Mãe Antologia Mediúnica

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Capítulo LXXXIV

Mães

O coração das mães não descansam, além da morte. Impossível que o túmulo nos roubasse o tesouro dos afetos.

Seguimos, de perto, as preocupações e trabalhos de todos aqueles que respiram no círculo de nosso amor.

Aquele carinho e aquela santificada alegria que nos uniram uns aos outros, na Terra, permanecem cada vez mais vivos, dentro de nossa alma.

A ventura maternal está representada na posse do amor dos filhos, que constituem a sua razão de ser.

O jardim, do lar é o tabernáculo divino, onde o homem pode e deve manifestar os mais nobres valores que recebe da Providência Divina.

Sem a renúncia materna, a família quase sempre é um turbilhão de sofrimentos e necessidades indefiníveis e sem fim.

As mães nunca morrem. Não acreditem que os desencarnados estejam fora das alfinetadas que o mundo impõe às almas. Sofremos também, com intensidade terrível, de vez que já não dispomos da carne que nos serve de anteparo às grandes comoções.

Enquanto a vida nos retém no corpo físico, mormente nós, as mães, anelamos para os nossos rebentos as melhores posições materiais, entretanto, cedo a morte nos ensina que a luz não brilha na ilusão.

Quando nossos filhos, na Terra, se fazem gente grande e livre, permanecemos mais a sós, conosco vivendo as reminiscências e esperanças. Nossa alma, de volta ao passado, surpreende, na senda percorrida, os quadros que desejaríamos conservar inalterados. Aqui é um trecho da terra a falar mais particularmente ao coração, ali é uma voz de criança que ainda ressoa, nítida e cristalina, aos nossos ouvidos. Entretanto, é imprescindível tudo deixar, a fim de atingir a praia distante da purificação.

Nós, as mães, muitas vezes, somos como a hera, agarrada às paredes da vida.

O amor compele-nos à imantação com numerosas almas que, no fundo, precisam caminhar por si mesmas.

Quantas de nós são obrigadas a sofrer, anos e anos, além da morte física, no santo aprendizado do esquecimento?

Acompanhamos nossos filhos como a sombra segue o corpo, contudo, não conseguimos atingir o nosso ideal de senti-los em plena harmonia conosco, porque realmente cada alma evolui no plano que lhe é próprio.

Somos peregrinas, batendo à porta de variados corações, deles esmolando a alegria da compreensão e do auxílio. Às vezes, choramos em lhes observando a juvenilidade espiritual, mas, na qualidade de mães, confiamos e esperamos.

Quando a fonte se nega a irrigar a terra pobre, a breve tempo, reconhecemos o deserto diante de nós.

Se abandonamos a planta menos protegida à visita dos vermes, a devastação das folhas e das raízes não se fará esperar.

Ainda que as lágrimas sejam o nosso pão de cada dia, não podemos alterar nosso velho roteiro. Avancemos, pois, mesmo assim.




Maria Augusta Bittencourt
Francisco Cândido Xavier


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