Fulgor no Entardecer

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Capítulo XV

Pires e Parola


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As nossas trovas de hoje

São pequeninos recados

Para os estudos de amigos

Quanto ao Dia de Finados.

Cornélio Pires

São comuns estas palavras

Em covas e mausoléus:

“Descansa na vida eterna”,

“Foi morar com Deus nos Céus”.

Lulu Parola

São diversas as legendas,

Usando lápis etéreo,

Espíritos de fiscais

Anotam nos cemitérios.

Cornélio Pires

Escreveu-se: “Aqui repousa

O avarento Zé Moenda…

Morreu a coices de burro,

Em sua própria fazenda.”

Lulu Parola

O mau ateu Filizola

Zombava de toda fé…

Morreu com tétano agudo

De um simples bicho de pé.

Cornélio Pires

Riquíssima traficante,

A senhora Magali

Bebeu veneno supondo

Que era licor de pequi.

Lulu Parola

Em dois sepulcros distintos,

Estão Bebela e Cirino;

Bebela chora por ele

Ele quer outro destino.

Cornélio Pires

“Neste túmulo repousa

O amigo Joaquim Vilaça…

De dia dorme na terra,

De noite está na cachaça.”

Lulu Parola

Ninguém tema as mãos da morte,

Sepultura não é caos,

As tristes sublegendas

Só vigoram para os maus.

Cornélio Pires

Este assunto é controlado…

Fiquemos nós por aqui,

Mas vivamos avisados:

Cada um cuide de si.

Lulu Parola


Cornélio Pires
Francisco Cândido Xavier


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