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Capítulo XIII

O inesperado


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O sanatório ficava a quase meio quilômetro da estrada, através da qual realizaríamos a visita.

Batuíra, o veterano servidor de Jesus, o orientador de nossa diminuta caravana de três pessoas; ele e nós dois, os aprendizes que o acompanhavam.

A excursão estava esquematizada, desde a véspera, e o chefe do instituto nos recebeu cordialmente. Sentamo-nos ao lado dele que nos pareceu um homem sofrido e inteligente, a falar da organização, erguida no Mundo Espiritual, a fim de acolher os irmãos portadores de complexos de culpa e, por isso mesmo, positivamente vistos na condição de alienados mentais, depois da morte do corpo físico.

De quando em quando, ouvíamos exclamações quais estas, que passamos a enumerar e que vinham até nós, do grande pátio de confraternização dos doentes a que nos referimos:

— Por que não fiz?

— Não suporto este inferno!…

— Como adquiri tanta dor de consciência?

— Por que sou maldito, qual me vejo?

Já me sentia intrigado, com o que escutávamos, quando o diretor nos liberou a curiosidade, autorizando:

— Podem os amigos indagar, à vontade, quanto a qualquer aspecto de nossa moradia…

Então, volvendo a pedir o consentimento de Batuíra, através do olhar, perguntei:

— Os alienados mentais, cujo tratamento o senhor superintende, procedem de lugares ou situações determinadas?

Se enfermaram o cérebro com estados de culpa, teriam sido eles grandes criminosos do gênero humano? Neste milênio, em vias de terminar, chefes insensíveis, religiosos sem amor, políticos que fomentaram a guerra, inteligências que se transviaram para seduzir as próprias vítimas e massacrá-las… Que pode o senhor dizer-nos a respeito disso?

O paciente mentor, que ali dirigia vasta plêiade de médicos, especialmente psiquiatras, psicólogos e analistas, mostrou-me paternal sorriso e explicou:

— Meu filho, a sua indagação é oportuna. Devo, no entanto, esclarecer que nosso sanatório, um dos muitos que funcionam com os mesmos objetivos, nestas regiões, acolhe especialmente aqueles companheiros que conheciam as lições de Jesus, que as ouviram com aparente piedade, que não guardavam qualquer dúvida quanto a legitimidade dos ensinamentos do Divino Mestre e que até mesmo sustentavam ardentes discussões com os outros, de modo a defender-lhe o prestígio; eram faladores exímios mas não moveram sequer uma palha para auxiliar a ninguém.

Acreditavam e aceitavam Jesus, no entanto, viviam exclusivamente para si, confinados ao círculo doméstico, sem despenderem uma hora para aliviarem um doente e nunca sacaram do bolso um só vintém em auxílio a boas obras…

Viveram no mundo como entendiam, sem a mínima disposição para servir e chegam à Vida Espiritual em que nos achamos, desorientados com o espírito de posse a lhes atazanar a cabeça e com a força da culpa a lhes pressionar os pensamentos.

A princípio, choram arrependidos, recordando o tempo que perderam, do qual nunca retiraram a mais ligeira parcela, a fim de prestarem apoio a quem quer que seja. Criam, em seguida, uma espécie de doença mental de etiologia obscura e estamos investigando caso a caso, para descobrir a terapia mais adequada ao respectivo tratamento. Abraçavam as ideias e exemplos de Jesus, entretanto, andavam no mundo qual se o desconhecessem.

Depois que alguns reconquistarem o equilíbrio espiritual, passaremos a analisar-lhes a personalidade com as respectivas conexões sobre as pessoas, terras e haveres que deixaram na Terra.

Escutei a resposta e assustei-me.

Batuíra manteve silêncio. O meu colega estava pálido…

E, agradecendo a Jesus ter voltado, ainda cedo, da existência física para aprender a trabalhar e servir, na Seara do Bem, calei qualquer nova indagação e comecei a pensar…




Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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