Gotas de Luz

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Capítulo XVIII

Migalhas


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Quem vive nas discussões,

Atendendo uma por uma,

Muita vez passa na Terra

Sem acender luz alguma.


Navio grande prossiga

Ao mar alto, em desconforto…

Mas navio pequenino

Navegue perto do porto.


Onde toda a gente manda

Sem que ninguém obedeça,

As obras podem ser grandes

Mas sem pés e sem cabeça.


Não desatendas no mundo

À Grande Sabedoria.

O homem faz almanaques

Mas só Deus governa o dia.


Esperas pela bondade

Que flui da Divina Aurora?

Começa por ser bondoso

Hoje mesmo, aqui, agora!…


Aprende a ouvir a verdade

Serena, elevada e pura.

Muito raro é o bom conselho

Sem ressaibos de amargura.


Doentes e prisioneiros

Que o sofrimento congela

Encontram dificilmente

Pessoas da parentela.


Entre amar e bem-querer

Há muitas léguas que andar.

Sanguessuga também sente

O bem-querer de sugar.


Quando o céu é todo azul

Muita gente dá lições,

Mas, chegando a tempestade,

Dá gritos e acusações.


Não zombes do irmão que sofre

Amargurado e ferido;

Entre as sombras do amanhã,

Teu dia é desconhecido.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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