Capítulo XXVII

Cortesia


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Toda ciência, decerto, demanda ensaio e preparação. É assim que a arte de amar ao próximo exige começo adequado.

Reportemo-nos à cortesia, como sendo a iniciação do amor puro.

Nem sempre serás impelido aos grandes testemunhos de sacrifício público, todavia onde estiveres, a cada momento, serás requisitado pela bondade.

No lar e fora dele, em todos os instantes, és naturalmente intimado à compreensão e ao entendimento, à afabilidade e ao auxílio.

Não te confies às atitudes que te feririam nos outros, nem pronuncies palavras que te espancariam o coração caso fossem articuladas nas bocas que te rodeiam.

Lembra tuas próprias necessidades de carinho e não negues ao companheiro o estimulo da frase generosa e do amparo fraternal.

Recorda quantas vezes por dia te fazes credor do perdão alheio, em face das próprias leviandades que te fazem o ambiente pesado e difícil, e desculpa, quantas vezes se fizeram necessárias, as pequeninas ofensas que te visitam a estrada.

Não olvides as exigências que te cercam os passos, compelindo-te a receber favores de toda sorte, e, atento à colaboração que aguardas dos outros, não te furtes ao prazer de ajudar.

Desterra a crueldade do pensamento, para que a calúnia não te envenene os lábios e, de mãos firmes, no arado da gentileza, estende os braços na infatigável conjugação do verbo servir.

A grande sinfonia nasce em algumas notas. A jornada mais extensa começa num passo simples.

Mil vezes referir-te-ás ao amor, destacando-lhe a excelência ou comentando-lhe a divindade, entretanto, para que, um dia, lhe atinjamos o santuário celeste e lhe irradiemos a luz, não nos esqueçamos de que é necessário sustentar entre nós o culto incessante da amizade e da compreensão.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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