Feliz Regresso

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Capítulo XIV

Guel

Querida mãezinha e meu querido papai Eurico.

Ainda estou varando a neblina da manhã na qual acordei, após a noite que não sei medir, mas a tia Joaquina me trouxe com o intuito de tranquilizá-los. Quase que posso dizer: “cheguei bem”.

Isso, no entanto, seria passar da tranquilidade para a vizinhança da ironia. Por este motivo, participo-lhes que “cheguei amparado”.

Tanta corrida e tanta pressa para abordar, assim de repente, a porta para a estrada da qual não se volta com a vestimenta do corpo.

Entretanto, não me queixo. No íntimo, conservava a ideia de que eu era um Miguel deslocado em São Miguel. Qualquer vento me carregaria. Fiz força para aclimatar-me, mas não consegui. Namoradas e bons amigos, festas e estudos não me atraíram.

Um certo sentido de chamamento predominava em minhas ideias e, às vezes, raciocinava e raciocinava para descobrir se não era eu diferente dos outros.

O que sei é que, embora convalescente, no parque de tratamento e repouso a que fui conduzido, estou descortinando novos caminhos e novas inclinações para tentar o desconhecido… Isso porém, não me faz esquecê-los.

O papai, a mãezinha e a nossa Cristina, a tia Amélia presente e todos os nossos estão em minha agenda de lembranças e se me refiro ao assunto é só para comunicar-lhes esperança e vida.

Mãezinha, encontrei aqui o nosso Pedro, o admirável Pedro, que se me deu a conhecer como sendo joia de nossa gente.

Momentos aparecem, nos quais a cabeça parece com sede de chão e a ideia de queda, ainda me assusta um tanto. Não tanto que me sinta amedrontado. Isso tudo é remanescente do atrito.

Engraçado! Os corpos da Terra, sejam eles de carne ou de ferro, entram em fase conflitante e destroem-se por si mesmos, entretanto, nós somos sempre os mesmos.

Nessa condição é que volto para dizer-lhes que espero regressar ao nosso convívio, a fim de lhes escrever com mais clareza.

A todos os meus ligas de São Miguel aquele abraço. Para a irmã e o cunhado muitas lembranças e, para o querido papai e para a querida mãezinha, o coração reconhecido do filho que prossegue cada vez mais vivo e mais agradecido por tudo de bom e belo que a vida sempre nos deu, sempre o filho e companheiro de sempre,


Guel

COMENTÁRIOS

Católico, de bom relacionamento no bairro em que residia, Miguel, com seus 20 janeiros, deixou muita saudade.

Apesar de sua juventude, sua admiração pelos mais idosos era um fato notável.

Extrovertido, procurava a alegria onde estivesse.

Como que pressentindo o seu momento de partir para a Vida Maior, em notas deixadas à pessoa de sua estima, destacamos: “Se eu estiver neste carnaval, nós vamos ficar juntos para sempre, e, se eu não estiver, para nunca mais…” Miguel desencarnou dias antes do carnaval.

Após 40 dias da desencarnação, volta Miguel com palavras amigas e esperançosas. Refere-se a familiares que se encontram no Plano Espiritual há 20 e 40 anos.

Marca ainda mais sua presença quando, no fim da carta psicografada, assina com o seu apelido “Guel”. Fato comovedor, imagem positiva, especialmente para os pais que lhe acalentaram a existência.


PESSOAS E FATOS

Miguel Ângelo Lapenna: Nascimento: 16.10.1958. Desencarnação: 4.2.1979.

Pais: Eurico Lapenna e Maria Aparecida Lapenna — Rua João Augusto de Moraes, 181 — São Miguel, São Paulo — SP.

Irmã: Maria Cristina Lapenna Colla.

Cunhado: Berico Vicente Colla.

Tios: Joaquina Fernandez, desencarnada, tia avó materna. Pedro Radosavelhevith, desencarnado, materno. Amélia Silva, materna.

São Miguel, bairro na capital de São Paulo.


Rubens S. Germinhasi


Guel
Francisco Cândido Xavier


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