Meu caro Artur, Deus te abençoe o coração, concedendo-te a Sua paz santa.

Aqui estou. A morte não me abriu um dia do juízo, nem me fez esperá-lo indefinidamente. Esse juízo, meu filho, está vivo em minha consciência. Venho dizer-te que hoje estou compreendendo o Evangelho de modo melhor. É possível que alguns de nossos mais amados do mundo não entendam agora a minha voz. Não estranharei isso. Se a mesma situação se verificasse comigo, eu veria no fato uma expressão do “poder de Satanás”! Mas a verdade não deixa de ser a verdade e eu estou aqui. “Satanás” está no mal que as criaturas humanas parecem perpetuar na superfície da Terra. Nesse ponto, como em outros mais, o Espiritismo veio trazer ao planeta grandes revelações. Despertei, a meu ver, muito tarde para essa realidade eterna, mas Deus, que é Pai amoroso e magnânimo, não me abandonou na hora extrema, em que tive que deixar o mundo com a morte material. Acima de tudo, sinto o grande consolo de haver sido muito sincera. Sentia o Evangelho redentor no mais íntimo do coração e o sentimento me salvou. Através de todas as tempestades, eu confiei e estou feliz. Isso, no entanto, não impede que eu venha proclamar-te a verdade nova. Graças à magnanimidade divina, eu estou confortada e rendo louvores ao Onipotente.

Peço continuar, como sempre, no problema da fé dentro do ambiente familiar. Educa os filhinhos na mensagem e na exemplificação de Jesus, mas não force a nossa boa Chiquita em questões religiosas. Ela é a discípula carinhosa e sincera de Jesus e tem para ele o coração. Dar ao Mestre o nosso coração pela bondade é a nossa primeira obrigação. Chiquita já o fez e eu me sinto ditosa em afirma-lo. Aliás, a crença não representa obstáculo entre a sua alma e nós. Quando escreveres à Adelaide, dá-lhe minhas notícias. Não acredito que os meus entes mais queridos do mundo me possam aceitar a mensagem afetuosa, mas que Jesus os abençoe. Que na Sua bondade possa o nosso Pai trazer-te o espírito em graças perenes, é a prece de tua mãe pelo coração,