Mensagem do Pequeno Morto

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Capítulo XI

Em prece

Na primeira noite que se seguiu às minhas melhoras, permaneci em companhia de vovó e tia Eunice, no salão maior da residência.

Lindo luar banhava o jardim, lá fora, e a lâmpada de claridade branda, no interior, semelhava-se a enorme pérola em forma de coração.

Vovó, que olhava o relógio com atenção, convidou-nos à prece, explicando haver chegado o momento justo.

Reunimo-nos em torno de grande mesa, em cujo centro repousava gracioso jarrão com flores vermelhas, quase iguais aos cravos que conhecemos aí.

Findos alguns minutos de silêncio, para os quais vovó Adélia me pediu os melhores pensamentos, tia Eunice fez linda oração, em voz alta, rogando a Jesus nos amparasse e esclarecesse como sempre, ajudando-nos a ser dignos da bênção do Eterno Pai.

Terminada a rogativa, vasto espelho próximo começou, com grande assombro para mim, a iluminar-se de maneira maravilhosa, como se recebesse de zona desconhecida vigorosa projeção de luz dourada. Em breves momentos, surgia ali a imagem de uma senhora cativante, falando conosco.

Vovó e titia passaram a ouvi-la, atentas, enquanto não cabia em mim mesmo de admiração. Vencida a surpresa do primeiro minuto, passei a escutá-la, fascinado pela beleza das lições e dos comentários, cheios de sabedoria, embora não conseguisse penetrar na intimidade de todos os assuntos expostos.

Suas disposições de otimismo eram, porém, admiráveis e contagiosas. Falava-nos, através de um aparelho de televisão, como se estivesse em pessoa, a três passos de nós, com notável serenidade e excelente expressão de bom ânimo.

Além das elucidações valiosas que nos trazia, comentou, com mais calor, a nossa necessidade de entendimento ante os desígnios superiores, com a firme decisão de nos afeiçoarmos a eles, dentro do espírito de serviço. Esclareceu sensatamente que tudo nos ocorre para o bem, desde que não estejamos na posição lamentável das criaturas rebeldes e caprichosas.

Francamente, ouvindo-a, senti-me encorajado, bem disposto. Tive a ideia de que a “visitadora distante” irradiava eflúvios de paz que me reconfortavam profundamente o coração, multiplicando-me as esperanças no futuro sublime.

Naqueles reduzidos minutos, senti que a minha fé cresceu muito, intensificando, dentro de mim mesmo, o otimismo e a confiança.

Quando se apagou a luz dourada no espelho cristalino, tia Eunice informou-me de que, duas vezes por semana, os lares da vila entravam em contato com elevados instrutores e governantes do nosso novo Plano de trabalho, por intermédio dos aparelhos de televisão e radiofonia. Não cabia em mim de alegria confiante.

Voltando ao repouso, vovó Adélia notificou-me de que, no dia imediato, seria eu recolhido ao Parque dos Meninos, de onde escrevo esta carta para você.


Carlos
Neio Lúcio


Carlos
Francisco Cândido Xavier


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