Fé e Vida
Versão para cópiaMensagem de Emmanuel dirigida aos amigos do Centro Espírita Luiz Gonzaga
Meus amigos, muita paz.
Não fosse o conteúdo da carta de nosso amigo extremamente doutrinário, não nos consideraríamos ligados ao assunto.
Contudo, apreciando nossos deveres na previsão do porvir, somos compelidos a ponderar que, enquanto a sementeira de nossos princípios se opere no clima de melhor fraternidade, com a extensão crescente da mensagem evangélica, pura e simples, será justo marchar sem preocupações, não ocorrendo o mesmo, ante a perspectiva de convênios humanos que, suscetíveis de comprometer-nos o livre movimento, nos reclamam estudo e meditação.
Diante do plano de serviço proposto pelo abnegado companheiro que nos preside a casa de trabalho, cuja prévia apresentação agradecemos na velha gratidão e no invariável carinho que lhe devemos, pedimos permissão para sugerir as providências e ponderações seguintes:
1º) O médium Xavier, com responsabilidade definida perante a Espiritualidade, na tarefa das mensagens que psicografa, assinará um documento de doação dos direitos que lhe assistem, no aspecto legal do assunto, em favor do Centro Espírita Luiz Gonzaga, para a publicação de um livro com mensagens produzidas por intermédio de suas faculdades mediúnicas, em nossas reuniões públicas de segundas e sextas-feiras. Livro esse que o presidente de nossa instituição poderá entregar, então, documentadamente, à , como deseja, em nome do nosso Grupo, para que seja publicado, em benefício de nossa Casa.
Rogamos, porém, o apoio dos companheiros, para que semelhante iniciativa não ultrapasse a publicação de um só livro, nessa feição, aliás, a ser doado ao Centro Espírita Luiz Gonzaga em homenagem ao devotamento de seus trabalhadores atuais, porque mais de um livro, no aspecto em foco, poderá, de futuro, estimular a comercialização terrestre da palavra dos amigos desencarnados, no Centro, quando os seus atuais diretores estiverem desencarnados, desviando os irmãos de ideal do desprendimento, da operosidade e da diligência, nos quais a organização, com o Auxílio divino, tem sabido viver até agora.
Além disso, entregar à Livraria Allan Kardec Editora mais de um livro, constituído com mensagens recolhidas na instituição, seria entregar a uma organização espírita e respeitável, mas naturalmente comercial, um patrimônio de ideias que vem sendo produzido com destino à que, representando a Casa-máter de nossa Doutrina, no Brasil, nos merece o mais amplo acatamento e incondicional cooperação.
Embora respeitemos na Livraria Allan Kardec Editora uma instituição nobre e digna que vem colaborando com a aludida Federação no lançamento de obras doutrinárias, é preciso convir que ela não tem a obrigação de responder, mais tarde, perante a coletividade espírita, por qualquer alteração eventual na obra do Senhor, por meio dos servidores desencarnados do Evangelho, ao passo que a Federação Espírita Brasileira é depositária impessoal de graves responsabilidades nesse sentido, podendo ser naturalmente interpelada pelo consenso dos espíritas, em qualquer desvirtuamento que possa surgir, de futuro, competindo-nos o dever de afirmar que o nosso parecer não se prende a qualquer desconsideração aos companheiros do Centro Espírita Luiz Gonzaga ou aos amigos da Livraria Allan Kardec Editora, que nos são sumamente estimáveis, mas sim reflete a nossa responsabilidade individual e coletiva, diante do porvir, quando os irmãos, agora encarnados, estiverem conosco, no Plano espiritual, sem possibilidades de reajustamento das próprias atitudes, à frente de abusos prováveis.
2º) Atentos ao exposto, o nosso presidente poderá escolher cento e oitenta mensagens no conjunto das que foram psicografadas, no período de 1950 a 1956, guardando, porém, o cuidado de evitar no livro a ser doado ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, a inclusão das que já foram publicadas em Reformador, órgão da Federação Espírita Brasileira, no período de tempo a que nos reportamos, para o que nossos amigos do Centro Espírita Luiz Gonzaga deverão consultar as coleções da referida publicação, de 1950 a 1956, para que, de futuro, quando a Livraria Allan Kardec Editora, por injunções do tempo, estiver modificada em suas diretrizes, não haja possibilidade de surgir entre ela e a Federação Espírita Brasileira, em nosso nome, qualquer reclamação ou desagrado, evitando-se, desse modo, querelas públicas, em desacordo com a Doutrina de paz e amor, empenhada em nossas mãos.
3º) Devemos esclarecer aos companheiros encarnados que assim agimos, em atenção a compromissos assumidos no Plano superior, no sentido de colaborarmos todos no progresso e engrandecimento da Federação Espírita Brasileira, que representa a Casa de nossa Causa, diante da qual nossos desejos devem desaparecer, por meio da renúncia sadia, ainda mesmo quando apareçam dificuldades de imediata compreensão com os trabalhadores encarnados que a dirigem e movimentam, de vez que, acima de nós, permanece a Obra do Cristo no Espiritismo, nela mediada, cabendo-nos o dever de auxiliá-la e prestigiá-la, tanto quanto nos seja possível, com o esquecimento de nossas próprias necessidades, pois, somente assim, unidos na concórdia e no serviço incessantes, é que cooperaremos em favor da vitória do Espiritismo nas consciências.
Aqui fica o nosso parecer, que apresentamos aos nossos amigos, com respeito e confiança, dentro da nossa gratidão de todos os dias, rogando a Jesus nos ampare e abençoe.
(Pedro Leopoldo (MG), 31 de julho de 1956)
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