Maria Dolores

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Capítulo XXXVI

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Senhor! Tu nos disseste:

— “Ide e falai ao mundo

Do amor, do excelso amor, no Lar Celeste,

E dizei

Da bondade da Lei

Que a todos nos governa,

No curso da jornada, dia a dia,

Para a perpetuidade da alegria,

Em plenitude de grandeza eterna!…”


Ouvi os teus ensinos

E, largando o repouso, a dúvida, o marasmo,

Esfuziante de entusiasmo,

Pus-me a espalhar a Boa Nova,

Como se contemplasse o Céu, dentro de mim!…


Minha vida era um sonho,

A Terra era um jardim…

Depois, Senhor, andei de prova em prova,

Para expor-te a presença,

Então pude notar a diferença

Entre palavra e ação!…


Conhecendo aspereza, angústia, tentação,

Quantas vezes caí, à beira do caminho,

De alma cansada e coração sozinho,

Lutando por erguer-me e continuar…


De queda a queda, em que me debatia

Era preciso atravessar

Tempestades de sombra e de agonia

Para sobreviver

Entre o sol da esperança e o suor do dever!…


É por isto, Senhor,

Que te venho rogar ardentemente,

Não me deixes seguir,

Entre os irmãos da frente

Que se mostram capazes

De transmitir ao mundo os prodígios que fazes!…


Torna-me pequenina,

Servidora sem nome,

Resguardada, porém, na Bondade Divina!…


Amorável Jesus,

Senhor da Excelsa Vinha

Da Verdade e da Luz,

Deixa, por fim, que eu seja,

No ideal de servir a que me elevas,

Um pobre e diminuto pirilampo,

Mas que eu viva e trabalhe no teu campo,

Persistindo em lutar contra a força das trevas!…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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