Moradias de Luz

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Capítulo VI

O Talento Celeste


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Nem sempre contamos com o dinheiro necessário ao socorro fraterno na luta material.

Nem sempre dispomos de valores culturais suficientes para o acesso à solução dos mais altos enigmas da vida.

Nem sempre possuímos recursos sociais avançados de modo a estender influências e cooperar, de imediato, em realizações de vulto.

Nem sempre conseguimos entesourar bastante saúde física para mobilizar o corpo terrestre, no rumo dos serviços que desejaríamos executar sem detença.


Mas ninguém vive deserdado da riqueza das horas para consagrar-se ao bem.

O tempo, no fundo, é o talento celeste que o Supremo Senhor derramou, a mancheias, em todas as direções e em favor de todas as criaturas.

Se dispões de uma hora, não lhe percas o sublime valor substancial.

Com ela, é possível a obtenção de novos ensinamentos, o cultivo da fraternidade, a bênção do consolo ao irmão que padece nos braços constringentes da enfermidade, a conversação sadia que ajuda ao próximo necessitado, a escrituração de uma carta amiga e edificante, a plantação de algumas árvores preciosas que, mais tarde, oferecer-te-ão asilo seguro…

Não desperdices o sagrado talento dos minutos, comprando com ele as amarguras da crueldade, os remorsos do crime, as aflições da maledicência ou as espinhosas sementes da leviandade…

Muita gente exige do mundo valiosos cabedais de felicidade, aguardando castelos de abastança e de alegria, mas não se anima a gastar uma simples hora na construção dos alicerces indispensáveis à paz da própria existência.

Não te demores na furna envenenada do tempo perdido…

Não esperes pelo dinheiro ou pelo título acadêmico, pelo poder pessoal ou pelas disposições físicas favoráveis para empreender a bendita romagem de elevação.

O Céu para nós começa na Terra. Iniciemo-nos na escalada Divina.

Uma frase de compreensão, um sorriso afetuoso, uma prece ou um pensamento de auxílio podem ser os primeiros passos na direção do Paraíso que intentamos atingir.


Não nos esqueçamos do dia que passa, porque neste minuto mesmo brilha o nosso sublime momento de começar a gloriosa ascensão.




(Reformador, março de 1957, p. 70)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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