Feliz Regresso
Versão para cópiaPaulo Henrique Dantas Bresciani
Querida mãezinha Tereza e meu querido papai Benedito. Estamos aqui, lembrando o tempo de colo, pedindo a bênção.
Não sei como iniciar estas notícias. Vim com a boa turma. Estou numa boa de adaptação.
Estou vendo os familiares queridos. Desejo lançar uma saudação especial para a tia Tê para o tio Osmany, tia Sílvia, para o nosso sempre lembrado Severino, para as primas Helena e Margarida, e os mais.
Não é fácil conversar de um mundo para outro. De modo geral, espera-se por aí o desencarnado com asas, como se a morte do corpo fosse uma cirurgia milagrosa. Acontece que somos o que fomos. Em meu caso, estou na condição dos caras que mesmo lutando para sobreviver não perdem a alegria de se reconhecer existindo. Vocês querem talvez novidades. Quando a Sílvia Vicentini apareceu por aqui, esperava a menina alguma frase espetacular de que eu não dispunha.
Guardo, porém, a certeza de que meus pais e parentes saberão desculpar o pobre banhista que se viu abotoando o paletó por mãos alheias.
Se pudesse, desejaria podar nos amigos o medo da grande penosa. O assunto não é tão misterioso qual se pensa. Aí no mundo físico, a gente usa o corpo como se veste a roupa comum. Roupa de estrutura complicada. Vestimenta repleta de servidores que não se enxerga enquanto se lhe enverga os atributos.
A criatura devora um bife suculento e atira para o criado de nome “estômago” para que ele faça a discriminação dos ingredientes ingeridos.
Bebe-se um refrigerante especial, para não recorrermos à imagem do uísque, e entrega-se o material para dois escravos batizados com o apelido de rins e os coitados que filtrem o líquido de que nos servimos, sem se cogitar se associamos algum veneno aos recursos que sorvemos para infelicidade dos dois servidores atentos.
E assim se gasta o corpo, o traje que nos brinda por aí com a melhor apresentação. A verdade, no entanto, é que chega o dia da largada. Dia de trocar a roupa e apoiarmos em outra.
Vocês sabem que o fenômeno me ocorreu num banho fajuto em Assis. Quando caí desgovernado na água mansa, começou a tal gritaria dos que ficam vestidos. Logo após aquela difícil sucção do boca-a-boca, a que me submeteram, me vi cambaleante, fora da pouca vestimenta que me cobria e meio desbaratinado quis voltar à casa do tio Osmany, imaginando que escapara daquela ameaça de morrer quando, em verdade, já me achava em outra. Tive receio dos companheiros que prosseguiam chamando por mim e reconhecendo-me vivo, julguei estivessem todos eles tantãs, amedrontados com o risco que eu vencera, em minha suposição. O negócio era pirandelar e corri ignorando para onde. Não conservava muita noção de rumo, porque a cuca parecia fundir-se com tantos pensamentos desencontrados.
Quando me vi numa praça ou num espaço aberto que me pareceu a Praça Arlindo Luz, surpreendi a presença do vovô Armando a tocar-me os ombros: “Oi, Paulo Henrique, você já não está por aí”.
Aquelas palavras do vovô, de cuja presença amorosa me lembrava perfeitamente, me alarmaram. Ao fitá-lo, recordei que ele nos deixara em 1976 e compreendi que estava à frente de um morto. Meu choque foi tamanho que desmaiei nos braços dele para um torpor que se ampliou até que me perdesse numa soneira de amargar. O resto já contei.
Penso, hoje, no entanto; que outra seria a minha situação, se tivesse aprendido algum ensinamento preparatório para aquela ocorrência.
Digo isso tudo para clarear minhas informações. Tive de deixar tantas esperanças e tantos apetrechos de rapaz que presentemente imagino como deve ser terrível o impacto da desencarnação sobre a pessoa que já se acostumou com a ideia da posse. Sinceramente, refletindo nisso, admito que, em meu problema foi melhor a largada quando eu ainda não competia na pista.
Aprendi, porém, o bastante para dizer aos familiares queridos que se pode fazer muito aí na Terra para melhorar os créditos e caminhos por aqui. Sucede, entretanto, que o câmbio é outro. Aí no Plano Físico, temos os investimentos e as poupanças, muito respeitáveis, aliás. Ainda assim, desses recursos, é importante destacar as parcelas para a prosperidade daqui, da Vida Espiritual.
Disse (lembro-me claramente dos professores amigos com a prece famosa do Santo) que “” (YouTube). Aqui a gente se informa de que recebemos por fora das agitações terrestres. Recebemos o que damos em nosso próprio mundo íntimo e aquilo que acumulamos, sem coragem de auxiliar aos outros, se transforma em grilhões que nos prendem às questões daí.
Não sei se estou fazendo preleção ou se estou falando para o vento. O caso é que não temos outra via para a felicidade.
Se puderem me ouvir, perceberão tudo. Quanto possível, vocês, meus queridos da família, acordem para esse curioso sistema de entregar sem interesse para possuir com alegria. Mais tarde observarão que vocês todos estão enfeitiçados pela veste material que todos restituiremos ao estoque das transformações do mundo.
Estamos aí com certidão e demais documentos para uso temporário. Os pais nos matriculam na existência terrestre e a escola começa a funcionar cedo para cada um.
Que a pessoa será desligada do educandário, não há dúvida. Que todos vocês e todos os nossos amigos, por ocasião desse desligamento, se vejam ricos pelo que doaram de si no socorro às necessidades alheias, são os meus votos.
Minhas histórias estão longas. Fiquemos em série. De outras vezes contaremos algo mais.
Querida mamãe Tereza e querido papai Benedito, em ambos abraço a todos. Agradeço os pensamentos com que me auxiliam. Estou melhor e mais forte.
Novembro findo cobria um ano sobre o banho renovador. Graças a Deus, não perdi a minha confiança na vida e a minha alegria de viver.
Recebam muito carinho e muito amor do filho e parente que está se ligando à família maior, sem perdê-los em meu coração.
Muitas saudades e agradecimentos do
COMENTÁRIOS
A iniciação do Espírito nas atividades terrenas, o período de adaptação às coisas e a identificação de sua personalidade fazem-no crer, na posse de seus atributos, que o caminho melhor é estar escorado nas bases do perfeito reconforto material.
Esquece, via de regra, que a representação das leis de Deus permanece desfilando em todos os instantes da existência, seja na pregação da boa palavra, na exemplificação elevada, na prática da caridade ou no respeito integral aos semelhantes, facultando-lhe o melhor entendimento.
Se não, vejamos Henrique:
“…como deve ser terrível o impacto da desencarnação sobre a pessoa que já se acostumou com a ideia da posse…(…) Aprendi, porém, o bastante para dizer aos familiares queridos que se pode fazer muito aí na Terra para melhorar os créditos e caminhos por aqui…”
Formemos tesouros espirituais no aprendizado com Jesus e adquiramos o direito de posse da felicidade futura, através do aprimoramento de nós mesmos.
PESSOAS E FATOS
Paulo Henrique Dantas Bresciani: Nascimento: 23.5.1960. Desencarnação: 3.11.1978.
Pais: Benedito Antônio Negrão Bresciani e Tereza Maria Dantas Bresciani — Rua Joaquim Norberto, 448, apto. 24 São Paulo — SP.
Irmão: Severino Armando Dantas Bresciani.
Avô: Armando Bresciani, paterno, desencarnado em 10.11.1976.
Tios: Maria Thereza de Souza Baptista (tia Tê); Osmany de Souza Baptista; Célia Antôria Alvarez; Sílvia Dantas Pôrto.
Primas: Maria Helena Dantas Serzedello; Margarida Maria Dantas Silva; Silvia Vicentini.
.: Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide , na seção Variedades.
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