Lar-oficina, esperança e trabalho
Versão para cópiaFamília Bonifácio
Criança carinhosa, obediente e disciplinada, Fernando Augusto com 8 anos de idade cursava a 3ª série do 1.° grau no Colégio Santos Anjos, no Planalto Paulista e, por sua aplicação nos estudos escrevia e lia correntemente.
Manifestou desde cedo o desejo de ser médico, para tanto percorria o condomínio onde residia munido de uma maleta médica de brinquedo a consultar amigos e funcionários do edifício. Por isso, era carinhosamente tratado por “doutor”.
O que chamava a atenção, era que Fernando não demonstrava muito interesse por brinquedos, como qualquer criança demonstra, mas sua atenção, quase que obsessiva por palavras cruzadas e montagem de quebra cabeças, ocupavam-lhe as horas. Conseguia montar peças com mais de 1.500 recortes. Notava-se, também, a grande curiosidade de saber sobre o Universo, perguntando muito sobre as coisas do mar e do céu.
Demonstrava religiosidade apurada. Desejava que as bombas de guerra pudessem se transformar em fogos de artifícios bem coloridos.
Em suas orações, com muita espontaneidade, agradecia a Jesus pela família, rogando sempre pela saúde dos familiares, como se soubesse, que a sua estava prestes a sucumbir, mesmo não aparentando qualquer sinal de deficiência física.
Em abril de 1984 começou a sentir fortes dores de cabeça, a princípio, diagnosticadas como enxaquecas e adenóide. Sendo medicado, as suas dores não passavam, obrigando-o a internar-se no hospital para exames mais profundos. Foi constatado tumor benigno na hipófise. Por um período de 40 dias, iniciou-se uma série de exames (tomografia, angiografia, planigrafia, etc.) até a colocação de uma válvula no cérebro. De nada reclamava. Nesse período começaram a manifestar-se distúrbios de visão e dificuldades para escrever, obrigando a cirurgia para a retirada do tumor. Onze horas e quarenta minutos foi o tempo para a extração completa desse tumor. Em recuperação na UTI, começou apresentar alterações em seu metabolismo, vindo a desencarnar na manhã de 2 de junho de 1984.
O desespero nos dominou. Queríamos conhecer Chico Xavier. Todos diziam que ele, com o olhar, tranquilizava as pessoas.
Em outubro de 1984 fomos convidados por um casal amigo a visitar Chico e conhecer os trabalhos no Grupo Espírita da Prece. Sabendo da dificuldade de uma entrevista, havíamos deliberado aguardar ocasião propícia. Não falamos com Chico. Essa amiga entregou a ele uma foto de Fernando Augusto dizendo tratar se de uma mãe desesperada.
Chico colocou a foto no bolso e continuou a realizar o atendimento ao público. Ao término dos trabalhos, notamos Chico observando a foto de nosso filho. Não esperávamos nada. Não trocamos qualquer palavra. Isto tudo aconteceu na 6ª feira. Na madrugada do sábado, ouvimos o Chico pronunciar o o nome de nosso filho.
Que alegria meu Deus!
Chico é uma joia raríssima que precisa ser tratada com carinho. Jamais o mundo verá algo semelhante.
A mensagem mostrou com racionalidade as verdades do mundo em que vivemos.
O porquê da miséria, da riqueza, da doença, da saúde, enfim, o porquê dos disparates da vida das pessoas.
Entendemos, tudo está certo, tudo está marcado por Deus.
Estamos aprendendo a conviver com a dor na separação de um filho querido.
Onde quer que estejamos, eles estarão sempre nas expressões de carinho, coligando os corações que se sentem apertados pelas saudades.
Não se deve perder as esperanças, porque, hoje foram eles, amanhã, seremos nós, para o reencontro nos desígnios de Deus.
ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM ESPIRITUAL
FERNANDO AUGUSTO VERÍSSIMO BONIFÁCIO: Nascimento: 21 de setembro de 1975 — Desencarnação: 02 de junho de 1984 — Idade: 8 anos.
PAIS: Carlos 5eríssimo Bonifácio e Elisabeth Sartori Bonifácio. Rua Tito Lívio, 61. São Paulo, SP.
IRMÃ: Juliana 5eríssimo Bonifácio, na ocasião contava com 4 anos, eram muito ligados.
— Realmente, sua mãe se perguntava sempre: “Será que não poderia meu filho, ter ficado mais tempo entre nós? Por que isso foi acontecer?”
— Durante o período em que esteve aqui, suas dores de cabeça foram muito fortes, daí a citar, o menino, o estado enfermiço em que esteve.
— “Anseio de permanecer inutilmente no corpo”, segundo os médicos, se viesse a sobreviver, Fernando Augusto ficaria cego e paralisado.
.: Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.
Peço a Jesus nos proteja e nos abençoe.
Mãezinha, estes votos são extensivos ao papai Carlos, a nossa Juliana e a todos os nossos corações queridos. Estou aqui presente em sua saudade, neste correio do coração.
Os dias parecem voar, apesar de nos parecermos com pássaros de asas presas ao visgo da saudade, mas creia que seu filho tem estado tanto quanto possível ao seu lado, procurando renovar-lhe as energias para o desempenho dos deveres a que formos chamados.
Às vezes, ouço-a, em pensamento, a perguntar-me sem palavras, se não teria sido possível eu ter ficado mais tempo em sua companhia, mas a verdade, querida mãe, é que muitos de nós, os que voltamos aparentemente mais cedo à Vida Espiritual, temos o tempo marcado a relógio por aqueles que nos protegem e nos assistem da Vida Maior.
Em meu caso, era só uma estreita faixa de tempo que me cabia vencer, de modo a retomar a minha verdadeira personalidade. E se muito me doeu o estado enfermiço em que estive por aí, ele foi o passaporte para a minha viagem de regresso mais cedo à Espiritualidade.
De começo sofri bastante com a saudade e com o anseio de permanecer inutilmente no corpo, no entanto, observei que a minha melhora espiritual jazia na conformação a que fui submetido para verificar que o meu corpo espiritual retomaria os meus caracteres de formação.
Hoje posso dizer-lhe que o meu crescimento em espírito, cresce vigorosamente em meu próprio benefício. E dou-lhe estas notícias não para exibir um adiantamento que não tenho ainda, mas para expressar-lhes a verdade, que tenho estado a postos, aproveitando os ensinamentos de meus avós que são verdadeiros mestres de carinho e abnegação a meu favor.
Os pais queridos podem estar tranquilos a meu respeito, pois reconheço que, usufruindo um corpo diferente, ou melhor, mais forte, venho alcançando oportunidades que uma estada sombria não me proporcionaria.
Trabalho de pensamento fixado nos dois, na certeza de que assim agindo, muito em breve conseguirei ser verdadeiramente útil a nossa Juliana e nossos queridos. Louvado seja Deus!
Mãezinha querida, dizem aqui que as notícias curtas traduzem felizes informações e espero que esta minha carta de filho menino-moço consiga convencê-los de que estou bem.
Almejamos ansiosamente o dia em que poderemos comparecer uns à frente dos outros com a felicidade do dever cumprido.
Esperando haver trazido ao coração materno o contentamento de lhes oferecer as minhas melhores notícias, sou o filho que nunca os esquece, sempre reconhecidamente.
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