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Capítulo IV

Oficinas de assistência


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E porque nós outros — um grupo de rapazes — nos acercamos do Mentor, indagando que opinião era a dele sobre as oficinas de assistência aos necessitados, nas realizações cristãs, ele nos respondeu cortesmente:

— O assunto é do maior interesse. A propósito, desejo contar-lhes a experiência de um companheiro.

Um amigo, que foi batista na Terra, chegou à Vida Espiritual com grande prestígio pelos serviços prestados à Causa do Senhor. Conduzido por devotados benfeitores à grande cidade da Vida Maior, passou a visitar os setores de trabalho que o empolgavam. Tomando a companhia de um professor, entrou a movimentar se.

Na sequência de suas excursões, viu-se diante de vasto sanatório, em cujo interior e em todas as dependências se notava tremenda algazarra. Impropérios, acusações mútuas, insultos e rixas. A balbúrdia era enorme.

Impressionados, ele e o acompanhante, perguntaram a um dos diretores da instituição se ali estava algum setor da zona infernal, ao que o interpelado replicou humildemente:

— Sim, a nossa casa pode ser considerada uma região de inferno, onde alguns de nós, irmãos acordados para a vida, devemos treinar abnegação e tolerância.

Nosso amigo inquiriu:

— Poderá nos informar se aqui vivem alguns batistas?

— Muitos, foi a resposta.

E o diálogo prosseguiu:

— E presbiterianos?

— Grande quantidade.

— E católicos?

— Número imenso.

— E luteranos de outras interpretações?

— Igualmente muitos.

— E espíritas?

— Legião incalculável.

Nosso companheiro considerou:

— É uma lástima! E como se comportam na comunidade?

— Infelizmente — esclareceu o diretor — os religiosos que se acham aqui são Espíritos cristalizados nos enganos que abraçaram. Foram, todos eles, homens e mulheres, habitualmente discutidores e intimamente revoltados. Agarrados aos próprios pontos de vista, são rebeldes, indiferentes, vaidosos e intolerantes. Viveram no mundo físico em teorias e anátemas, mergulhados em preguiça mental, a ponto de muitos deles não aceitarem a realidade da vida espiritual em que se encontram…

E quando estarão libertos de tanta cegueira?

O diretor explicou:

— Quando demonstrarem a renovação espiritual precisa, a fim de merecerem o privilégio de aprender a servir.

Indiscutivelmente, os visitantes saíram dali desolados e depois de alguns quilômetros surpreenderam grande colônia espiritual, de cujo interior se irradiavam luz e harmonia.

Pararam observando…

Em seguida solicitaram a um dos guardiães da porta, a presença de alguém que lhes pudesse prestar os informes que julgavam precisos.

Veio um diretor e repetiram a indagação sobre a natureza e finalidade daquele instituto.

O amigo respondeu:

— Aqui somos todos uma só família; todos os que residem aqui são aqueles que acreditaram em Jesus e seguiram-lhe os passos, trabalhando e servindo, por amor aos semelhantes. Não há denominações religiosas que nos diferenciam, até porque temos conosco muitos ateus que se consagraram espontaneamente ao bem do próximo, ignorando que estavam acompanhando o Divino Mestre. A prestação de serviço aos outros, sem ideias de recompensa, nos proporcionou a felicidade de estarmos todos juntos em Cristo.

Foi então que compreendi melhor o valor das oficinas de assistência aos necessitados. Aí, nesses recantos abençoados, é possível estudar as Lições do Senhor e segui-lo verdadeiramente no rumo das alegrias imperecíveis.

Somente os que aprendem a trabalhar e a servir, com esquecimento de si mesmos, acham-se no rumo exato da felicidade real, de vez que nada valem as preciosas argumentações vazias de boas obras, porque, sem as realizações do amor ao próximo, não teremos senão a alternativa de tudo recomeçar, aprendendo, por fim, a fazer o melhor de nós e de nossa vida, para que possamos justificar o privilégio de conhecer.




Augusto Cezar
Francisco Cândido Xavier


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