Gotas de Luz

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Capítulo XLI

No santuário interior


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Meu Senhor, Pai de Bondade,

De luz e de Amor sem fim,

Não me abandones à treva

Que trago dentro de mim.


Não me deixes repousar

No leito em flor da ilusão,

Dá-me a bênção luminosa

De tua repreensão.


De espírito encarcerado

Nos débitos que inventei,

Tenho sede do equilíbrio

Que nasce de tua lei.


Controla-me a aspiração

De ganhar e possuir,

Sou teimoso e invigilante,

Ensina-me a discernir.


Entrecruzam-se, em meu peito,

Divergências, dissensões…

Não me relegues ao jugo

De minhas imperfeições.


A chaga alheia, Senhor,

Sei curar, lenir ou ver,

Mas sou tardo de visão

Na esfera de meu dever.


Sou ágil no bom conselho

Ao coração sofredor;

Todavia, surdo e cego,

Nas dias de minha dor.


Nas orações, quase sempre,

Sou cópia dos fariseus,

Sentindo-me, presunçoso,

Dileto entre os filhos teus.


Não escutes, Pai Bondoso,

Os rogos e brados mil

Da ignorância que eu trago,

Vaidosa, bulhenta, hostil…


Não satisfaças, no mundo,

O orgulho atrevido e vão

Que me faz triste e abatido

Nos tempos de provação.


Põe freios duros e fortes

Ao meu serviço verbal,

Muita boca leviana

Tem dado guarida ao mal.


Meus sentidos, enganados,

Perturbam-me, muita vez.

Às emoções desvairadas,

Por compaixão, não me dês!


Que a tua vontade, enfim,

Pronta a prever e prover,

Seja em tudo e em toda a vida

A minha razão de ser.


Meu Senhor, Pai de Bondade,

De Luz e de Amor sem fim,

Não me abandones à treva

Que trago dentro de mim.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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