Mensagens de Inês de Castro

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Capítulo XXV

Socorro espiritual a D. Pedro e D. Afonso

O estudo do amplo material, que o Chico me entregou, trouxe-me a sensação de que as mensagens de Inês de Castro foram escritas, ao longo de 1977, à medida que ela, na 5ida Espiritual, captava a reação de Pedro [que na presente encarnação foi o organizador desse livro] a respeito das cartas que lhe enviava.

Sentindo-o confuso a princípio, contudo mais sereno com o passar do tempo, pôde Inês, da Vida Maior, descrever diálogos profundos entre ambos — arquivados há mais de seis séculos em sua memória — muitos deles com a participação de Isabel de Aragão.

Nos últimos tempos de sua presença mais próxima junto a Pedro, por meio do Chico, Inês continuou a enviar cartas espirituais — que retratam a mágica história do amor medieval com repercussões perante o futuro — somente explicadas pela reencarnação.

E remete também a Pedro mensagens como a que segue e que retratam as preocupações de Inês e da Rainha Santa com a reencarnação de pai e filho [Rolando e Caio] em terras brasileiras, no século XX.

No sítio espiritual em que Isabel de Aragão recebeu Inês, ambas comentam o comportamento dos antigos reis medievais em sua nova existência:

A paisagem era assinalada por grande beleza, mas não sabia como chegara até ali.

Dois mentores benevolentes e sábios tomavam a posição de condutores da nossa jornada, mas, à medida que me aproximava do sítio que devia visitar no Plano Maior, o coração se me oprimia no peito.

Informara-me, não a meu pedido, mas por determinação superior — a que não deveria fugir — que a Rainha Isabel de Aragão me esperava para um ligeiro entendimento. Creio que ela terá diminuído em muito o teor da própria grandeza para receber-me.

A mansão era bela no exterior, conquanto de linhas singelas. Muitas flores, especialmente rosas multicores e cravos vermelhos, compunham em predominância os jardins extensos. Companheiras muitas constituíam-lhe o séquito, entretanto ela não se fazia representar.

Ela mesma recebeu-nos na extensa varanda, que os perfumes invadiam numa síntese de aromas a caracterizar-se por suavidade indefinível.

Fiz diante de tão augusta mulher espiritual a reverência que lhe devo, mas, ao chama-la “Santa Isabel”, informou-me sorrindo:

— Isabel somente. Os homens criam titulações que eles mesmos destroem, quando o tempo lhes acentua a maturidade. Sou mulher humana e luto ainda…

Conhecemos 1nês, os caminhos que tens transitado e sabemos a extensão das dificuldades a transpor.

A sementeira do Reino de Deus é feita à custa de suor e de lágrimas, embora esse suor se converta em bálsamo curativo do espírito e essas lágrimas se façam alegrias sublimes.

Não existem caminhos de Jesus sem calvários por subir…

Os patrimônios de Cristo devem ser preservados pelos seguidores de Cristo. É preciso servir trabalhando e amando sempre…

Perguntei por D. Pedro, ao que respondeu:

— Pedro sofre a pressão de enormes problemas no centro dos quais, muitas vezes, se considera uma ilha de dor.

Recolhe-se numa forte couraça, na qual os seus sentimentos mais puros e mais belos se refugiam no isolamento, à maneira de tesouros ocultos em cidadela quase inacessível.

Entendo-lhe a luta, mas se posso algo pedir-te, não te desinteresseis do trabalho de meu filho Afonso, detido em dificuldades e óbices por um lado, conquanto surja liberto e vitorioso por outro.

Uma tarefa específica entre os homens, nos setores do bem, equivale a longa e difícil batalha…

E os homens buscam ganhar as guerras, e nós, em nome do Cristo e Senhor, aspiramos ao ganho da paz…

No meu espírito pobre, as perguntas se enovelavam. Queria falar de considerações outras, ouvir advertências, receber instruções e recolher avisos… Minha mente turvou-se.

A grande Isabel compreendeu que eu caíra numa crise de pranto. Abraçou-me maternalmente e despediu-se, entregando-me aos mentores.

Inês de Castro

Inês, preocupada em socorrer o companheiro, que — como Isabel de Aragão observa — estava enclausurado no isolamento e no egoísmo, atravessando fase mais difícil em sua existência atual, envia-lhe a mensagem que encerra este capítulo.

Nas seguintes palavras de Inês, evidenciam-se-lhe as preocupações em reafirmar ao infante medieval reencarnado o amor que os une, com os augúrios de uma vida enriquecida de bênçãos.

Assim escreveu Inês:


Amado rei e senhor meu, guarde o Todo Amoroso Pai a vossa saúde e a vossa alegria, a vossa tranquilidade e bom ânimo, com todos aqueles que amamos.

Venho rogar à vossa benignidade me perdoe se tangi cordas profundas de vosso magnânimo coração.

Peço-vos, com toda a veneração com que vos amo, não sofrais por palavras minhas. Compreendo a altura de vossa posição e as responsabilidades que carregamos em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Augusta Causa.

Não nos iludamos quanto a seis séculos que passaram. Um milênio na vida do Espírito é comparável à duração de um dia, e a Corte do nosso admirável D. Afonso IV, do ponto de vista espiritual, poucas diferenças demonstra.

Digo isso não para examinar consciências alheias, mas por mim própria, que tão pouco modifiquei por dentro de mim.

Se algo houver de bom ou se algum traço do belo apareceu ou possa aparecer nesta alma, que é um reflexo de sua própria alma, isso é plantação de sua real bondade ou resultado de seu próprio trabalho.

Do Plano Espiritual, vejo tão somente a sua querida imagem e ouço a sua voz, porque em sua formosa vida, sou a harpa do artista que a construiu e cujas peças somente ele conhece para executar as melodias nascidas do seu gênio criador.

Desse modo, eu o saúdo com amor e reverência, pedindo a Deus para que a sua vida esteja sempre e cada vez mais enriquecida de bênçãos, bênçãos que a sua magnanimidade distribui a favor de nós todos.

Serão para você todos os poemas que eu possa compor, todos os sonhos de ternura que a minha imaginação seja capaz de improvisar.

Amo e amarei a você, amado rei, com tudo e com todos os que você ame. E verei com imensa alegria quantos o conheçam em sua grandeza e o amem com o carinho que lhe possam doar.

Nossos livros serão ilustrados com a beleza do arco-íris, porque a tinta do so1 será usada por nós em sinal de respeito a Deus.

Aguardarei, com ânsia e serenidade, na paz da fé e na aflição do amor, o tempo em que Deus me restitua ao vosso carinho e à vossa proteção para sempre.

Em seu amado coração, receba o rio dos beijos de meu carinho e reconhecimento, com a alma toda sua sempre e cada vez mais sua.

Inês de Castro

Caio Ramacciotti


Inês de Castro
Francisco Cândido Xavier


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