Instruções Psicofônicas

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Capítulo XL

Versos do Natal


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Revestiu-se para nós de grande alegria a parte final da nossa reunião de 9 de dezembro de 1954.

Meimei ocupou as faculdades psicofônicas do médium e anunciou em voz clara:

“Meus irmãos, Jesus nos abençoe.

“Graças à Bondade Divina, nossas tarefas foram rematadas com a necessária segurança.

“As melhoras dos nossos companheiros sofredores, assistidos nesta noite, serão progressivas continuando, assim, no aconchego de nossas organizações espirituais.

“Agora, solicitamos dos presentes alguns instantes de pensamentos amigos, tão entrelaçados quanto possível, em torno da memória de Jesus, para favorecermos a visita de nossa irmã Carmen Cinira, que algo nos falará, hoje, acerca do Natal.”

Afastou-se Meimei e a transfiguração do médium dá-nos a entender que outra entidade lhe tomava o equipamento. E, decorridos brevíssimos minutos, com um timbre de voz que nos soava harmoniosamente aos ouvidos, a poetisa Carmen Cinira, em versos encantadores e vibrantes, saúda o Natal que se aproxima, poesia essa que ela própria intitulou por: “Versos do Natal”.


Enquanto a glória do Natal se expande

Na alegria que explode e tumultua,

Lembra o Divino Amigo, além, na rua…

E repara a miséria escura e grande.


Aqui, reina o Palácio do Capricho

Que a louvores e júbilos se entrega,

Onde a prece ao Senhor é surda e cega

E onde o pão apodrece sobre o lixo.


Ali, ergue-se a Casa da Ventura,

Que guarda a fé por fúlgido tesouro,

Onde a imagem do Cristo, em prata e ouro,

Dorme trancada em cárceres de usura.


Além, é o Ninho da Felicidade

Que recorda Belém, cantando à mesa,

Mas, de portas cerradas à tristeza

Doa que choram de dor e de saudade.


Mais além, clamam sinos com voz pura:

— “Jesus nasceu!” — E o Templo dos Felizes

Que não se voltam para as cicatrizes

Dos que gemem nas chagas de amargura…


Adiante, o Presépio erguido em trono

Louva o Rei Pequenino e Solitário,

Olvidando os herdeiros do Calvário

Sobre as cinzas dos catres de abandono.


De quando em quando, o Mestre, em companhia

Daqueles que padecem sede e fome,

Bate ao portal que lhe relembra o nome,

Mas em resposta encontra a noite fria.


E quem contemple a Terra que se ufana,

Ante o doce esplendor do Eterno Amigo,

Divisará, de novo, o quadro antigo:

— Cristo esmolando asilo na alma humana.


Natal!… O mundo é todo um lar festivo!…

Claros guizos no ar vibram em bando…

E Jesus continua procurando

A humilde manjedoura do amor vivo.


Natal! eis a Divina Redenção!…

Regozija-te e canta, renovado,

Mas não negues ao Mestre desprezado

A estalagem do próprio coração.




Essa é a 73ª lição do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, editado pela FEB em 1966.



Carmen Cinira
Francisco Cândido Xavier


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