Na Era do Espírito

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Capítulo XXVI

Indagações sobre a felicidade


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Chico Xavier

“Em nossa reunião, provavelmente porque as indagações sobre a felicidade dominavam os nossos entendimentos verbais, antes da execução das tarefas da noite, O Livro dos Espíritos () veio ao nosso encontro com a questão 921, em torno do mesmo tema.

Meditamos sobre o assunto discutido e confirmado pelo livro, e ao término da nossa reunião foi o nosso amigo espiritual André Luiz quem tomou o lápis e escreveu a página, “Regras da Felicidade” que gostaríamos de ver enriquecida com os seus abençoados comentários.”



André Luiz

Lembre-se de que os outros são pessoas que você pode auxiliar, ainda hoje, e das quais talvez amanhã mesmo você precisará de auxílio.

Todo solo responde não somente conforme a plantação, mas também segundo os cuidados que receba.


Aqueles que renteiam conosco nas mesmas trilhas evolutivas assemelham-se a nós, carregando qualidades adquiridas e deficiências que estão buscando liquidar e esquecer.

Reflita nos arranhões mentais que você experimenta quando alguém se reporta irrefletidamente aos seus problemas e aprenda a respeitar os problemas alheios.


Pensemos no bem e falemos no bem, destacando o lado bom de acontecimentos, pessoas e cousas.

Toda vez que agimos contra o bem, criamos oportunidades para a influência do mal.


Mostremos o melhor sorriso — o sorriso que nos nasça do coração — sempre que entrarmos em contato com os outros.

Ninguém estima transitar sobre tapetes de espinhos.


Evitemos discussões.

Diálogo, na essência, é intercâmbio.


Se você tem algo de bom a realizar, não se atrase nisso.

Hoje é o tempo de fazer o melhor.


Estime a tarefa dos outros, prestigiando-a com o seu entusiasmo e louvor na construção do bem.

Criar alegria e segurança nos outros é aumentar o nosso rendimento de paz e felicidade.


Não contrarie os pontos de vista dos seus interlocutores.

Podemos ter luz em casa sem apagar a lâmpada dos vizinhos.


Você é uma instituição com objetivos próprios, dentro da Vida, a Grande Instituição de Deus.

Os amigos são seus clientes e se você procura ajudá-los, eles igualmente ajudarão a você.


Se você sofreu derrotas e contratempos, apenas se deterá nisso se quiser.

A Divina Providência jamais nos cerra as portas do trabalho e, se passamos ontem por fracassos e dificuldades em nossas realizações, o Sol a cada novo dia nos convida a recomeçar.



Irmão Saulo

A felicidade é uma questão de compreensão. As criaturas que encaram a vida sem nenhuma compreensão da sua realidade espiritual não podem ser felizes. Seus momentos de alegria e satisfação passam depressa e são bem poucos. Porque elas colocam a felicidade onde ela não pode estar, querem encontrá-la em coisas ilusórias que logo se desfazem. A felicidade mora em nós mesmos, em nossa consciência. Temos um objetivo na vida e só somos felizes quando o estamos realizando.

As regras que André Luiz nos oferece mostram isso de maneira bem clara e confirmam O Livro dos Espíritos () em sua questão 921. No comentário a essa questão Kardec adverte: “O homem bem compenetrado do seu destino futuro só vê na existência corpórea uma rápida passagem”. Descartes já nos alertava contra o perigo de confundirmos a alma com o corpo. Quando não sabemos nos distinguir do próprio corpo o que buscamos é uma felicidade ilusória, egoísta e efêmera. Ela pode nos satisfazer por alguns instantes, mas logo murchará em nossas mãos e nos sentiremos grandemente infelizes.

E bom gravarmos em nossa mente este ensino de André Luiz: “Criar alegria e segurança nos outros é aumentar o nosso rendimento de paz e felicidade”. Esta não é apenas uma recomendação moral, é uma lei científica. Porque a vida humana é psíquica e não material. Vivemos num oceano de vibrações psíquicas, em permanente permuta com as outras pessoas. Se pensamos no mal atraímos vibrações más, se pensamos no bem atraímos boas vibrações, e se fazemos o bem criamos um potencial de bondade, paz e felicidade ao nosso redor, beneficiando também os outros.

É evidente que não podemos mudar o mundo por nós mesmos. Nem podemos fazer-nos anjos de um momento para outro. Temos o nosso passado negativo, mas o presente nos oferece a oportunidade de criar um futuro positivo. Enquanto o criarmos com nossos bons pensamentos e boas ações teremos a felicidade que é possível ao homem gozar na Terra, mundo ainda inferior, de provas e expiações. Venceremos nossas provas com alegria e superaremos nossas provações com esperança, compreendendo que nos libertamos a nós mesmos para a felicidade real do Espírito que é o destino de todas as criaturas.



Francisco Cândido Xavier


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