele livro que eles possam ainda trazer ao nosso meio por intermédio de nossas faculdades ainda tão deficientes. Mas você compreende que o problema não seria tanto de alterar de modo muito essencial as tarefas mediúnicas atribuídas a este seu irmão pequenino de sempre. O problema é que a engrenagem está sendo usada há quase meio século, então, de mim mesmo, compreendo, no campo da autocrítica, a situação de desgaste de uma engrenagem mediúnica de quase meio século de usança regular. Penso de minha parte que, se vierem livros superiores àqueles de que eu possa ter sido instrumento até agora, porque essa obra é dos Espíritos e não minha, eu estou sempre na mesma condição de cisco humano, não é? Se vier para mim, será uma surpresa, porque o tempo decorrido já é grande. Mas eu tenho também de minha parte, como companheiro espírita-cristão, minhas esperanças de que outros médiuns venham cooperar conosco, com livros que estejam em alto nível, em condição de mais amplitude no terreno do próprio intercâmbio espiritual com o Plano próximo. De minha parte, estou naquela minha atitude. Esperar sempre aquilo que for trazido até nós, por intermédio daqueles amigos que nos assistem, mas sem superestimar as minhas possibilidades.


André Luiz: revelação gradativa

R — Ele diz que enfocou os problemas em “Evolução em dois mundos” e em “Mecanismos da mediunidade”, mas fez o que foi possível, sem desejar uma antecipação muito grande no campo da marcha dos nossos conhecimentos. Mesmo porque isso poderia parecer uma pretensão dele como cooperador nas verdades que estão sendo trazidas até nós pelos amigos espirituais. Naturalmente que ele deixou essa contribuição, como recurso àqueles que na escola dos nossos princípios, solicitam um campo de maior indagação de ordem científica, para o estudo de Allan Kardec, em conexão com Jesus Cristo. Mas compreende que, do ponto-de-vista de comunidade, devemos continuar no campo das observações e anotações gradativas em torno do mundo espiritual, para que não haja um movimento muito agigantado de baliza. É muito importante que aqueles que assumem o papel de companheiros na lição, não se desliguem demasiadamente dos companheiros de lição que trazem o nome de alunos, mas que não são alunos, são cooperadores. Nós outros, os encarnados, temos que caminhar com todos e eles também conosco. Se fizermos uma frente muito avançada, perderemos o contato com a nossa família que de modo geral necessita ainda muito mais de consolação, de encorajamento, de apaziguamento, de esperança, de fé e mesmo de muito amor, antes de qualquer avanço intelectual muito intenso. Então ele acha que muitos tarefeiros dessa ordem virão a seu tempo, para mais amplo desenvolvimento do campo doutrinário, embora reconheça que muitos companheiros que têm sede do conhecimento, estejam esperando um movimento frentista, mais adequado ao mundo moderno, mas que é importante não perdermos de vista a necessidade de seguirmos todos juntos. Não sei se me expressei bem.

Isso não é desalentador, não significa retardamento, mas espírito de solidariedade humana, para que todos marchemos no mesmo ritmo, tanto quanto possível, num movimento em que não estamos cogitando de ganhar uma guerra contra a ignorância, mas ganharmos a paz num movimento de iluminação geral.

A vida, até hoje na Terra, é mais importante do que a verdade. Conquanto reconheçamos o imperativo da verdade iluminando a vida em todos os setores, não podemos nunca perder de vista a vida, em favor exclusivo da verdade, porque estamos em evolução, em desenvolvimento. Então a verdade tem de ser dosada na farmácia do conhecimento, para que a vida possa crescer e dar os seus frutos de sublimação dentro dessa mesma verdade, que é a verdade inalterada para nós todos. [v. ]


Futuro: como vivê-lo hoje

R — André Luiz fala que, sem dúvida, nós devemos procurar sempre viver o futuro no presente, mas, se possível, 20 por cento com o cérebro e 80 com o coração.



Entrevista ao jornal Espiritismo e Unificação, de Santos/SP, realizada em 2 de agosto de 1975, no Clube Tietê, de São Paulo, por ocasião do lançamento do livro Respostas da Vida, de André Luiz, e publicada em sua edição do mês de agosto de 1975, com o título “A vida é mais importante que a verdade”.



Francisco Cândido Xavier


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