Instruções Psicofônicas

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Capítulo LX

Confortadora visita

Na reunião da noite de 14 de abril de 1955, os Benfeitores Espirituais reservaram grata surpresa ao nosso Grupo.

Trazido por eles, veio até nós o Espírito de nosso velho amigo e confrade Dr. Camilo Rodrigues Chaves, desencarnado em Belo Horizonte em 3 de fevereiro deste ano.

Foi a primeira vez que tivemos o ensejo de observar um companheiro recém-desencarnado comunicar-se no plano material com tanto equilíbrio e segurança.

Dr. Camilo, valoroso lidador do Espiritismo, passou para a Espiritualidade como Presidente da União Espírita Mineira, casa-máter de nossa Doutrina, em nosso Estado, e, controlando o médium, caracterizou-se plenamente, diante de nós, não só pela mímica com que se fazia sentir, como também pela voz que lhe era peculiar.

A visita do querido companheiro foi realmente confortadora e a sua palestra é de notável conteúdo para a nossa meditação.


Irmãos, o condiscípulo temporariamente afastado da escola vem visitar-vos e agradecer as vibrações encorajadoras e amigas.

A morte foi para mim benigna e rápida, no entanto, a desencarnação mental, propriamente considerada, continua para meu Espírito, porque o homem não se desvencilha, de chofre, dos hábitos consuetudinários que lhe marcam a vida.

Os deveres, as afeições, os projetos formados para o futuro, constituem laços ao pensamento. Ainda assim, tenho comigo a bênção da fé, presidindo-me a gradativa liberação.

Sinto-me, por enquanto, na posição do convalescente inseguro, esperando recuperar-se; contudo, já sei o bastante para afirmar-vos que, neste “outro lado” da vida, a sobrevivência é tal qual pressentimos na Terra, mas nem todas as situações se desdobram aqui, segundo imaginamos.

A experiência continua sem saltos, o homem se prolonga sem alterar-se de improviso, a matéria rarefaz-se e, de algum modo, se modifica, sustentando, porém, as características que lhe são próprias, e o túmulo é apenas transposição de Plano em que a nossa consciência encontra a si mesma, sem qualquer fantasia.

Compreendo, assim, agora, com mais clareza, a função do Espiritismo como instituto mundial de educação renovadora das almas, junto ao qual precisamos empenhar interesse e energia.

Não vale tomar a Doutrina a serviço nosso, quando é nossa obrigação viver a serviço dela. Escravizá-la às vantagens particulares, nos caprichos e paixões da luta terrestre, é acrescer compromissos e débitos, adiando a nossa própria emancipação.

Sem a cápsula física, nossa penetração na verdade é mais íntima e, a rigor, mais verdadeira. Daí o motivo de nos doerem, fundo, as faltas de omissão, porque todos trazemos para cá a preocupação de não haver feito pelo bem tudo aquilo que poderíamos ter realizado, no transcurso de nossa permanência no corpo.

Não nos iludamos. Exercer a caridade vulgar, alimentando os famintos e agasalhando os nus, é simples dever nosso, em nossas novas noções de solidariedade e justiça.

E não nos esqueçamos de que a caridade real será sempre iluminar o espírito humano para que o espírito humano se conheça e ajude a si próprio.

Oxalá possais ver mais longe que nós, os companheiros que vos precederam na grande viagem, atendendo ao serviço primordial que nos desafia!

Sem a assimilação dos nossos postulados, de maneira intensiva, utilizando consciência e coração, raciocínio e sentimento, falecer-nos-á o discernimento, sem discernimento fugiremos à responsabilidade, sem responsabilidade não teremos elevação moral e, sem elevação moral, o fenômeno espírita, não obstante a sua legitimidade, será estagnação no primitivismo.

Procuremos Jesus, afeiçoando-nos a ele, para que os nossos irmãos de senda evolutiva e de atividade regeneradora o encontrem conosco. Esta, meus amigos, por agora, é a nossa tarefa maior.




Camilo Rodrigues Chaves
Francisco Cândido Xavier


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