Capítulo I

Chorar, sim, mas de alegria


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Meu querido pai, minha querida mãe, renovo minhas preces a Deus, rogando para que a bênção da paz esteja conosco.

Estou aqui tentando manifestar-me. Não é fácil. Pelo menos por agora, não tenho recursos para exprimir-me com o desenvolvimento que desejava.

Muitas vezes, li mensagens de amigos desencarnados que se declaravam auxiliados na grafia das notícias enviadas para os entes queridos e hoje estou na mesma situação.

Não sei se posso exteriorizar o que sinto. As palavras são feitas para imagens já positivamente conhecidas e aceitas pelo senso geral.

E agora o mundo em que me vejo, a dentro de mim, está renovado na base de emoções e sensações que os conceitos terrestres não conseguem definir.

Perdoem-me se escrevo de maneira insatisfatória. Não há outra saída. E preciso rogar-lhes serenidade no íntimo da alma, tanto quanto já conseguimos aparentar calma por fora.

Compreendo, pais queridos, somos como somos, caminhando para o que nos cabe ser. Venho pedir-lhes me auxiliem com os pensamentos de real aceitação.

As lágrimas que ocultam de um para o outro, as indagações que formulam a sós, com o receio de se ferirem na fé que nos alimenta chegam a mim, de modo claro e indescritível.

Existe um fio mental entre os que se amam profundamente, ligando os assuntos da vida, tanto quanto a se estenderem para o Além, sobre as barreiras da morte.

Sei quanto interpelam os poderes que nos governam sobre a nossa inesperada separação e ouço-lhes as perguntas e as observações, quando se isolam um do outro para buscar-me a lembrança, seja numa foto ou numa página escrita, nesse ou naquele contato, nessa ou naquela recordação.

Agradeço o apoio que me oferecem, porque sem meus pais queridos ignoro o que teria sido de mim, entretanto, rogo-lhes paciência e coragem.

Não admitiam pudesse alguém evitar aquele assalto violento das forças enfermiças que me separaram do corpo. Aquela indisposição que parecia ligeira tomou vulto de repente.

Quando papai se esforçou para que me expressasse ou dialogasse com mais ânimo, notei que esmorecia. Minhas sensações por dentro de mim estavam intactas. Ouvia tudo o que se falava em derredor de meu leito.

Reconheci que me transportavam para socorro no rumo do amparo hospitalar, no entanto, a pouco e pouco, entrei num sono profundo de que não podia me desvencilhar. Quanto tempo estive assim, não sei ainda.

Minha memória abrange apenas a metade das horas claras do dia, naquela quinta-feira de luta… O resto ainda não sei, a não ser que acordei numa sala de tratamento com a cabeça enfaixada.

Chamei por meu pai, por minha mãe, pedi o apoio de alguém que me esclarecesse sobre as ocorrências de que não tinha consciência, mas um enfermeiro me advertiu que fora cirurgiado por um médico, o doutor Mário Gatti. Lembrei-me de que esse benfeitor já não era da Terra e asserenei-me quanto pude.

Um pouco mais tarde, tomei contato com o amigo da medicina que me amparava, além do outro benfeitor que se identificou como sendo outro médico, o doutor Guilherme da Silva.

Aconselharam-me. Esclareceram-me que a meningite fora patente em meu caso, com todo o seu impacto fulminativo, entretanto, além disso, trazia em meu cérebro estruturas complexas que haviam exigido trabalho operatório.

Melhorei, gradativamente, no entanto, à medida que me normalizava passei a escutar mamãe a chorar e chamar-me…

Com os dias, ouvi mais e escutei meu querido pai articulando ideias e frases tristes. Peço-lhes. Quanto possível, lembrem-me trabalhando e estudando a vida.

Não há morte. A existência na Terra é uma internação em estabelecimento de ensino. Somos aí professores e alunos uns dos outros. O horário da escola é igual para todos no mesmo universo de minutos para cada um, e o corpo, obedecendo às mesmas leis de formação nos vários climas do mundo, é uma espécie de uniforme identificando a condição temporária de todas as criaturas.

Papai, alegre-se e recorde-me aprendendo ao seu lado.

Mamãe, regozije-se e memorize a nossa união e a nossa felicidade no lar.

Quanto puderem, ajudem-me com pensamentos de fé e segurança, otimismo e elevação. Chorar, sim, mas de alegria, para agradecer a Deus o que temos recebido.

Estou apenas em outro educandário, onde vou retomando o meu curso de conhecimento superior, no qual progrido dificilmente, porque as emoções me prendem às aflições em casa.

Amigos daqui, como sejam Marcondes, Servílio, Souza e tantos outros me abrem portas abençoadas às novas lições em que vou tomando maiores contatos com a vida e comigo mesmo.

Digam à Therezinha, ao João Batista, ao Doutor Wilson, ao Nicolau, ao Alcides, ao Tamassía e aos nossos companheiros de estudo que eles todos estão no caminho certo. É preciso estudar mais para servir melhor. Aqui, a luta construtiva é sempre mais bela. E com essa luta desejo preparar-me a fim de ser útil.

Dos familiares queridos, duas irmãs me visitam e me auxiliam sempre que podem, nossa irmã Josefa e nossa irmã Isabel.

Espero melhorar faculdades e recuperar sentidos obliterados pelas recordações mais intensas do corpo, a fim de elevar o meu singelo campo de ação.

Peco-lhes. Não creiam fossem meus queridos pais talvez exigentes comigo nos processos de educação. Sou feliz, buscando a felicidade que me doaram pelos exemplos, pelo carinho, pelo apoio e pela dedicação.

A saudade é um espinho a ferir-me, mas com a bênção de nossa união e paz em família, melhorarei cada vez mais, a fim de sermos cada vez mais felizes.

Papai querido e querida mamãe, a força termina no lápis, assim como se apaga um engenho não mais sustentado pelo mesmo padrão de energia.

Não estou cansado, mas o tempo e os recursos do intercâmbio estão para mim esgotados.

Continuem orando por mim. A prece por nós, que estamos deste outro lado é uma luz que nos clareia e um calor abençoado que nos reaquece. Por ela sabemos com mais certeza que o nosso amor nunca morre.

Beijo-lhes as mãos queridas e despeço-me no papel de modo a continuar em nosso diálogo, de coração a coração.

Pais queridos, recebam o abraço iluminado de carinho e saudade, de devotamento e gratidão, com todo o amor do filho reconhecido, sempre é cada vez mais reconhecido,


Gabrielzinho


a) Dados biográficos do Autor Espiritual.

Estampando-lhe a foto, assim se referiu o jornal Alavanca a Grabrielzinho, seu assíduo e lúcido colaborador, de janeiro de 1971 a junho de 1974:

“Passou para a pátria espiritual, no dia 27 de junho do corrente ano, este bom companheiro de trabalhos, que foi colaborador apreciado deste jornal.

Amigo querido e filho maravilhoso, deixou em todos uma saudade enorme, atenuada apenas pela certeza de seu bem-estar no plano espiritual em que se encontra.

Gabriel partiu fisicamente jovem, 25 anos, mas deixou atrás de si uma vida reta e um cabedal de trabalho na seara espírita.

Secretário recém-eleito do Centro Espírita “Allan Kardec” de Campinas, e aluno aplicado do 3º ano da sua Escola de Seareiros, era ainda redator de páginas espirituais e estava sempre atento a qualquer chamado para o bem.

Três meses se foram após seu passamento e, ao darmos esta nota, queremos enviar ao querido Gabriel vibrações de paz e alegria, votos de progresso no mundo espiritual e a manifestação da nossa profunda e sincera amizade.”


Dados pessoais — Cédula de identidade nº 5.586.798, expedida em São Paulo, a 16 de novembro de 1970.

Cartão de identificação do contribuinte (CPF) nº 365125758/49, válido até 30-04-1979.

Certificado de Dispensa de Incorporação (ao Exército) nº 70703 — 2ª RM — 14ª CSM — Série B: foi dispensado do Serviço Militar Inicial, em 9 nov. 1967, “por insuficiência física temporária para o Serviço Militar, podendo exercer atividades civis.”

Identificação — Altura — 1,75 m. Cútis: Branca. Olhos: Azuis. Cabelos: Castanhos claros. Sinais particulares: Não tem.

Título Eleitoral — Circunscrição: São Paulo — Inscrição nº 121008 — Campinas — 33ª Zona — Vota na 102 (cento e dois) secção. Em 12 Jul. 1968.

Carteira Profissional nº 027251 — Série 222 CP. Certidão de Óbito: veja-se o fac-símile [constante no livro impresso].


Infância e Adolescência.

Em 1956, fez o curso primário no Grupo Escolar D. Castorina Cavalheiro — Campinas, SP.

Em 1962, fez o curso ginasial e colegial no Colégio Estadual Culto à Ciência, e ao mesmo tempo se especializava no idioma Inglês, ministrado pela União Cultural Brasil-EE.UU., concluindo todos os estágios no período de 5 anos.

Em 1970, foi admitido como funcionário do Banco Brasileiro de Descontos S.A. — Agência de Campinas.

Em 1971, ingressou na PUCC — Pontifícia Universidade Católica de Campinas —, cursando Filosofia, Ciências e Letras, onde mantinha trancada a matrícula.

Aluno do 3º ano da Escola de Seareiros do Centro Espírita Allan Kardec, onde recebia aulas da Professora Therezinha de Oliveira.

Segundo seu distinto genitor, Gabrielzinho teve uma infância comum com suas peraltices e traquinagens.

Com 16 anos, selecionava os amigos, não se afinando com as ideias dos jovens de sua idade, naturalmente devido ao amadurecimento de seu espírito.

Consequentemente, com o correr dos anos, suas amizades se restringiam a pessoas de muito mais idade ou jovens casais com senso de responsabilidade e moral acentuados, visto ser este o traço predominante de seu caráter.

Sobre todos os assuntos, era característica sua obter respostas ou esclarecimentos profundos.

Dedicava-se à prática de esportes, jogos de xadrez, frequentando reuniões sociais.

Apreciava a música, especialmente a clássica.

Na parte cultural, mantinha sua filosofia vinculada aos conhecimentos originários de leitura e estudo dos tempos primevos, sempre embevecido com o Egito e a Grécia.

Nos próximos capítulos, leitor amigo, voltaremos com novos informes sobre a curta e admirável vida de nosso Autor Espiritual.


Estudo comprobatório-doutrinário.

1 — “Muitas vezes, li mensagens de amigos desencarnados que se declaravam auxiliados na grafia das notícias enviadas para os entes queridos e hoje estou ha mesma situação.” Referia-se Gabrielzinho à mensagem de Jair Presente, jovem campineiro desencarnado meses antes, também em Campinas, Estado de São Paulo, no dia 3 de fevereiro de 1974, publicada a 4 de abril do mesmo ano, no jornal da cidade — Correio Popular — e jornal Alavanca, de Maio/1974, com o título “De novo Jair Presente”, encontrada entre os seus guardados, além das contidas nos livros Morte é Vida e Perda de Entes Queridos, de Zilda Giunchetti Rosin, que ele mesmo adquirira.


2 — “Compreendo, pais queridos, somos como somos, caminhando para o que nos cabe ser.” Poderosa síntese do que se encontra na resposta à questão 540 de , de Allan Kardec.


3 — “Quando papai se esforçou para que me expressasse ou dialogasse com mais ânimo, notei que esmorecia.” Realmente, — afirma o Sr. Gabriel e o médium Xavier jamais poderia ter conhecimento de semelhante detalhe — naqueles momentos de angústia e desespero 13 horas daquela quinta-feira de 27-06-1974 — enquanto de pé, segurava e abraçava meu filho, lhe pedia que falasse, reagisse e tivesse forças quanto possível, pois em breve estaríamos seguindo rumo ao hospital.


4 — “Minhas sensações por dentro de mim estavam intactas. Ouvia tudo o que se falava em derredor de meu leito.” A propósito dos casos clinicamente considerados “em estado de coma”, por tempo variável, consultemos os e da obra “Quem São”, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.


5 — “Minha memória abrange apenas a metade das horas claras do dia, naquela quinta-feira de luta…” Pormenor de inconcussa autenticidade.


6 — “…um enfermeiro me advertiu que fora cirurgiado por um médico, o doutor Mário Gatti.” Trata-se do médico cirurgião, benfeitor sem precedentes, com larga folha de serviços profissionais em prol das classes economicamente menos favorecidas. Nasceu na 1tália, a 1º fevereiro de 1879, e desencarnou em Campinas (SP), a 3 de março de 1964. Gabrielzinho não chegou a conhecê-lo pessoalmente. Sobre as intervenções cirúrgicas levadas a efeito no Além, percorramos o no item 4, acima, recebida pelo médium Xavier.


7 — “…outro benfeitor que se identificou como sendo outro médico, o doutor Guilherme da Silva.” Eminente médico sanitarista, verdadeiro luminar da ciência médica pelos serviços que prestou durante as epidemias de febre amarela que assaltaram Campinas, pelos idos de 1889. Em sua homenagem, há uma rua em Campinas (SP), com o seu nome. Nasceu no Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1855, e desencarnou em Campinas, aos 14 de julho de 1912.


8 — “Amigos daqui, como sejam Marcondes, Servílio, Souza e tantos outros me abrem portas abençoadas às novas lições em que vou tomando maiores contatos com a vida e comigo mesmo.”

a) Marcondes: Gustavo Zanardine Marcondes nasceu em Palmeiras, Estado do Paraná, a 7 de dezembro de 1900 e desencarnou em Campinas (SP), a 26 de agosto de 1968. Batalhador, idealizador e orientador incansável da Causa Espírita. Desenvolveu durante toda a sua vida, um trabalho de renúncia e amor, deixando à posteridade um lastro de obras assistenciais. Gabrielzinho não o conheceu, pessoalmente.

b) Servílio: Servílio Marrone nasceu em Campinas, a 26 de abril de 1912, aí desencarnando a 4 de janeiro de 1955. Espírita dedicadíssimo, ministrava aulas de Evangelho aos jovens da Mocidade Espírita Allan Kardec e se entregava com devotamento e abnegação ao trabalho de passes nas casas das pessoas enfermas. Foi, juntamente com Gustavo Marcondes, um dos fundadores do Centro Espírita Allan Kardec, no qual ocupava o cargo de Secretário, até o dia de sua desencarnação. Colaborou, também, na construção do prédio próprio do Centro. Mais adiante, no , o leitor encontrará mais informes sobre esses dois seareiros do Espiritismo Cristão.

c) Souza: Doutor Joaquim de Souza Ribeiro nasceu em Caetetê, Estado da Bahia, a 9 de janeiro de 1884, desencarnando em Campinas, a 18 de janeiro de 1956. Poeta, Médico homeopata e Dentista. Espírita combativo, de convicções profundas. Sua vida foi inteiramente dedicada à difusão da Doutrina Espírita.


9 — “Digam à Therezinha, ao João Batista, ao Doutor Wilson, ao Nicolau, ao Alcides, ao Tamassía e aos nossos companheiros de estudo que eles todos estão no caminho certo.”

a) Therezinha: Therezinha de Oliveira. Oradora e Conferencista espírita. Diretora do Centro Espírita Allan Kardec de Campinas, com sede na Rua Irmã Serafina, nº 674, e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca, de propriedade da U.M.E. de Campinas. Reside na Rua Marechal Deodoro, nº 865 — Campinas — SP.

b) João Batista: João Batista de Sá. Radialista, Jornalista e Historiador, utilizando-se do pseudônimo de Jolumá Brito. É o redator responsável do jornal Alavanca. Residente em Campinas, na Rua Maria Monteiro, nº 596. Gabrielzinho não o conheceu, pessoalmente.

c) Doutor Wilson: Doutor Wilson Ferreira de Mello. Médico Clínico e Psiquiatra. Orador e Conferencista espírita de renome nacional. Residente em Campinas, na Rua Antônio Lapa, nº 27. Gabrielzinho gostava de assistir às suas palestras evangélicas.

d) Nicolau: Nicolau Consôli. Assíduo colaborador e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca. Residente na cidade de Amparo (SP), na Rua General Câmara, nº 92.

e) Alcides: Alcides Hortêncio. Colaborador e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca. Residente em Mogi Mirim (SP), na Rua 13 de Maio, nº 89.

f) Tamassía: Doutor Mário Boari Tamassía. Jornalista e Escritor. Profundo conhecedor da literatura espírita e autor de diversos livros. Colaborador do jornal Correio Popular, com artigos de índole filosófica. Residente em Campinas, na Avenida José S. Campos, nº 116.

g) Nossos companheiros de estudo: Na residência do casal José Roberto Checchia/Julieta — Rua Assis, nº 40 — Campinas (SP), além de outros casais amigos, constituíram um grupo de estudos espíritas, onde quinzenalmente, aos sábados, se reuniam.


10 — “Dos familiares queridos, duas irmãs me visitam e me auxiliam sempre que podem, nossa irmã Josefa e nossa irmã Isabel.”

a) Josefa: Josefa Balançoela Espejo. Parentesco distante, tia por parte do pai. Desencarnou em Estrela D’Oeste (SP), em 1968. Gabrielzinho não a conheceu, pessoalmente.

b) Isabel: Isabel Gualda Mancilla. Parente distante, tia por parte da genitora. Desencarnou em Neves Paulista (SP), em 1971. Gabrielzinho chegou, pessoalmente, a conhece-la.


11 — “Continuem orando por mim. / A prece por nós, que estamos deste outro lado é uma luz que nos clareia e um calor abençoado que nos reaquece.” Trecho absolutamente concorde com toda a obra de Allan Kardec e as duas centenas de livros recebidos pelo médium Francisco Cândido Xavier.


12 — “Peço-lhes. / Não creiam fossem meus queridos pais talvez exigentes comigo nos processos de educação. / Sou feliz, buscando a felicidade que me doaram pelos exemplos, pelo carinho, pelo apoio e pela dedicação. (…) / Beijo-lhes as mãos queridas e despeço-me no papel de modo a continuar em nosso diálogo, de coração a coração. / Pais queridos, recebam o abraço iluminado de carinho e saudade, de devotamento e gratidão, com todo o amor do filho reconhecido, sempre e cada vez mais reconhecido.”

Rogando ao leitor a gentileza de ler o fac-símile [no livro impresso, pág. 30] da carta de Gabrielzinho ainda criança, dirigida ao pai, transcrevamos as palavras textuais do Sr. Gabriel, sobre os trechos citados da mensagem recebida pelo médium Xavier, na noite de 15 de março de 1975, em Uberaba, Minas: “Pelo contexto e fecho da carta escrita com 12 anos — 12 de agosto de 1960 —, por ocasião do “Dia dos Pais”, observa-se a semelhança inconteste no tratamento afetivo, com o da mensagem.”


Depois de tantas evidências da Imortalidade da Alma, resta-nos, por agora, elevarmos o pensamento a Deus e agradecer-Lhe por nos ter permitido descesse, um dia, Jesus à Terra, e ao Divino Mestre, por nos enviar, depois, através de Allan Kardec, o Espiritismo, doutrina abençoada que conosco ficará para sempre, junto de todos nós, os filhos de Deus, co-criadores [“Eu disse: Sois deuses”] (Jo 10:34) a colaborar com o Pai de Misericórdia e Justiça, na Grande Obra da Criação Infinita.


TRECHO DE ARTIGO ESCRITO POR GABRIEL QUANDO ENCARNADO
[Reminiscências e Saudades]

“Tempos que vêm e que vão… Assim é a vida, assim é o mundo. Tudo passageiro e em rapidez, como o raio que fulgura no firmamento. Nascemos, crescemos, vivemos, morremos, tornamos a renascer e assim sucessivamente, repetindo o ciclo que vai tornando cada vez mais perfeito e maravilhoso, à medida que nos aperfeiçoamos e dirigimos nossa antena para o Bem, o Infinito e Deus.


Não poucas vezes, sinto saudades dos bons tempos da cultura da Antiguidade, uma espécie de lembrança do Paraíso Perdido. Mentalmente, transporto-me para o antigo Egito, à Grécia ou Roma e sinto saudades, já um tanto esmaecidas e amainadas. Saudades não do paganismo, das orgias ou das lutas e injustiças que sempre existiram e existem, em todas as terras e, todas as épocas. Saudades dos períodos áureos dessas civilizações, dos ensinamentos, das culturas que nos foram, então, transmitidas pelos Espíritos mais evoluídos e iluminados da época: Sócrates, Platão, Aristóteles…


Atualmente, transporto-me para o futuro e um incomensurável anseio transborda em meu coração. Tento imaginar um mundo ideal, onde não haja guerras, fronteiras, inveja, ódio, materialismo. Um mundo onde apenas o amor espiritual, a fraternidade e a compreensão imperem, contribuindo para a total perfeição do Espírito.


Ao nos lembrarmos das pessoas que se foram, uma tristeza, embora passageira, invade nossos corações. O tempo pode passar, as pessoas envelhecerem ou desencarnarem, mas a bondade, o amor, a estima que tínhamos por essas pessoas permanece, pois as qualidades benéficas que lhes reconhecíamos continuam gravadas em seus espíritos e no nosso.

Nunca há separação entre nós e aquelas pessoas a quem amamos e com as quais convivemos porque, passe o tempo que passar, sempre estaremos em companhia delas, que vivem na mesma faixa vibratória em que vivemos, a qual varia de acordo com o processo individual alcançado.


Não nos abatamos nem soframos demais com a saudade da separação, que é breve. Nosso verdadeiro lar não é aqui e, sim, no plano espiritual. Compreendamos o profundo significado disto e o porquê e a razão de nossa existência.

Como vemos, hoje, reunidos em uma fotografia todos os nossos entes queridos, assim reunidos poderemos vê-los, novamente, em um futuro próximo, e à toda a Humanidade, porque, afinal, somos parte de uma família infinita, onde todos são irmãos.” (Gabriel Casemiro Espejo, “Reminiscências e Saudades”, Alavanca, Campinas, Janeiro/fevereiro de 1971).


Elias Barbosa


Alavanca, Campinas, outubro de 1974.


A 1ª edição de Perda de Entes Queridos é de 1968 e a de Morte é Vida é de 1970, ambos editados pela Calvário, São Paulo.


Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Quem São, 3ª Edição, 1982, IDE, Araras (SP), pp. 28-42; 76-86.



Gabrielzinho
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