Lázaro Redivivo

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Capítulo L

Oração de um morto pelos mortos


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Senhor Jesus: muita vez o trabalhador do campo da vida interromperá o serviço do arado, não para olhar atrás, misturando saudades da esfera inferior com aspirações do plano sublime, mas para fixar as zonas mais altas e rogar-Te o auxílio imprescindível!

Mestre de Sabedoria e Bondade, não Te venho pedir hoje pelos que ainda se prendem à luta da carne! O faminto, que se arrasta no mundo, na maioria das vezes encontrará uma côdea de pão; o doente, quase sempre, achará remédio salutar. Venho pedir-Te por todos aqueles que a morte arrebatou ao corpo físico, inesperadamente, quando seus corações navegavam em pleno mar de ilusão; por aqueles que deixaram os afetos mais caros, que abandonaram o ninho doméstico entre angústias e lágrimas, que desertaram compulsoriamente dos serviços materiais em que punham a esperança!… Muitos deles, Jesus, acordaram em regiões que supunham não existir; outros amparam-se ainda com os familiares do mundo, tentando restaurar uma situação que a Divina Lei considera encerrada, em definitivo; outros ainda, Mestre, se conservam apegados ao sepulcro que lhes guarda os despojos, procurando inutilmente renovar as exaustas energias orgânicas!…

Senhor, por que não pedir por eles ao Teu amor que nos legou a doutrina do túmulo vazio?

É verdade que a maioria deles, pobres espíritos infelizes e perturbados, menosprezaram-Te o nome, esquecendo as obrigações que lhes competiam na Terra… Inegavelmente, criaram dolorosos infernos de remorso e sofrimento para si mesmos, que a Tua própria complacência não pode remover, nem destruir, em virtude das soberanas e indefectíveis Leis do Eterno, mas nós Te rogamos um raio de luz que os esclareça, uma gota do bálsamo de Teu infinito amor que lhes alivie os inomináveis padecimentos!… Ensina-lhes ainda, por intermédio de Teus mensageiros abnegados, o desprendimento dos derradeiros laços que os escravizam aos enganos do passado cruel! São míseras paralíticos do coração, que perderam o movimento fácil, por haverem desprezado os raciocínios nobilitantes, e cegos que subtraíram a visão a si mesmos, viciando os olhos na contemplação de fantasias sem-número, no círculo das sombras terrestres! Sabemos, Jesus, que os paralíticos e cegos voluntários dificilmente encontrarão a cura precisa; entretanto, ousamos suplicar Tua bênção divina para todos esses infortunados que, em desespero, vagueiam sem rumo na Crosta Planetária!

Ajuda-os, por compaixão, a se desfazerem das ilusões que os prendem à inquietação e ao tormento íntimo, auxilia-os no aprendizado da arte difícil de dizer adeus! Dá-lhes a noção de que a existência última do corpo se lhes fechou à alma, como se cerra um livro de contas do mundo, e ampara-lhes o coração oprimido para que se ponham a caminho da liberdade espiritual! Que possam reconhecer, ao influxo de Teu amor, a cessação de todos os direitos transitórios da Terra, em face da morte renovadora, e que troquem os títulos convencionais, que lhes uniam o espírito na carne aos seres queridos, pelos títulos gloriosos da fraternidade imortal, sem limitações e sem fronteiras! Reconhecemos que todos eles, como nós outros, estão assinalados por débitos vultosos perante a Tua misericórdia e sabemos que é impossível fugir ao resgate. Todavia, nós Te suplicamos a bênção de luz, a fim de que se desfaçam as sombras que nos cercam.

Jesus, compadece-Te dos novos Lázaros sepultados no túmulo das ilusões e ajuda-os para que sejam desenfaixados e ressuscitem, de fato, ao clarão da verdade eterna! Senhor, Tu que iluminaste os caminhos da vida, atende-nos a súplica e clareia também os caminhos da morte!…


(.Humberto de Campos)


Irmão X
Francisco Cândido Xavier


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