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Capítulo II

Acorda e vive


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Espiritualmente falando, a Terra, para os grandes seres que já se angelizaram, oferece o espetáculo de berçário imenso onde o Espírito humano continua dormindo na infantilidade que lhe caracteriza a evolução iniciante.

Os homens, quase todos, estáticos ou cristalizados na ignorância, imitam os sonâmbulos hipnotizados pelas próprias criações.

Aqui, alguém sonha ostentando ilusório manto de dominação, acolá, alguém passa, à maneira de autômato infeliz, acreditando-se mendigo.

Além, um homem comum, que apenas consegue realizar magra refeição por dia, estabelece imensos monopólios de farinha ou de azeite, vitimado pela loucura de amontoar utilidades sem proveito justo; mais além, uma criatura vulgar, que somente vestirá um costume de cada vez, açambarca o mercado do algodão ou o comércio da lã, supondo-se capaz de consumir sozinho o suprimento destinado a milhões.

Há quem administre os bens públicos, julgando-se exclusivo senhor deles, e há quem desperdice as próprias forças, deliberadamente, presumindo na saúde um caminho para a própria destruição.

É por isso que quase todos, enquanto na Terra, centralizamos a atenção no próximo, olvidando a nós mesmos.

Quando nos desvencilhamos, porém, das teias da ociosidade mental que nos anestesia, observamos que a vida apenas nos pede visão, a fim de descerrar-nos o luminoso roteiro para os cimos que nos compete atingir e, então, se nos dispomos realmente a ver, identificamos em derredor de nós, a sementeira e a seara de luz, à espera de nosso esforço no bem para conferir-nos paz e sublimação.

Se a dor te visita, se a indagação te convoca ao conhecimento, se a curiosidade te convida à reforma íntima e se o mundo te solicita renovação, recorda que o Senhor terá reconhecido o teu amadurecimento para a vida que nunca morre e te procura ao necessário despertamento.

Acorda e vive para a realidade que nos rodeia.

Acorda e serve, e servindo encontrarás a ti mesmo em nível mais alto, entretecendo as próprias asas para o voo excelso no rumo da imperecível libertação.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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