Mensagens de Inês de Castro

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Capítulo X

Os Reis Afonsinos do Século XIV. A Regência de 1383 — 1385

Os reis afonsinos do século XIV, a partir de D. Dinis, envolveram-se direta ou indiretamente no “episódio Inês de Castro”.

Foram eles:

— D. Dinis (1279 a 1325), o Rei-Poeta, esposo de Isabel de Aragão, nossa Rainha Santa;

— D. Afonso IV (1325 a 1357), filho de D. Dinis e da rainha Isabel;

— D. Pedro I (1357 a 1367), filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz;

— D. Fernando I (1367 a 1383), filho de D. Pedro I e de D. Constança Manoel.

De 1383 a 1385…

Aqui cabe breve relato.

Trata-se de um período de conturbada transição, sob a regência de Leonor Teles, viúva de D. Fernando I.

Em dramática decisão para o futuro de Portugal, D. Fernando assinou em 1383 o Tratado de Salvaterra de Magos, ratificado pelas Cortes de Santarém, que, em linhas gerais, determinava o seguinte:


Quando ele falecesse, o que ocorreria poucos meses depois, em outubro daquele ano, Leonor seria regente do trono, e, pela ausência de filho varão, as coroas de Portugal e Castela seriam cingidas por D. João 1 de Castela e D. Beatriz, filha de D. Fernando e Leonor, que se casariam logo depois da assinatura do Tratado, conforme acordo nele estabelecido.


Após a morte de João e Beatriz, as coroas dos reinos passariam aos filhos do casal, e, na sua eventual ausência, a sucessão ficaria a cargo da linhagem de descendentes apenas de Castela, subordinando-se, assim, Portugal ao reino vizinho.

Aproveitaram-se os mentores do Tratado de Salvaterra da grave enfermidade de D. Fernando, pois o acordo determinava a união das coroas de ambos os reinos, com evidente privilégio para Castela.

Parece-me que aí ocorreu clara oposição ao espírito da antiga lei sálica de Clóvis, escrita no início da Idade Média, que, entre outros objetivos, buscava privilegiar os varões nos direitos sucessórios.

Protegia-se, desse modo, Beatriz, a sucessora natural, buscando-se inviabilizar a substituição de D. Fernando pelos herdeiros de D. Pedro I, fosse por um dos dois filhos de Inês de Castro ou pelo Mestre de Avis, detentores de títulos hierárquicos que os credenciavam a postular a sucessão.

Todavia, as evidentes pretensões do rei de Castela em adjudicar a coroa portuguesa se esbateram na união da nobreza e do povo, empenhados na manutenção das conquistas sedimentadas, desde os tempos do Conde D. Henrique, para a efetiva criação do Estado português.

O Mestre de Avis e seu condestável, D. Nuno Álvares Pereira, impuseram a D. João de Castela, apoiado por Leonor Teles e parte da nobreza lusitana, durante os conflitos que eclodiram entre 1383 e 1385, sucessivas derrotas.

O clímax dos embates ocorreu na pequena localidade de Aljubarrota, próxima de Alcobaça, com a rendição e expulsão do território português das forças castelãs em 14 de agosto de 1385.

Inicia-se a dinastia de Avis ou joanina, com o próspero reinado do Mestre de Avis, D. João 1, filho bastardo de Pedro I. Longa e profícua, a dinastia joanina se caracterizou pelas incursões marítimas de Portugal, com o consequente descobrimento do Brasil.

Voltando a D. Fernando, a bem da verdade, deve-se-lhe creditar, a despeito do malfadado Tratado de Salvaterra, os méritos de importantes realizações em seu reinado, como veremos no capítulo a ele destinado.




Caio Ramacciotti
Francisco Cândido Xavier


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