Feliz Regresso
Versão para cópiaMauro Lira
Querida mãezinha Yveti, meu querido papai, peço-lhes para que me abençoem.
Venho completar a coleção dos filhos nesta noite, a fim de agradecer-lhes o carinho de sempre.
O coração verte lágrimas de alegria, dessas boas lágrimas da felicidade que sinto, contemplando a nossa união.
Nosso Edison, nossa Míriam, nosso Antoninho! E eu voltando para o reconhecimento. Acompanhei todas as manifestações de carinho do dia 7. E enterneci-me.
Meu querido Edison, você é aquele companheiro que desejaria ser para nossos pais. Senti-lhe o coração no meu próprio peito, refletindo na vida. Muito grato, irmão. Se você me permite, quero dizer pra você que o amo cada vez mais.
Você tem sido a alegria de nossa casa, o sorriso de esperança a reanimar nosso grupo ante as lutas da existência. Creia que em me despedindo do corpo, deixei que meus pensamentos voassem até você como a solicitar-lhe me substituísse.
Sonhara tanto! Imaginei que permaneceria por aí, escorando o papai Triumpho para que as lutas naturais de nossos tempos não lhe pesassem nos ombros! Mas, em me observando na despedida do carro físico, entendi que você, querido irmão, faria a minha vez. Continue assim, dedicado e nobre.
Sempre que posso, me identifico ao seu lado, inclinando-lhe, quando possível, o sentimento em favor de nossos pais queridos, de nossa Míriam e de nosso Antônio Carlos, para que todo o painel de nossas atividades ganhe aquela cor de alegria que a sua bondade sabe doar.
De cá, farei quanto puder, a fim de acompanhá-lo na missão do bem. Estude e prepare-se, cada vez mais. A existência na Terra pede hoje semelhante esforço que precisa ser contínuo se nos propomos a galgar a escada do reconforto.
Sei que você não partilha tanto de meus cuidados e faz muito bem. Quando me sejam possíveis realizações novas na 5ida Diferente a que fui trazido, não me esquecerei de repartir com você as alegrias que o seu devotamento me proporciona.
Estou trabalhando. E muito. Renovando-me a cada dia, para atingir as melhoras de que careço e sei que você no mundo saberá agir sempre no bem, porque em você a dedicação ao melhor se alteia por bandeira invisível a lhe encaminhar os passos, na direção do progresso.
Agradeço, com todo o meu coração, ao papai e à mamãe, a ênfase que deram às minhas pobres palavras. Minhas notícias são ainda pequenas lembranças de fraternidade, para testemunhar-lhes o amor e a gratidão de todos os dias.
Felizmente, encontro a família unida, como sempre, recordando todos juntos, a felicidade que Deus nos permitiu desfrutar enquanto na Terra…
Sei que muitas cousas mudaram, mas peço-lhe para que o nosso ponto de encontro — o lar — seja mantido sem alteração.
Míriam é hoje uma grande moça e os braços do Antoninho estão maiores para o trabalho.
Sei que vocês estimariam saber algo mais de nossa existência por aqui. Pois olhem, não apenas o tio Manoel tem sido um devotado companheiro para mim. Não sei se já consegui dizer-lhes que meu avô Acácio tem me amparado bastante, que não tenho apenas um vovô Cecílio, pois tenho dois. São eles todos excelentes amigos que me auxiliam a transformar a saudade em força de esperança.
A família espiritual está aqui conosco, formando um círculo de ternura que vela sempre por nós e para nós. Claro que a gente não sabe definir essas realidades.
Meu avô Cecílio me trata como sendo um filho e me auxilia a superar todos os percalços que se me apresentam na condição de problemas duros de resolver e tanto ele quanto outros protetores estão a postos, onde me encontram advogando a nossa paz e a nossa felicidade.
Querida mamãe e querido papai, quando forem a São Bento peço para que os amigos de lá me perdoem o trabalho que lhes dei. Por vezes, fico pensando, um tanto envergonhado, no papelão que fiz, insistindo em salvar da máquina pesada um pequeno brinquedo, aliás, sem importância nenhuma que me arrastou para a lateral da morte. Hoje, aqui, me sinto mais compreensivo e a maturidade espiritual está batendo à minha porta.
Peço a você, querido Edinho, não abusar de máquinas. São todas elas filhas do progresso, mas se assemelham aos monjolos das antigas fazendas: Com a maior indiferença, trituram a vida de um homem, tanto quanto a espiga de milho que se lhe dê.
Creio que os aparelhos da evolução da Terra foram criados por Deus a fim de ajudar-nos, mas isso não nos dispensa do dever de ajudá-los, como se faz preciso.
Agradeço a todos os amigos que se esmeraram para auxiliar-me até que alcançasse o dia de hoje em que me vejo mais integrado em mim mesmo.
À nossa Míriam e ao nosso Antoninho, o meu abração, com toda alma de filho reconhecido aos nossos queridos pais presentes. Deus os recompense pela felicidade que me proporcionaram, aceitando-me as notícias e creiam que conservo todos na memória e no coração reconhecido.
Edinho, agradeço ainda a você as quotas de poupança que você guarda, no sentido de colaborar para que nossos irmãos necessitados recebam o pão a mais e em favor de nossos irmãos que enfrentam maior dificuldade que nós mesmos. Recebo tudo isso que você faz em meu nome, na pessoa dos nossos amigos que sofrem e agradeço a você, querido irmão, pela iniciativa.
A Míriam e ao Antoninho agradeço ainda, igualmente, e aos nossos queridos pais deixo toda a minha alma no cofre do coração que lhes pertence inteirinho, com um afetuoso abraço a você, querido Edison, do irmão sempre em seus passos, rogando a Jesus nos abençoe a todos e nos guarde unidos para sempre.
COMENTÁRIOS
Aceitar a vida, acreditar na vida é nossa obrigação, porque a vida nos pertence. As provas nos alcançam e, por vezes, as esperanças se desfazem. Habitualmente a morte aparece e rasga-nos o peito em sofrimento. A perda de um ente amado é uma dor irreparável. A misericórdia de Deus, porém, nos protege, nos acolhe e nos abre novos caminhos para a Vida Imperecível.
Mauro Lira emerge do acidente cruel, clareando o caminho dos familiares qual fonte de luz. Mostra com detalhes a própria personalidade. Diz lastimar o modo com que se lhe assinalou a desencarnação.
Salvar um simples brinquedo “Skate” na autoestrada e ser colhido por um caminhão de carga pesada. Suas desculpas ante os companheiros, seu amor aos pais e irmãos e informações surpreendentes em seus comunicados, são verdadeiras revelações para a família a lhe marcarem nova vida.
Um pouco de socorro à saudade, um pouco mais de paz. Uma esperança a mais no reencontro.
PESSOAS E FATOS
Mauro Lira: Nascimento: 7.10.1961. Desencarnação: 6.7.1977.
Pais: Triumpho Lira e Yveti da Silva Lira — Rua Tucuman, 133, São Paulo — SP.
Irmãos: Miriam, Edison, Antoninho.
Avôs: Cecílio Lira Filho, paterno, desencarnado. Acácio J. da Silva, materno, desencarnado. Manoel Lira Rodrigues, tio avô paterno.
São Bento, cidade de São Bento do Sapucaí.
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