Filhos Voltando

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Capítulo XIII

13ª Carta

José Roberto Pereira da Silva nasceu em São Paulo-SP, no dia 6 de agosto de 1953. Filho de Nery Pereira da Silva e Lucy Ianez da Silva, cursava o 1.° ano de Medicina em Mogi das Cruzes, cidade próxima da capital paulista, quando faleceu no acidente envolvendo o trem que, rumo de Mogi, conduzia sobretudo universitários, na manhã de 8 de junho de 1972. Contava, ao desencarnar, 19 anos.

A primeira mensagem do Beto, como era chamado, foi recebida por Francisco Cândido Xavier, pouco mais de um ano depois, no dia 29 de setembro de 1973.

Perguntamos a seus pais, Nery e D. Lucy, a respeito do modo pelo qual receberam o recado do filho, através do Chico, do significado da primeira e das demais mensagens psicografadas pelo querido médium.

Literalmente, assim se expressou D. Lucy:

“Desesperada de dor, através de vizinha amiga, conheci D. Yolanda Cezar que me levou a Uberaba para falar com Chico Xavier. Isto quase um ano após a morte do Beto.

Voltei a Uberaba por mais duas vezes e na terceira viagem, manhã de 29 de setembro de 1973, nosso querido Beto se manifestou.

Não sei como resisti, pois nunca poderia imaginar que, através das mãos benditas de nosso Chico Xavier, viessem tantas provas juntas, mostrando-nos que era meu filho mesmo quem escrevia.

Ao voltar de Uberaba, com a mensagem que para mim representava um tesouro, de pronto a li para meu marido que desde as primeiras palavras ficou muito emocionado e surpreso, pois aquelas páginas eram de irretorquível autenticidade. “É mesmo nosso filho!”, dizia meu marido.

Então, nossa vida começou a mudar. A noite do desespero e do sofrimento, difíceis de descrever, começava a dar espaço às primeiras claridades da manhã.

Evidentemente as viagens a Uberaba agora se intensificavam; o contato com Chico e os recados do Beto davam-nos sempre mais forças, coragem e ânimo para viver.

Hoje, entendemos que nosso filho nos foi emprestado por Jesus pelo prazo de 19 anos, mas continuamos juntos espiritualmente, mais juntos mesmo do que antes, embora de outra forma. Deus não se afasta de nós, a vida continua e seguiremos para a grande alegria de nosso reencontro.”




Querida mamãe, peço a sua bênção comigo.

Dizer o que sinto agora, querida mamãe, é impossível. Quem conseguirá descrever o que se sente entre duas vidas?

Eu não sei o que fazer nesta hora em que nos revemos assim, através das letras que seu filho vai escrevendo com o coração nos dedos, amparado pelas mãos de amigos e benfeitores que nos protegem.

O papel aqui me parece um espelho em que meu pensamento se reflete… Entretanto, mãezinha, o papel não retrata as lágrimas. As lágrimas de alegria e de gratidão que elevo a Jesus, agradecendo estes minutos de escrita.

Receba, porém, todos os melhores sentimentos de seu filho, nestas frases que vou transmitindo às páginas, sem cogitar de saber com exatidão, como vou registrando o que sinto…

Não chore mais, mãezinha, e peça ao querido papai me auxilie com a fortaleza que ele vai reconstruindo pouco a pouco…

Desde aquela manhã final de 8 de junho, a saudade ficou mesmo entre nós, mas o amor cresceu e cresce cada vez mais. E é no amor que vivemos, porque o amor é a presença de Deus.

Ajudem-me. Não lastimem mais a partida inesperada do filho que desejaria ter ficado… Entretanto, a lei de Deus sabe mais que os nossos desejos. Se pudesse, teria permanecido, permanecido sempre, até que pudéssemos avançar todos juntos no tempo, sem separação e sem morte.

Não creiam que o sofrimento do adeus não está igualmente aqui… Estamos vivos e quase felizes, mas é preciso lembrar que este quase é a lâmina que a saudade significa em nosso coração firme na fé.

Estamos contentes e renovados, mas a despedida dói mais, porque o pranto dos que amamos é chuva de aflições sobre nós.

Lembro, mãezinha querida, o papai trabalhando para entesourar os recursos diante do futuro.

Lembro-me de que ele me pedia dar toda a atenção aos estudos, enquanto ele sonhava com um hospital em que a Medicina me aguardasse, para cumprir encargos de amor ao pé dos doentes…

Rogo a ele que não desanime, nem se canse… Além de nossa querida Sandra, temos outros corações para auxiliar. Os companheiros que ficaram, que lutam, que estudam e que esperam dias melhores do Amanhã da Vida, contam igualmente conosco.

Rogo ao papai não esmorecer, porque precisamos continuar… Continuar para valorizar o tempo e os recursos que o Alto nos concedeu…

Tenho sofrido bastante com as inquietações dos familiares queridos. Não fosse isso, mãezinha, e tudo estaria melhor.

Não pensem — mas não pensem mesmo — em mim à maneira de alguém que fosse esmagado pelo acidente. O que se perdeu foi um retrato — um retrato que um dia, em verdade, deveria desaparecer. Eu mesmo estou forte, reanimado, a pedir-lhes para que vivam e lutem pelo bem de nós todos.

Papai, escute o meu grito. Não morri, não!

Trabalhe, meu pai, guarde o seu ânimo de homem de bem. Não queira morrer para reencontrar-me, porque eu prossigo vivendo para reencontrá-lo, a cada dia, mais encorajado para a luta em favor do bem.

Não me procure chorando e clamando por mim, no recanto de terra, onde meu retrato ficou arquivado!

Agradeço o seu carinho, meu querido pai, suas preces e suas manifestações de amor, e peço a Deus lhe recompense a abnegação, mas não procure por seu filho a pedir com tanta dor para que a nossa dor necessária não exista.

O tempo com a bênção de Deus nos ajudará. Rogo-lhe viver e viver criando felicidade e progresso para nós todos.

O trem de Mogi, no dia 8 de junho do ano passado, não trouxe para cá os rapazes todos.

O senhor queria que eu ficasse aí para realizar os seus ideais, no entanto, eu não estou morto, meu pai! Estou vivo! E trabalharei com as suas mãos.

Recordo as suas palavras, lembrando os dias de sua infância. Você queria seu filho num hospital para atender às crianças necessitadas e auxiliar aos enfermos desvalidos, sem maiores recursos… E quem diz que não vou servir?

Agora, conheço mais profundamente a nossa Gruta de Maquiné das conversações e até o Padre João de Santo Antônio, que nossa família sempre honrou com abençoada devoção, me veio ver e abraçar em nome do carinho de meus antepassados, aqueles mesmos, papai, que puseram no seu peito de missionário do bem o coração generoso que o senhor traz na alma.

Vovô Ianez me acolheu logo que me vi necessitado de apoio. Digo assim, porque depois de cair como se houvesse sorvido um tranquilizante violento para dormir, apenas dormi pesadamente… Sonhava a me ver no vagão, brincando com os amigos e comentando as alegrias que projetávamos para as férias próximas… Como que prosseguia, a dormir, na viagem que parecia não terminar, até que as minhas impressões se transformaram num pesadelo, do qual acordei num leito de tranquila enfermaria, com uma faixa a me resguardar a cabeça.

Despertei, sentindo a dor, e imaginei que fora acidentado, sem a certeza disso. Remédios vieram de mãos amigas e dormi de novo para depois acordar com mais calma…

Entretanto, aí, foi a nossa casa a se revelar por dentro de mim.

O senhor e a mamãe, chorando e clamando, sem que eu nada pudesse responder…

Parentes nossos vieram de modo surpreendente em meu favor, e vou indo, pouco a pouco, retomando a vida.

O que sucedeu realmente ainda não sei por detalhes. Estou à feição de alguém que houvesse sofrido longo processo de anestesia, sem memória muito segura para recordar minudências. Mas vovô Ianez e o vovô Leite, irmãs de caridade cristã que foram e são amigas de minha avó desde os dias da devoção a Santo Antônio, me auxiliaram com carinho e bênção, dando-me novas forças.

Rogo ao senhor, papai — a você meu pai e meu amigo — fortalecer mamãe e Sandrinha, com o seu esforço e com a sua coragem.

Deus não se afasta de nós, a vida continua e estamos juntos, embora de outra forma.

Lembre-se com mamãe de que desde os primeiros dias da escola, a ideia de um trem de ferro estava comigo e de que a preocupação com o tempo me obrigava a estar marcando datas e mais datas. Algo em mim falava que os dias para mim seriam curtos na Terra e que um comboio estava me aguardando para a viagem final, mas final de linha, meu querido papai, porque os trilhos continuam…

Para mim é como se o trem de Mogi tivesse entrado num túnel… De um lado ficaram vocês, os meus entes amados e de outro estou eu, continuando em nova forma… Peço-lhes mais uma vez para que me ajudem.

A saudade deve ser para nós uma prece de esperança e com essa prece, trabalhando no bem aos nossos irmãos do caminho, seguimos para a luz do reencontro…

Mãezinha, não chore mais. Ampare-me com a sua fé.

Rogo aos meus queridos avós para me auxiliarem. Ano passado foi terrível para mim, o seis de agosto!

Se puderem, no próximo aniversário, façamos a festa de nossa comunhão espiritual, ofertando um bolo às crianças reunidas em lar de Jesus, sem o lar terrestre que não puderam ter. Estarei com vocês e vamos encontrar muita alegria.

Não deixem que a nossa casa se transforme em recanto de sombras e lágrimas.

A vida é tesouro de Deus e todos estamos ricos de trabalho e esperança, fé e conhecimento.

Agora, é o ponto final que me pedem. Não posso escrever mais. Minhas forças não estão muito seguras. Estou como quem cumpriu uma prova difícil — a de escrever quase sem possibilidade para fazer isto.

Querido papai, querida mãezinha, querida Sandrinha, meus queridos avós e meus companheiros queridos, aqui, com toda a minha confiança, aquele abraço de meu coração reconhecido.


Beto

29 de setembro de 1973.


CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

A respeito da mensagem que acabamos de ler, as notas de rodapé esclarecem nomes e fatos, contudo, alguma coisa mais há que dizer-se:

Quando Beto diz ao pai: “Você queria seu filho num hospital para atender às crianças necessitadas e auxiliar aos enfermos desvalidos, sem maiores recursos…” expressa a mais pura realidade, ignorada pelo médium. Realmente, o Sr. Nery, por várias vezes, manifestara ao filho o desejo de construir-lhe um hospital para o atendimento de pacientes sem recursos. Era um sonho acalentado com muito empenho.

Também, em determinado trecho do comunicado, Beto diz: “Lembre-se com mamãe de que, desde os primeiros dias da escola, a ideia de um trem de ferro estava comigo e de que a preocupação com o tempo me obrigava a estar marcando datas e mais datas. Algo me falava que os dias para mim seriam curtos na Terra e que um comboio me estava aguardando para a viagem final…”

D. Lucy confirmou que Beto, de modo obsessivo, vivia escrevendo e datando seu nome nos mais variados objetos que lhe surgissem à mão e nos permitiu apresentar algumas fotos que documentam o hábito singular lembrado pelo filho no texto psicografado.

Também com relação à verdadeira paixão do Beto pelos comboios, contou-nos sua genitora que o rapaz, embora tenha sido aprovado em outras Faculdades de Medicina mais próximas, preferiu fazer o curso em Mogi das Cruzes, pelo insopitável anseio de viajar diariamente no trem de ferro, encontrando a desencarnação numa dessas viagens.




Querida mãezinha, Deus abençoe a nós todos.

Estamos bem. Lutando por aprender de modo a podermos realizar o melhor.

Não se aflija, o clima de trabalho se desdobra. As tarefas são imensas.

É como se a gente obtivesse um diploma, a fim de encontrar o mundo pela frente. Habituarmo-nos a servir agora é uma necessidade a que não se consegue fugir.

Ajude a seu filho, com a sua paz confiante.

Compreendemos. A fome de notícias entre nós é semelhante àquela sede de cartas e palavras, quando, aí na Terra, nos achamos distantes uns dos outros. Mas, creia, mãezinha, pelos pensamentos, o nosso diálogo está sempre mais ativo e mais profundo.

Acalme os nossos entes queridos e estejamos tranquilos.

Nossos amigos Toledo e Fernando estão aqui conosco e agradecem o amor das queridas mãezinhas aqui presentes. Nosso caro Toledo roga ao pai o auxilie a sustentar a querida mãezinha sempre firme e sempre forte na fé.

Por hoje é unicamente este bilhete simples o que posso escrever.

Receba, querida mãezinha, com todos os nossos corações queridos, todo amor e todo reconhecimento de seu filho, sempre mais seu,


José Roberto

12 de abril de 1975.




Querida mamãe, como sempre, seu filho pede a sua bênção.

Mãezinha, nós sabemos. A saudade é um tormento, uma doença, mas precisamos suportá-la, transformando-a em serviço e esperança.

Não se aflija, se nossa palavra demora. Palavra é som e o pensamento é luz. E a luz chega sempre antes. Pelos pensamentos estamos mais unidos do que nunca.

Às vezes, queremos escrever, mas precisamos coibir esses desejos para não ferir companheiros que tanto desejariam expressar-se e que ainda não dispõem de meios.

Fique tranquila. Estou bem.

O túnel para Mogi me trouxe para outra faculdade e estou estudando com muita atenção. Quero aprender a curar os corpos e as almas doentes. Auxilie a seu filho com a sua coragem. Estou igualmente cooperando pela paz dos nossos, especialmente pela tranquilidade da irmãzinha. A família continua e o amor nunca morre. Esteja certa de que ouço todos os seus pedidos.

Seu Beto é pobre ainda, mas vai trabalhar muito para merecer ajudar ao seu coração e ao coração de meu pai e de todos os nossos.

Desejo ao seu carinho um Céu de estrelas sem nuvens a esconder-lhes a luz e receba o abraço de muito amor e de muita gratidão do seu filho.


José Roberto

05 de agosto de 1975.




Querida mãezinha, peço a sua bênção.

É só um bilhete. Agradeço o carinho destes dias, como sempre.

Estou aqui, ao seu lado, confirmando presença e amor. A nossa união é inalterável.

Peço-lhe, não fique triste, nem desanimada em momento algum.

Seu filho está agindo e estudando. Criando forças novas. Trabalharei. Quero dar muita alegria ao seu coração e a todos os corações que amamos.

Mamãe, a vida é uma herança de Deus. Herança eterna. Confiemos. Não há morte. Repetiremos isso até que todos se conscientizem das realidades do espírito.

Prossigamos para a frente, buscando Jesus, embora sentindo Jesus em nós, pelas lições do Senhor que nos iluminam a estrada.

Mãe querida, em seu carinho, o reconhecimento com todo o amor de seu filho,

Beto

07 de agosto de 1976.




Mãe querida, peço a sua bênção. Ao mesmo tempo, rogo a Deus nos proteja a todos.

Estou muito grato aos Mentores Espirituais pela concessão: escrever aos pais queridos e comentar os ensinamentos novos, todos eles bordados de saudade.

Falo de saudade, mãezinha, mas essa é uma inquilina permanente do coração, convertendo-nos em Espíritos transformados para sempre em filhos conscientes de Deus.

Não nos imaginem distantes — nós os filhos que precederam pais bem-amados na mudança para a Vida Maior. Estamos unidos, associados na mesma esperança e no mesmo ideal de vencer.

Compreendo, tantos somos, que mais vale afastar de uma só vez a ideia de que seja outro que fala. Sou eu mesmo, Beto, o companheiro do túnel que varou, às pressas, as fronteiras que nos separam uma vida da outra vida. E venho, mamãe, pedir-lhe calma e bom-ânimo.

As nossas notícias reconfortam, mas suscitam em casa novas perspectivas de notícias outras. Parece que, entre dois mundos, cada mensagem ou frase de intercâmbio entre nós lembra uma sede não extinta. Começamos a sorver a água pura da certeza de nossa sobrevivência e de nosso amor, entretanto, a impermanência das impressões de natureza física nos deixa a ideia de que o líquido não chegou a retirar a febre da saudade de nosso campo íntimo.

Ainda assim, mamãe, não temos outro caminho para sustentar-nos, ante a fome do reencontro. Aqui nos ensinam que a Bondade de Deus nos concede essa insatisfação para que, ao buscar-nos uns aos outros, estejamos seguindo à frente, conduzindo outros que sem essa ou aquela migalha de amor, de nossa parte, talvez desfalecessem.

Aqui também nós somos impelidos por essa força à contenção de nossos impulsos inferiores para maior devotamento ao trabalho e, consequentemente, ao progresso. Somos lembrados no mundo por entre nuvens de lágrimas e recordamos os nossos entes amados com a neblina do pranto a lavar-nos os corações. Isso significa que nos cabe enorme esforço para a reintegração total no amor-presença que se define por fator máximo de alegria em nossas vidas.

Venho rogar igualmente ao papai amigo e devotado para que se reconstitua plenamente na fé.

Ouço nos recessos da alma o que ele me diz sem articular palavras e o que ele me escreve em tudo aquilo que não fica escrito; no entanto, peço a ele para nos encorajarmos à procura da felicidade a que aspiramos. Às vezes, mãezinha, vejo-o a mentalizar aquela viagem final de seu filho, quando no Plano Físico, e noto a perfeição de detalhes com que ele procura reconstruir mentalmente o túnel que me assinalou um ponto importante na 5ida Espiritual.

No entanto, agora penso, mamãe, que há sempre um túnel para quem vive na Terra. É preciso nos decidamos a encontrar os que estão varando os túneis da tristeza e do desânimo, da angústia e da provação, muito mais escuros e mais dolorosos que o túnel da estrada de Mogi.

Mãezinha, nós, os que regressamos, não somos apenas portadores de notícias que poderiam ser retardadas. Somos braços que acenam a novos caminhos, mãos que esculpem novos mapas de trabalho, vozes de esperança e cartas de renovação. Outra vida nos pede preparação, alvoradas novas anunciam novos dias. Todos os que se acham em túneis de abandono e de infortúnio, quantos se instalaram no comboio das provas, sonhando diplomações de cultura e felicidade no Reino Espiritual, são lembrados para essa festa de paz e amor.

Deus existe e a alma é imortal! A morte é alteração da forma, alteração apenas e nós todos estamos reunidos em Deus, conquanto a separação aparente em que as nossas conceituações tradicionais da vida no mundo nos obrigam a adotar provisoriamente.

Ainda mesmo quando falemos em saudade e lágrimas, expressando-nos da Vida Nova, estamos pedindo coragem e fortaleza àqueles que amamos. A sensibilidade nossa pode estar ferida ou as nossas forças dilapidadas, mas, na essência, estamos edificando uma vida melhor, em que a ausência com a certeza do reencontro nos impele a renovar-nos para Deus, trabalhando e servindo cada vez mais.

Agradeço os pensamentos de paz e amor da nossa querida Sandra. Estamos entrosados na mesma construção. Em verdade, não conseguimos suprimir os obstáculos da estrada em que seguimos, lado a lado, suportando cada qual o abençoado fardo de nossas necessidades e aspirações. E, nessa bendita comunhão, dar-nos-emos todos as mãos para que a subida se faça menos difícil. Digo assim porque toda senda para o Alto é sempre íngreme, prenunciando cansaço e empeços naturais diante da marcha.

Ao escrever nesta noite, desejo expressar os nossos votos de paz e alegria a todos os corações amigos que nos partilham as orações. Nosso real desejo seria o de que todos os pais e mães presentes algo recebessem dos filhos queridos ou de outras criaturas abençoadas, dentre os que se domiciliam aqui; porém, estamos restritos a certas quotas de força.

Mesmo nessas limitações, temos a satisfação de transmitir algumas notícias dos amigos e companheiros presentes aos amados, aqui conosco.

Nosso amigo José Roberto Pereira Cassiano, o nosso querido Shabi, abraça os pais: em companhia da irmã Dosolina que beija a nossa querida irmã D. Maura. Nosso irmão Alfredo Pessoa, com o nosso amigo Tato, recomenda seja dito à sua filha, nossa irmã D. Dirce, que ele e outros amigos estão colaborando em auxílio aos irmãos Severino e Olavo.

A jovem Mafalda beija as mãos da sua querida mãezinha, nossa irmã Marinetti, agradecendo-lhe a conformação e o valor com que soube aceitar a prova da separação violenta que as distanciou uma da outra entre o campo terrestre e a Vida Espiritual.

Nosso irmão, de nome Ério, abraça os pais queridos e notifica que prossegue em tratamento espiritual adequado.

Entre os nossos queridos Toledos, Carlos, o irmão de nossas faixas de trabalho, não só beija a fronte dos amigos queridos que lhes foram pai e mãe no mundo, mas abraça também aos irmãos Marília e Antônio Carlos, informando ao nosso amigo Carlos Eduardo, o querido pai e companheiro de sempre, que o seu amigo Dr. Carlos Mesquita está sob atenciosos cuidados de benfeitores da Espiritualidade Maior e comunica, ainda, aos pais queridos, nossos irmãos Toledo e D. Olga, que não se despreocupará do auxílio solicitado em benefício do nosso amigo Flávio Mindlin e da querida irmã Heloísa.

Nossa irmã Pia Maciel volve ao convívio das filhas queridas e pede ao genro-filho paciência e fortaleza, na certeza de que as lutas presentes passarão, deixando precioso saldo de paz.

Nosso amigo Durval Tricta beija a filha querida, nossa irmã Dinah, e pede seja dito à esposa dele que, em companhia de médicos amigos, está cogitando de auxiliar-lhe a saúde no lar de Sorocaba.

E outros e mais outros dedicam lembranças afetuosas a todos os presentes.

Por fim, quero dizer que o nosso estimado Augusto Cezar está conosco, auxiliando-me a grafar esta carta, ao mesmo tempo que envolve nossa querida irmã Yolanda, que ele considera seu anjo protetor, nas mais puras vibrações de reconhecimento e carinho.

Mãezinha Lucy, não se deixe dominar por tristeza alguma. As lutas são exames de habilitação para cada um de nós e, com paciência, transformaremos todas as dores em alegrias na química da vida. Os dias se desdobram apressados, sofrimentos são unicamente pequenas pedras que o tempo nos auxilia a transformar em joias de alto preço, nos tesouros da Eternidade. Estamos aqui estudando e trabalhando, a fim de honrar os nossos pais queridos.

Aí se fala em muitos votos à memória dos mortos que não morreram, pois aqui, igualmente, renovamos compromissos de trabalho e aperfeiçoamento, a fim de aguardar o reencontro nosso com os valores diferentes que possamos acumular em nós para recebê-los um dia, com o respeito e a gratidão que lhes devemos.

Mãezinha, abrace por mim aos nossos — a todos os nossos, especialmente aqueles que dividem conosco as inquietações e alegrias diárias. Peça ao papai por mim, para não desanimar em momento algum e que será melhor recordar trabalhando que recordar sofrendo.

A ele e à nossa Sandra, com os nossos corações queridos, a minha ternura iluminada de preces nas quais peço a Deus nos abençoe e nos fortaleça, ao mesmo tempo que rogo ao seu carinho de mãe receber um beijo de muito amor e de muita saudade, com tudo o que seu filho possa ser e sentir de melhor.

Sempre seu filho em seu coração, sempre seu

Beto

29 de agosto de 1976.




Meu pai, querida mãezinha, peço-lhes a bênção.

Estamos reconhecidos com a festa. Um bolo de aniversário, baseado nas alegrias da prece! Não sei o que dizer. A palavra parou na garganta e as melhores letras que eu desejava escrever parecem encerradas dentro do lápis. Trago-lhes, desse modo, pais queridos, todo o meu coração.

A nossa solenidade do natalício foi um acontecimento espiritual de muita significação. Uma comemoração para as comemorações do futuro. As alegrias do lar trazidas para outros lares, especialmente aqueles lares em que outros filhos e outros pais estão lutando pela sobrevivência.

Do lado terrestre, os amigos queridos, com tantos companheiros abençoados e tantos corações maternos, a se desfazerem na felicidade de fazer os outros felizes.

De nosso lado, é natural lhes diga que o nosso amigo Augusto foi maestro da orquestração de paz e de esperança que nos iluminou os corações. Wady, Carlos Toledo, o Jair Presente, o Ério, a Volquimar, as irmãs Maria Helena e Maria Célia, o Nasser, o Shabi, o Henrique Gregóris, e tantos outros da união com Jesus nos rejubilávamos pela oportunidade de estarmos todos juntos.

E pedi a professores, especialmente meus, em Medicina, cooperassem conosco, trazendo aos nossos irmãos visitados, recursos magnéticos de saúde, nos quais, com as fatias do bolo, transmitissem saúde e forças novas aos nossos irmãos doentes, notadamente as crianças. E eu, pobre rapaz do natal feliz com a irmãzinha Sandra em meu coração, pedi a Deus os recompense a todos. E agradeci por tudo, porquanto, nestas horas da Terra em que os noticiários falam de guerras e ódios, de calamidade e lutas, nós, debaixo daquele céu azul, louvávamos a Deus, cantando a esperança num mundo melhor.

Agradeço por todas as crianças e por todas as mães, por todos os pais e por todos os irmãos que a festa beneficiou e peço a Jesus coloque nas mãos de nossos benfeitores de São Paulo e de Santa Isabel, como também de outros recantos ali presentes, novos tesouros de amor para a exaltação do bem, nas estrelas invisíveis da caridade.

Papai e mãezinha querida, muito grato à lembrança. Meus avós Francisco e Ianez estavam conosco e ali todos éramos corações unidos em Jesus, sem qualquer separação, entre os mais jovens e os mais altamente amadurecidos na experiência. Desejava escrever um poema em que lhes agradecesse tanto carinho e tanto amor, mas escrevo no coração a prece de agradecimento, na qual peço a Deus os faça felizes.

Creiam. Quando atravessarem o túnel da existência humana, farei o possível para exprimir-lhes a todos a minha gratidão.

Papai e mamãe querida, com os nossos amigos e com as nossas irmãs transformados hoje em nossa família maior, recebam o abraço em forma de coração do filho e amigo muito reconhecido.


José Roberto

06 de agosto de 1977.




Mãezinha Lucy, Deus nos proteja e abençoe.

Um cartão no papel. Só isto. Mas o coração está em cada letra, desejando-lhe um aniversário muito feliz — um aniversário de estrela maternal ao nascer no céu de nossas vidas e outro aniversário de união feliz com o papai. Felicito a ambos. Agradeço as dádivas de seu amor às crianças, recordando seu filho. Isso me fala profundamente ao coração. Deus a recompense. Peça por mim à nossa querida Sandra muita paciência e serenidade.

Tudo encontra a paz, quando esperamos por Deus. Nosso amigo Shabi transmite um beijo de muito carinho aos pais e não posso omitir uma solicitação. O jovem César Araújo Maffra nos solicita registrar aqui um abraço aos queridos pais presentes. Está em nossa reunião, mas ainda não se sente bastante forte para escrever sem lágrimas — lágrimas de alegria e reconhecimento aos pais a quem ama tanto.

Mãezinha Lucy, receba mais um abraço. Um abraço do tamanho do amor de seu filho que lhe beija carinhosamente as mãos.

Sempre seu

Beto

22 de outubro de 1977.




Querido papai Nery, minha querida mamãe, querida Sandra, estou aqui, recordando a bênção de casa e pedindo a Deus que nos proteja e abençoe a todos, sem me esquecer dos familiares distantes.

Estou emocionado com esse carinho com que me rememoram os vinte e cinco anos de ligação com a vida nova. Recolhendo tanto amor, posso dizer-lhes que o meu reconhecimento está sendo escrito com letras em forma de lágrimas. Lágrimas de felicidade, porque Deus nos facultou o reencontro. A morte do corpo não conseguiu deslustrar-nos a fé. As dificuldades para o relacionamento constante, aliás, nos acalentaram a esperança de modo diferente.

Se provações aparecem, estamos em dia com as orações de confiança em Deus, sabendo que terminarão em tempo breve; se obstáculos repontam do caminho, lembramo-nos para logo de que prosseguimos juntos, trabalhando uns pelos outros; nas horas de insegurança, recorremos à inspiração para resolver os mais intrincados problemas com as sugestões do Mais Alto; e, sobretudo, quando surpresas dolorosas se destacam no cotidiano, a certeza de que não nos separamos nos dá forças novas, auxiliando-nos a suportar com paciência, qualquer tipo de violência que se nos faça.

Creiam que sou mais feliz agora em que o amor é uma luz permanente a clarear-nos os corações por dentro, para sabermos que Jesus não nos abandona.

Mãezinha, agradeço ao seu carinho, à bondade de nossa irmã Dona Maura e de todos os outros corações amigos que ofereceram hoje tanto carinho e tantas bênçãos em meu nome. Aquele bolo da fraternidade, numa festa sob os céus da tarde, parecia-me o meu próprio coração repartido com as crianças que são hoje mais nossas. Tantas dádivas recebi.

E assim me expresso, porque em cada sorriso de nossos pequeninos e de nossos irmãos em provas, se me afigurava estar recebendo alimento espiritual que me nutria e me nutre o sentimento para a aquisição de nova fé na vida.

Muito grato, papai, por suas cartas, por suas felicitações escritas em pranto, no recanto íntimo de nossas meditações.

Sandra, agradeço ao seu coração de irmã o entendimento com que aderiu às nossas lembranças. Irmãs e benfeitoras queridas que auxiliaram minha mãe a realizar estes votos pelo filho que a morte não aniquilou, muito obrigado! Deus as recompensará com bênçãos renovadas de paz e alegria, luz e amor.

E aqui, diante de todos os amigos, quero dizer que não mereci tanto brilho de ternura e tanto testemunho de abnegação, transferindo a todos os irmãos e a todas as irmãs aqui reunidos, as doações de generosidade que me foram feitas.

Elas pertencem a vocês todos, os que acreditam nas promessas de Jesus, ao anunciar-nos que a vida seria amor e proteção de Deus para sempre. Pertencem a todos os corações que se congregam aqui nesta noite, na certeza de que Deus não nos separaria uns dos outros e que o amor vence a morte, para ser perdão e entendimento, paz e luz.

Mãezinha Lucy e meu caro papai, estou reconhecido. Conosco se encontram amigos queridos outros que, de nossa Vida Nova, acorrem a participar de nossas preces de gratidão e de esperança.

Shabi, o amigo maravilhoso nos trouxe poemas de amizade e carinho, cujas vibrações se derramam em nosso favor em todo o ambiente; Rubens Lázaro e o irmão José de Assis Toledo estão em nossa companhia, abraçando a nossa querida companheira Dona Zininha; o irmão Luiz Pitti abraça a nossa irmã Dona Neuza; o Nasser afaga o coração da mãezinha Dona Shirley e pede para que não estranhe a sua ausência de cartas que não significa ausência de amor, e amigos diversos se reúnem conosco neste mesmo ágape de felicidade espiritual.

No conjunto daqueles irmãos que ainda não conhecia pessoalmente, destaco a jovem Elionete que, em companhia do seu pai Edvaldo França, nos solicita sejam transmitidas carinhosas lembranças à sua mãezinha Damiana e cito esta ocorrência para dizer, querida mamãe, que não temos aqui apenas os nossos amigos íntimos e sim companheiros muitos que agradecem a Deus estes minutos de paz que desfrutamos.

Querida Sandra, creia, seu irmão não a esquece. Tenho ouvido suas lembranças e petições. Deus concederá a você a felicidade que o seu generoso coração merece.

Não se entristeça por dificuldades de compreensão no campo dos seus ideais de menina e moça. Esperemos. O tempo exato das nossas realizações, aquele tempo em que os nossos sonhos se realizam naturalmente, é o tempo de Deus. Aguardemos a vontade de Deus, trabalhando, estudando, servindo e melhorando-nos sempre.

Tenho o coração como que a se desfazer na emotividade com que escrevo. Pais queridos, querida irmã, amados de meu coração, irmãs e irmãos que me doaram tanto amor, peçam a Deus para que eu possa valorizar esses tesouros que me confiam e, beijando-lhes as mãos, sou o filho, irmão, amigo, companheiro e servidor sempre reconhecido que pede a Jesus nos conserve a todos nas bênçãos de seu amor e de sua paz.


Beto
José Roberto Pereira da Silva

05 de agosto de 1978.




Querida mãezinha Lucy, peço a Deus nos abençoe. O seu pensamento é um ímã e não posso esquivar-me.

Sei que a senhora tem estado doente e um tanto mais fatigada. Mas não se sinta sozinha no tratamento quase silencioso. Amigos espirituais estão agindo em seu favor e seu Beto, embora ainda tão pobre de recursos, já consegue auxiliar um tanto. Deus abençoará esse tanto que é tão pouco, a fim de que a migalha de minha singela cooperação se transforme em concurso substancial de verdade.

Felizmente, mãezinha, o seu cansaço é de trabalho e cansaço dessa natureza facilmente se converte em renovação de forças. Não julguem a senhora e meu pai Nery que eu esteja ausente das letras voluntariamente.

Acontece que assumimos o compromisso de colaborar com outros comunicantes, para que se matriculem por dentro de nosso intercâmbio, a fim de que não sejamos nós os únicos favorecidos e o nosso grupo vai esperando vez…

Estou sempre por perto… Esse por perto é o fio da oração no poste da saudade. Basta um toque de campainha da prece sem palavras e o fio vibra transmitindo a mensagem.

Peço dizer à nossa querida Ângela que não a esqueço e formulo votos para que ela prossiga esperando o melhor que exista no mundo e na vida… Namoro é aproximação e aproximação é vida permutada. Se não fiquei aí para casar, estou aqui para ser útil e amar sempre.

Nossa querida Sandra vai muito bem e rogo a ela continue sendo a irmã sempre dedicada que ficou em lugar duplo, o dela e o meu, junto dos queridos pais e dos avós sempre queridos.

Mãezinha Lucy, o nosso amigo Shabi está presente e se faz lembrado aos genitores cada vez mais queridos.

O Nasser igualmente está conosco e trabalhando ativamente em auxílio aos familiares.

Peço ao seu carinho de mãe e a meu pai Nery não permitirem que a amargura das lembranças tristes fique em nosso campo de pensamentos por nuvens de frio, congelando esperanças e frustrando-nos a alegria de pertencermos uns aos outros.

Tudo segue bem, porque temos Deus em nossos corações a guiar-nos para dias melhores.

Desejando querida mãezinha Lucy, que a sua saúde esteja em pleno refazimento, abraça o papai e deixa-lhe um beijo de filho sempre reconhecido o seu, sempre seu


José Roberto

13 de abril de 1979.




Querida mãezinha Lucy, receba com meu pai a minha solicitação de bênção. Tenho os dois, unidos à nossa querida Sandra e aos nossos familiares queridos, em minhas recordações mais íntimas.

Oito de junho! Oh! as saudades do filho que não desaparecem, os castelos que se transferiram de lugar e as novas esperanças no coração! É assim que me apresento para celebrar com os pais queridos e com tantos amigos dedicados o sétimo ano de transformação.

Mãezinha querida, com as nossas amigas D. Maura e Dona Shirley e junto de outras afeições, acompanhei as suas emoções, rememorando a minha partida involuntária.

Sei que o seu coração de mãe adotou o melhor processo de festejar. Compreendo que esse festejar é lembrar sofrendo, mas Jesus nos deu outras estradas para acompanhá-lo. A senhora, mamãe, com meu pai quiseram brindar-me com o amor, no amor que distribuíram e estão distribuindo com aqueles irmãos nossos do caminho terrestre…

Quanto vale a roupa que subtrai a nudez de uma criança ou o cobertor que agasalha um doente desvalido, qual o preço de um bolo aos que sonham com a mesa farta e qual a importância em que se taxa uma dádiva em benefício de um amigo ao desamparo, sinceramente não sei… Mas para mim que recebi tudo isso, na pessoa dos que foram beneficiados, esses tesouros não encontram avaliação…

É por isso que as lágrimas de alegria hoje me sobem do coração para os olhos no objetivo de agradecer.

Fui eu, mamãe, quem na realidade recolheu tudo o que doaram em memória destes nossos sete anos de modificação. O comboio de Mogi não me afastou de casa. Continuamos sempre mais unidos e a prova disso é a nossa comemoração íntima de hoje.

Aqui se encontram em nossa companhia os irmãos que Deus me concedeu nos tempos últimos.

Nosso querido Shabi me reanima, indicando-me as realizações da frente, o nosso Nasser me abraça, o nosso Sidney me dirige palavras de paz e esperança, além de outros muitos companheiros que nos visitam e eu, em meio de tudo isso, me sinto cada vez mais rico de amor, na pobreza que me caracteriza, mas sempre a enriquecer-me do carinho que meus pais queridos, a querida irmã e os avós queridos me ofertam, qual se eu fosse um privilegiado de Deus.

Nesse sentido, me sinto realmente assim; porque acolho todos esses talentos de luz por empréstimos do Céu que me induzem a trabalhar e aprender a servir sempre mais. Estou feliz e agradeço a todos; Deus, em sua Bondade Infinita, retribuirá com estrelas de felicidade essas bênçãos com que me iluminam os passos.

Responderei, sob o amparo de Jesus, com trabalho. O Senhor me concederá essa felicidade de agir para o bem, a única forma de que disponho para assinalar a minha gratidão.

Nosso amigo Carlos Alberto de Toledo faz questão de mostrar-me o seu afeto e tento uni-lo à corrente de meus pensamentos de alegria e gratidão.

Jesus acoberte a todos os amigos queridos em sua proteção, estruturada de paz e amor.

Querida mãezinha Lucy, a felicidade mora em lugar desconhecido em que não encontra meios de expressão, porque debalde a procuro para falar por mim ao seu carinho, mas, bem no íntimo de seu maternal coração, a sua ternura saberá quanto seu filho está contente.

A todos, todos os nossos afetos, os meus agradecimentos e para você, querida mamãe, juntamente do papai e de nossa Sandra Maria, todo o carinho iluminado de preces pela felicidade de todos, do seu filho, sempre o seu companheiro de todas as horas, sempre o seu,


Beto
José Roberto

08 de junho de 1979.




Queridos pais, abençoem-me. Deus nos proteja a todos.

Mãezinha Lucy, meu pai Nery e querida Sandra, estou muito grato pela festa do aniversário que celebraram, recordando a minha presença singela.

Estou feliz e reconhecido. As roupas com que vestiram nossos companheiros necessitados, especialmente as nossas queridas crianças, são trajes para mim mesmo pelo conforto que me ofertam e o bolo precioso dedicado aos nossos pequeninos é um tesouro de bênçãos que me alimenta de novas energias para a vida espiritual.

Agradeço comovido aos pais queridos e à querida irmãzinha, extensivamente a todos os nossos amigos que nos compartilharam da alegria de hoje, antecipando a nossa segunda-feira próxima e peço a Jesus a todos recompense e a todos nos abençoe.

Muito carinho do filho sempre grato e irmão reconhecido.

Beto

04 de agosto de1979.




Querida mãezinha Lucy, peço-lhe me abençoe, mamãe.

A página é para desejar-lhe um feliz Dia das Mães, ao lado de meu pai, da Sandra, da vovó e de todos os nossos. Com essas felicitações, venho rogar-lhe revigorar-se com a medicação adequada. Noto-a um tanto fatigada e precisamos restaurar-lhe as energias. A vovó, igualmente, vem sendo objeto de nossa melhor atenção no sentido de que se lhe recuperem as forças orgânicas. Peço dizer ao papai Nery que venho acompanhando as notas e observações que ele está alinhando para destacar o nosso encontro e a minha própria sobrevivência.

Tudo bem. Façamos o melhor ao nosso alcance, compreendendo que semear a verdade é plantar alegria e confiança nos caminhos difíceis que as criaturas humanas estão atravessando em nossos tempos.

Envio a ele e à nossa querida Sandra, à vovó e a todos os nossos amigos, minha palavra humilde de paz e de esperança. Para o seu querido coração, mãezinha Lucy, deixo neste papel todo o carinho e todo o reconhecimento de seu filho.


José Roberto (Beto)

10 de maio de 1980.




Querida Mãezinha Lucy, abençoe-me.

Estou ouvindo os seus pensamentos a me falarem alto pelas ondas do amor materno. “É um bilhete só, meu filho” diz você sem palavras.

Compreendo. As saudades são conjuntos de sombras a vagarem por dentro de nós, tangidas por forças que ainda não compreendemos e que nos envolvem todo o ser. Não me supunha indiferente a essa carência afetiva a que fomos arrojados em nossa casa. Foi com dificuldade que prossegui meus estudos na 5ida Espiritual e que continuo a sustentá-lo no sentido de me fazer mais útil aos benfeitores que se dedicam à cura dos doentes, nossos irmãos.

Compreendo, porém, que será trabalhando que conseguirei abrir caminhos para a construção do nosso próprio futuro e, desse modo, prossigo em minha demanda: continuar vinculado à família querida na Terra e empenhar-me às tarefas da Espiritualidade, entre as quais vivo sempre transitando e, ao mesmo tempo, partilhando as alegrias e as dificuldades, as realizações e as bênçãos de nosso grupo sempre querido.

Amigos nossos estão auxiliando ao papai Nery na organização do livro que ele vem formando e estamos satisfeitos.

Envio muito carinho a nossa querida Sandra. E agradeço ao seu amor, mãezinha Lucy, pelas roupas agasalhantes que faz com os seus próprios esforços para vestir as crianças menos afortunadas, em meu nome. Muito grato.

Vou terminar, porque o relógio comanda aí e aqui. Toda a gratidão aos familiares e aos amigos, pedindo-lhes receber com o papai Nery um beijo de muita saudade e de muita esperança da filho reconhecido.


Beto
José Roberto

25 de outubro de 1980.




Querida Mãezinha Lucy, abençoe-me.

Compreendo que estamos quitados na contabilidade das notícias, porque pelas páginas do papai Nery e por nossos entendimentos gerais, sabem ambos que a nossa união prossegue indissolúvel.

Ainda assim, querida mãezinha Lucy, estou registrando os seus desejos de obter algumas palavras de seu filho, quanto ao casamento de nossa querida Sandra e solicitei permissão para endereçar ao seu carinho a presente mensagem de carinhosa gratidão.

Estou muito reconhecido por todo o seu ideal e disposição de memorizar-me o 6 de agosto. Fiquei satisfeito com o bolo e não tenha dúvida de que também usufruí a minha parte no lar de nossos irmãos necessitados ou mais necessitados que nós mesmos, para onde a sua bondade nos dirigiu.

Agora, aguardemos o setembro vindouro, no qual desejo aos nossos queridos Sandra e Fábio muitas felicidades. Um lar é sempre uma bênção de Deus e espero que a nossa Sandrinha saberá imitar-lhe os exemplos de esposa e mãe, sempre com a luz do sacrifício por nós, iluminando-nos os caminhos.

Felicitações aos irmãos queridos no empreendimento a que se confiam e sigamos a nossa viagem nos continentes da experiência humana, procurando constantemente o melhor para cada um de nós, dentro dos critérios cristãos que nos inspiram e governam a vida.

Querida mãezinha Lucy, esteja certa de que muito me sensibilizei ao notar-lhe a ideia de vir até aqui, na firme confiança de encontrar-nos, reencontrando-nos.

Deus a recompense pelo amor que nos dedica e receba com o papai Nery e todos os entes que amamos sob o teto abençoado em que a Bondade de Deus nos colocou, o coração em forma de abraço do filho agradecido.


Beto

15 de agosto de 1981.



8 de junho de 1972, data do acidente em que Beto faleceu.


Sua irmã, Sandra Maria Pereira da Silva.


Famosa gruta, localizada em Cordisburgo-MG, que Beto conheceu na infância. O padre João de Santo Antônio era conterrâneo da avó materna do Beto, conhecido da família e falecido há mais de 60 anos.


João 1anez, bisavô materno, seguiu para o Mais Além, no início do século.


Francisco de Paula Leite, também bisavô materno, já desencarnado.


Data de seu aniversário. Beto se refere ao natalício que passou, no Plano Espiritual, saudoso dos familiares, apenas dois meses após a desencarnação.


Carlos Alberto de Toledo, desencarnado aos 20 anos incompletos, às vésperas do Natal de 1969, em acidente de moto e Fernando Luiz da Silva Ribeiro, falecido em junho de 1974, em consequência de acidente rodoviário, na estrada que liga São Paulo a Curitiba. Contava 22 anos.


Avó e mãe do outro Beto. Ver mais adiante maiores esclarecimentos.


A respeito do Tato, Carlos Alberto da Silva Lourenço, sugerimos ao leitor a consulta dos livros Jovens no Além e Somos Seis. Alfredo Pessoa é seu avô materno já desencarnado e Dirce Pessoa da Silva Lourenço, Severino Domingos Lourenço e Olavo Jorge Bonfim, são respectivamente a mãezinha, o pai e o tio.


Mafalda Martins Ribeiro faleceu aos 14 anos, em acidente de moto, no Rio de Janeiro, no último dia do ano de 1956. Marinetti é sua genitora, Maria Nazaré Martins Ribeiro.


Ério, Francisco Savério Orlandi, jovem desencarnado em acidente rodoviário, filho de Domenico Orlandi e Elda Coggiola Orlandi.


Carlos Alberto de Toledo, já citado anteriormente, envia aos pais, Carlos Eduardo e Olga, notícias do amigo de família, Dr. Carlos Mesquita, falecido em 1976. Heloísa e Flávio Mindlin Guimarães são a irmã e o cunhado do jovem mencionado.


Pia Maciel, falecida em 1975, genitora de Acácia Maciel Cassanha, dirigente do Lar do Amor Cristão, entidade espírita da capital paulista.


Durval Moreira Tricta, pai de nossa amiga e companheira de Doutrina Espírita, Dinah Tricta. Sua esposa, Maria do Carmo Moreira Tricta, recentemente desencarnada. Durval Tricta faleceu em 1961.


Yolanda Cezar, abnegada missionária do bem, mãezinha de Augusto Cezar, já nosso conhecido.


Tocante homenagem anual dos pais do Beto ao filho desencarnado, comemorando-lhe o aniversário, junto de crianças carentes, em Uberaba.


Augusto Cezar Neto, Wady Abrahão Filho e Volquimar Carvalho dos Santos já são nossos conhecidos; encontramo-los juntos no livro Somos Seis. Carlos Alberto de Toledo e Ério já foram citados anteriormente e Maria Helena Marcondes e Maria Célia Marcondes são irmãs, falecidas em 1976 e 1975, respectivamente, com pouco mais de 20 anos. Seus pais residem em Santa Izabel, município paulista, também citado no texto. O Nasser, Nasser Miguel Haddad desencarnou aos 15 anos de idade, em acidente de automóvel. Shabi é o outro Beto, autor espiritual deste livro e Henrique Gregóris faleceu em Goiânia/GO, em acidente de trânsito, no dia 10 de fevereiro de 1976.


Francisco de Paula Leite e João 1anez, bisavós já domiciliados na 5ida Espiritual.


Beto refere-se ao natalício da genitora e às Bodas de Prata dos pais, comemorados nos dias subsequentes à recepção da mensagem.


César Araújo Maffra desencarnou em dezembro de 1975, aos 21 anos de idade, em Niterói-RJ. Filho de Luciano Maffra e Neuza Angélica Araújo Maffra.


Beto agradece mais uma vez a festa de aniversário, feita em sua homenagem para crianças carentes.


D. Zininha, Ambrosina Coragem Toledo, mãe de Rubens Lázaro e esposa de José de Assis Toledo, desencarnados, respectivamente, em maio de 1977 e outubro de 1964, em São Paulo-SP.


Ainda não foi possível identificar Luiz Pitti e D. Neuza.


O Nasser já é nosso conhecido. Filho de Nasser Miguel Haddad e Shirley Haddad, residentes em São Paulo-SP. O Sr. Miguel partiu para o Além posteriormente à recepção da mensagem, no dia 10 de novembro de 1969.


D. Damiana Santos França, esposa de Edvaldo França e mãe de Elionete, desencarnados respectivamente em 1968 e 1978.


Beto e Ângela eram namorados, quando do falecimento do jovem estudante de Medicina.


Vitimado por disparo acidental, Sidney Rodrigues deixou o Plano Físico, no início de dezembro de 1976, na capital paulista.


O Sr. Nery habitualmente escreve cartas ao filho, em prosa e verso, inspiradas páginas com que o pai amoroso busca atenuar a dura saudade da separação compulsória.


Otília Leite Ianez, avó materna.


Ver nota de rodapé na mensagem anterior.


Fábio Gonçalves Dias Filho, cunhado de Beto.



Beto
Francisco Cândido Xavier


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