Escola no Além

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Capítulo X

Reencarnação: Ainda o caso Verinha

Querida mãezinha Dorothy e querido papai Antoninho. Agradeço o bolo e outras lembranças com que comemoraram o meu pobre aniversário. Fiquei muito grata e comovida com o carinho que dispensaram às nossas crianças e às nossas mães do coração, em lhes recordando a presença.

Lastimo não merecer tanto amor, no entanto, farei o possível para trabalhar e servir, recuperando o tempo que perdi.

Pais queridos, muito obrigada. Mônica e Júnior, Deus os recompense pelos pensamentos de amor e bom ânimo que me enviam.

Querida mãezinha Dorothy, conforme prometi, o caso de Verinha, a pequena que voltou à experiência física.

A menina estava convicta em voltar à própria família, naturalmente convencida de que regressaria naturalmente à convivência dos seus entes queridos, de modo a prosseguir no mesmo corpo em que habitara transitoriamente.

Marcado o dia em que se lhe promoveria a volta, as colegas do Instituto traziam as atenções fixadas em Verinha, arquitetando a festa a que se integrariam na data previamente fixada, para se despedirem da companheira com a possível alegria.

Acompanhava as ocorrências com atenção, quando um de nossos Mentores me convidou ao diálogo de serviço, comunicando que me achava designada para acompanhá-la ao novo lar. O encargo era honroso, mas os serviços decorrentes das atividades em perspectiva realmente me confundiam.

Autorizada a perguntar ao orientador sobre os temas que desejasse, ousei interrogar-lhe:

— Por que fora eu a escolhida para a tarefa, sendo que não possuía ainda a experiência que supunha necessária?

O interlocutor sorriu e afirmou-me:

— Cláudia, você veio para a Vida Espiritual em razão de um acidente que lhe furtou a vida…

Consideremos que a assistência à Verinha lhe conferirá valiosa experiência sobre a preciosidade da existência humana.

Auxiliando uma criança, em seu renascimento, você observará a importância da vida e fixará novos valores em seus conhecimentos.

— E qual será a duração do trabalho de assistência à nossa irmãzinha, que me caberá despender?

— Pelo menos seis meses.

— Será preciso um período de tempo longo assim?

— Realmente — falou o chefe — antes do nascimento da menina, você precisará auxiliá-la na solução do problema da compatibilidade ou empatia. Todas as reencarnações diferem umas das outras e a de Verinha exigirá esse trabalho de acomodação entre ela e a futura mãezinha. Você prestará serviço a uma e a outra…

— Mas não tenho instruções para agir, no socorro à criança, caso isso se faça necessário…

O benfeitor fez um gesto de indulgência e acentuou:

— Essa parte da iniciativa pertencerá aos orientadores e técnicos em reencarnação, aos quais você poderá dirigir qualquer indagação. Não se aflija. Você não estará sozinha.

O renascimento de Vera será presidido por amigos experientes na modelagem do corpo futuro a que ela se jungirá, tanto quanto as particularidades desse mesmo corpo, de vez que a nossa Verinha tem muitos méritos adquiridos em reencarnações passadas, quando se destacou na condição de musicista e professora de muitas entidades que lhe devem estima e atenção.

Ela precisará de um cérebro tão perfeito quanto possível e necessitará de mãos firmes e dedos longos para a identificação com o piano…

— E ela sabe tudo isso? — indaguei um tanto assustada.

— Não — explicou o Mentor —, os informes que lhe transmito são confidenciais e foram recolhidos na ficha cármica de nossa irmãzinha. Não temos o direito de incomodá-la, por antecipação, quanto ao futuro, que somente a ela pertencerá.

De nossa parte, é nossa obrigação facilitar-lhe o caminho, sem inquietá-la com perspectivas que não nos competem vasculhar. Compreendi tudo aquilo que o orientador desejava dizer e busquei auxiliar a turma para as despedidas.

Certa feita, voltei a perguntar ao orientador sobre o destino das outras internas.

— Todas terão de voltar à Vida Física? — formulei a questão. Ele replicou:

— Nem todas. Algumas esperarão aqui mesmo os pais que virão encontrá-las no futuro e, então, com eles e junto deles, decidirão o que lhes cabe fazer.

Fiquei informada devidamente, pois a comunidade das crianças me interessava vivamente, quanto ao amanhã de todas elas.

Marcado o dia para o “até breve” de Verinha, reuniram-se todas para uma canção de homenagem.

Era um quadro enternecedor observar as meninas de mãos entrelaçadas, mantendo a pequena 5erinha em meio da roda afetiva.

Sob a atenção de todas nós que éramos consideradas funcionárias do Instituto, depois de músicas cariciosas e lindas, executadas pelas meninas mais experientes, a roda se desfez naturalmente e se via na face da homenageada a alegria e a emoção de que se via possuída.

As pequenas haviam escolhido a música antiga do interior para servir de estribilho às quadras que, uma a uma, deveriam compor e apresentar.

Não posso, mãezinha Dorothy, repetir as quadras todas porque apenas detive algumas na memória, mas, mesmo assim, transmiti-las-ei para seu conhecimento e conhecimento de outras mães. Todas na roda a movimentar-se em torno da pequena 5era, cantaram em coro:

A – e – i – o – u,

Aprendemos no á-bê-cê.

Verinha, você não sabe

Quanto amamos a você.


E as quadras se seguiram.

Darei esta anotação apenas quanto à primeira:

Temos tudo nesta escola

Onde o apoio não se atrasa.

No entanto, espero algum dia,

Regressar à minha casa.


A segunda improvisou:

Verinha, guarde o sinal

Para achares quem me ama.

É a minha boneca Fausta,

Que deixei em minha cama.


E prosseguiu a fieira de quadras:

Estava com sarampo,

Quando em febre adormeci.

Até hoje não conheço,

Que me trouxe para aqui.


Verinha, ouça em paz,

A força de nossa voz.

Nós te pedimos, apenas,

Que não te esqueças de nós.


Na sua partida, hoje,

A saudade aumenta mais.

Mas tenho a grande esperança,

De um dia rever meus pais.


Minha mãe sempre falava,

Que a mágoa pior da vida,

É a dor que todos sentimos,

Na hora da despedida.


Nossa Verinha se vai,

Procurando o que mais quis.

Deus lhe dê ao coração,

Um lugar lindo e feliz.


E o coro se repetiu no final da canção:

A – e – i – o – u,

Aprendemos no á-bê-cê.

Verinha, você não sabe

Quanto amamos a você.


Quando terminaram as derradeiras notas, notei que o meu rosto se cobria de lágrimas.

O adeus e a saudade moravam ali também naquele recanto de amor. Abraçada pelas colegas, Verinha chorava intensamente.

Chegara, porém, o instante da partida e, em companhia do Mentor respeitável que me esclarecera, Verinha e nós tomamos o carro que nos levou até a cidade grande.

O orientador se despediu para se hospedar numa casa assistencial, onde era um amigo querido e ficamos nós, ela e eu, na residência de meus pais, onde procurei orar e deter-me nas melhores recordações.

Na manhã seguinte, o orientador nos procurou e falou-me a sós:

— Irmã Cláudia, você faça o possível por habituar a menina à presença da senhora que se lhe fará a nova mãe em breve tempo e procure o melhor meio para falar-lhe da própria reencarnação.

Prometi fazer o possível e, em seguida, abracei a mãezinha Dorothy, o papai Antoninho, a vovó Gorízia, a nossa Mônica e o nosso Júnior, lembrando a importância da vida e da família.

Logo depois fomos à casa da ex-genitora de Verinha e fomos achá-la em pranto de saudade, contemplando o retrato da filha, como se adivinhasse os acontecimentos de que eu fora protagonista.

Verinha chorou ao saber que a mãezinha não lhe poderia albergar a presença, acreditando que ela estivesse enferma.

Dirigimo-nos à residência da tia que cantava enquanto cerzia peças de roupa da própria casa. Observei que ela, a futura mãezinha de nossa tutelada, recordava a sobrinha num misto de saudade e alegria.

Qual se fosse atraída por força inexplicável, a menina correu a abraçá-la sob o meu olhar de aprovação e beijou-a na face.

A senhora, muito jovem, disse ao marido que se achava presente:

— Que saudade da Vera! Meu Deus, é impossível que uma criança da inteligência e da graça de minha sobrinha, possa desaparecer para sempre. É impossível crer na morte, como sendo o fim da vida!

Daquele dia em diante, enquanto me dirigia à moradia de meus pais 5era permanecia na convivência da tia, dando-me a ideia de que estreitavam a própria união.

Após dois meses, uma comissão constituída por um médico, um Mentor e um amigo espiritual da família, surgiu diante de nós e submeteu a menina ao tratamento, para o ato de renascer.

Não pude acompanhar a operação que se processava, no entanto, notei que Verinha estava muito pálida e como que emagrecera consideravelmente, pois estava com a leveza de uma criança de colo.

Mais dois dias e observei que ela como que se colara ao corpo da tia que se encontrava intensamente feliz com a presença da menina com ela e junto dela.

Os seis meses que me haviam concedido no Instituto estavam findos. Sem que eu soubesse como se dera a transfiguração, Verinha era a linda criança em formação na residência dos novos pais.

Agradeci a Jesus a experiência que me permitira acompanhar de perto e voltei à minha sede de trabalho.

Então, mãezinha Dorothy, pude abraçá-la e a meu pai, com novos sentimentos para a vida.

Beijei a vovó Gorízia e os meus irmãos e, com lágrimas de emoção e júbilo, ao regressar para os meus deveres, considerei com alma e coração que Deus não nos criou para o eterno adeus e, sim, para o amor que nos reúne uns aos outros através de laços imortais.



COMENTÁRIOS


Claudinha, carinhosamente reconhecida pelos amigos e familiares, dispensa hoje qualquer apresentação.

Sua simples biografia, pequena ainda de grandes realizações pelo pouco tempo que esteve aqui na Terra, consta em algumas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, como mais um lenitivo às famílias aflitas e saudosas pela perda dos seus entes mais queridos.

Dizer que Claudinha era carinhosa, estamos anunciando um produto verdadeiro de suas ações.

Se Claudinha foi boa aluna, é uma pergunta que os Diretores do Colégio Nossa Senhora do Rosário e Galileo Galilei responderão com prazer, lá estão para qualquer informação sobre essa nobre criatura.

Falar de sua simpatia, também é querer repetir o que muito se ouviu e confirmado está pelas amizades que aqui ficaram, endossando com carinho suas ações.

Se ela praticou campanhas filantrópicas?…

É o mesmo que recordar os vários pedágios organizados por ela a angariar fundos aos carentes da vida.

Se hoje carecemos de defensores ecológicos, não foi assim com Claudinha.

Participante ativa, defensora por excelência e por amor à natureza, convocou várias reuniões no Colégio, a expor sua experiência aos colegas quando de sua visita por algumas vezes ao Pantanal Matogrossense, munida de fotos, folhetos e cartazes obtidos na ocasião.

Portanto, Claudinha, a nossa Cláudia Pinheiro Galasse, por seu esforço, dedicação e amor, conquista na simpatia dos Mentores Espirituais e pela misericórdia de Jesus, o merecimento da presença junto a esses Espíritos queridos e necessitados da colaboração, na condição de uma aprendiz guardiã, que se prepara com amor para o convívio desses pequeninos corações, e a ser no amanhã, no trabalho edificante com Jesus; mais uma alma nas lides abençoadas da caridade espiritual cristã.



Cláudia Pinheiro Galasse
Francisco Cândido Xavier


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