Instruções Psicofônicas

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Capítulo IV

No intercâmbio

Na noite de 1.° de abril de 1954, ao término de nossa reunião, José Xavier, que foi companheiro militante do Espiritismo, em Pedro Leopoldo, já desencarnado, desde 1939 e que ainda hoje é um cooperador leal e amigo em nosso Grupo, tomou o instrumento mediúnico e conversou conosco sobre o intercâmbio com as entidades sofredoras, deixando-nos as expressões aqui transcritas.


No trato com os nossos irmãos desequilibrados, é preciso afinar a nossa boa vontade à condição em que se encontram, para falar-lhes com o proveito devido.

Vocês não desconhecem que cada criatura humana vive com as ideias a que se afeiçoa.

Quantos no mundo se julgam triunfantes na viciação ou no crime, quando não passam de viajores em declive para a queda espetacular! E quantos companheiros, aparentemente vencidos, são candidatos à verdadeira vitória!…

Mesmo entre vocês, não é difícil observar mendigos esfarrapados que, por dentro, se acreditam fidalgos, e pessoas bem-nascidas, conservando a humildade real no coração, entre o amor ao próximo e a submissão a Deus!..

Aqui, na esfera em que a experiência terrestre continua a si mesma, os problemas dessa ordem apenas se alongam.

Temos milhares de irmãos escravizados à recordação do que foram no passado, mas, ignorando a transição da morte, vivem por muito tempo estagnados em tremenda ilusão!…

Sentem-se donos de recursos que perderam de há muito e tiranos de afeições que já se distanciaram irremediavelmente do trecho de caminho em que paralisaram a própria visão.

Nos campos e cidades terrestres, a cada passo topamos antigos dominadores do solo, os quais a morte não conseguiu afastar de suas fazendas; magnatas de indústria que o túmulo não separou dos negócios materiais, e homens e mulheres em massa que, sem a veste do corpo, continuam agrilhoados aos prazeres e aos hábitos em que fisgaram a própria alma…

Convidados à revisão do estado consciencial em que se alojam, irritam-se e defendem-se, como ouriços contentes no espinheiro em que moram, quando não se ocultam, matreiros, no egoísmo em que se deleitam, ao modo de velhas tartarugas a se esconderem na carapaça, ao primeiro toque estranho às sensações com que se acomodam.

Se insistimos no socorro espiritual de que necessitam, vomitam impropérios e cospem blasfêmias…

Mas, com isso, não deixam de ser doentes e loucos, agindo contra si mesmos e solicitando-nos amparo.

Sentem-se vivos, tão vivos, como na época em que se embebedaram de mentira, fascinação e poder.

O tempo e a vida correm para diante, por fora deles, mas, por dentro, imobilizaram a própria alma na fixação mental de imagens e interesses, que não mais existem senão no mundo estreito desses infelizes irmãos.

Querem apreço, consideração, apoio, carinho…

Não pedimos a vocês estimular-lhes a fantasia, contudo, lembramos a necessidade de nossa tolerância, para que lhes possamos contornar, com êxito, as complicações e labirintos, doando-lhes, ao mesmo tempo, ideias novas com que empreendam a própria recuperação.

Figuremo-los como prisioneiros, cuja miséria não nos deve sugerir escárnio ou indiferença, mas sim auxílio deliberado e constante para que se ajudem.

Cultivemos, assim, a conversação com os desencarnados sofredores, sem curiosidade maligna, ouvindo-os com serenidade e paciência..

Não nos esqueçamos de que somente a simpatia fraternal pode garantir a obra divina do amor.




José Xavier
Francisco Cândido Xavier


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