Maria Dolores

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Capítulo IX

Mensagem da Terra


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O Homem que esmorecera no trabalho;

Deitando-se no chão por rebeldia,

Ao sentir-se infeliz e descontente,

De ouvido rente ao solo,

Escutou, de repente,

As palavras que a Terra lhe dizia:


— Sou tua mãe, a Terra!… Ergue-te e anda!…

Não te magoes, meu filho, contra a vida,

Tudo o que Deus nos manda

É luz que aperfeiçoa…

A dor vem dessa luz que nos convida

Ao trabalho do bem que não se cansa

De criar a alegria e gerar a esperança…

Levanta-te, caminha, ama, serve e perdoa!…


Fita-me a pele desolada,

Fiquei ferida assim, ante os golpes da enxada,

Para que tenhas pão à mesa!…


Sofrer para ajudar é lei da Natureza!…


Deus pede que eu responda à injúria dos tratores,

Mais frutos produzindo, em braçadas de flores…

A quem me atire lama, lodo ou estrume

O Senhor determina

Que eu forneça mais verde e mais perfume,

Porque, segundo as leis da Bondade Divina,

De tudo quanto existe, o amor somente

É valor permanente

Do verme que se oculta em baixo nível,

À estrela que parece inatingível!…


Embora eu tenha o Céu por segurança e escolta,

Tenho milhões de filhos em revolta

E, às vezes, eles mesmos se exterminam

Em conflitos sangrentos,

Mas nunca sabem de meus sofrimentos,

Porque sou mãe vivendo aos sóis no Espaço,

E a todos acalento em meu regaço.


Deus é Pai que jamais, amaldiçoa,

Por isso, filho meu, ama, serve e perdoa!…


Um dia, ao ver o mal a envolver-me de todo,

Em torrentes de ódio, sangue e lodo,

Supliquei ao Criador nos mandasse mais luz

E o Céu nos enviou o ensino de Jesus!…


Jesus veio e entreabriu-se nova aurora,

Amou e fez de si divina doação,

E muito embora

Muita gente buscasse a redenção

É preciso dizer que, até agora,

Quase que ninguém quis

Receber de Jesus o dom de ser feliz.


Notando o orgulho a dominar o mundo,

Nas guerras sem razão sob o ódio iracundo,

Pisando, desprezando ou destruindo,

Tudo aquilo que fiz de mais puro e mais lindo,

Derramo, às vezes, lágrimas ardentes…


O vulcão é meu choro em lavas comburentes!…

Nunca roguei, porém, compensações nem mimos.


Guarda a fé, filho meu, contempla de altos cimos

No firmamento azul que nos recobre

A divina grandeza do porvir

Porque o trabalho, em si, não é triste, nem pobre…

E todos viveremos

Nos triunfos supremos

Do privilégio de servir!…


Desperta, filho meu, ergue-te e vem,

Trabalhemos com Deus na Seara do Bem!…


E o homem deslumbrado,

Levantou-se do chão que atravessara a esmo…


— “Servirei, servirei!…” — prometeu a si mesmo.


Ao erguer-se, sentiu a vida em torno…

Não longe, alguém guardava o pão no forno…

Enxergou renovado,

Árvores, animais, lavradores cantando,

As flores se entreabrindo e as abelhas em bando…


Depois, em oração que a fé viva descerra,

Gritou alçando ao Alto os braços seus:

— “Louvado seja Deus!

Ouvi a voz da Terra,

Obrigado, meu Deus!…”




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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