Na Hora do Testemunho

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Capítulo IV

Do arquivo de Emmanuel


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Francisco Cândido Xavier

Estávamos de viagem para longe do lar, quando um grupo de irmãos surgiu ao nosso encontro. Companheiros em prova de dificuldades. Solicitavam alguns momentos de prece. Entretanto, a condução nos aguardava para tarefas à distância. Mesmo assim, oramos por alguns minutos rápidos e buscamos instruções em O Evangelho Segundo o Espiritismo.


Aberto o livro, o convidou-nos à meditação e à troca de ideias, o que fizemos na pequena faixa de tempo de que dispúnhamos. Não havia ensejo para psicografia, mas o nosso amigo Emmanuel nos permitiu retirar ao acaso, do arquivo de suas comunicações, uma mensagem recebida há tempos. E essa foi a página que o nosso benfeitor espiritual intitulou por Bênçãos Ocultas. Tão oportuna se nos fez essa página, que a enviamos às suas mãos, de vez que todos nós concordamos em solicitar o seu concurso de sempre, para que a tenhamos com os seus preciosos apontamentos no “Diário de S. Paulo”, se possível.


Guardando a certeza de que o prezado amigo nos dispensará a sua atenção costumeira, e agradecendo antecipadamente, sou o seu de sempre pelo coração: (a) Chico Xavier.





Emmanuel

Todos necessitamos de reconforto, nos dias de aflição.

Isso é justo. Por outro lado, porém importa reconhecer que a Providência Divina não nos dá dificuldades sem motivo.

Entendendo-se, pois, que o Senhor jamais nos abandona às próprias fraquezas, sem permitir venhamos a carregar fardos incompatíveis com as nossas forças toda vez que escorados em nossas tribulações, fujamos de usar a consolação, à maneira de flor estéril.

Aproveitemos a bonança que surge depois da tormenta íntima para fixar a lição que o sofrimento nos oferece. Não nos propomos, sem dúvida, elogiar os empreiteiros de contrariedades e os fabricantes de problemas, no entanto é preciso certificar-nos com respeito às vantagens ocultas nas provações que nos visitam.


Quem poderia adivinhar a que abismos nos levaria o amigo menos responsável, a quem nos confiamos totalmente, se ele mesmo não nos desse a beber o fel da desilusão com que se nos descerram os olhos para a verdade?

Quem conseguiria medir os espinheiros de discórdia em que chafurdaríamos o espírito, não fossem as decepções e lutas suportadas por nossa equipe de trabalho, a nos ensinarem a união imprescindível para a senda a palmilhar?


Ingratidão, em muitos casos, é o nome da benção, com que a Infinita Misericórdia de Deus afasta de nós um ente amado, para que esse ente amado, por afeto em descontrole não nos induza a desequilíbrio.

Obstáculo no dicionário da realidade, em muitas ocasiões, significará apoio invisível para que não descambemos na precipitação e na improdutividade.

Pranto e sofrimento exclusivamente para lamentar e desesperar seriam apenas corredores descendentes para desânimo e rebeldia.


Chorar e sofrer, sim, mas para reajustar, elevar, melhorar, construir.

Nossas provas — nossas bênçãos.

Reflete nos males maiores que te alcançariam fatalmente se não tivesses o socorro providencial dos males menores de hoje e reconhecerás que todo contratempo aceito com serenidade é toque das mãos de Deus, alertando-te o coração e guiando-te o caminho.





Irmão Saulo

As dificuldades e os dissabores que nos surgem pela frente não nascem por acaso. São como flechas que partem de um arco em direção de um alvo. Têm um sentido, que precisamos compreender, trazem-nos uma mensagem que precisamos decifrar. A taça de fel da desilusão não pode ser afastada, como não o foi nem mesmo a de Jesus, pois o seu amargor é remédio de que carecemos para livrar-nos de males maiores.


Se os amigos e companheiros que hoje nos traem, que se voltam contra nós, esquecidos de quanto lhes servimos em tantas oportunidades, e não raro de maneira inexplicável e injustificável, do que seriam capazes amanhã ou depois? É melhor que nos ofereçam o quanto antes a taça da desilusão, o fel da decepção. A vida terrena é rápida, como ensina o item citado de O Evangelho Segando o Espiritismo e na sua rapidez saldamos em pouco tempo velhas dívidas que levaríamos séculos a pagar na vida espiritual. Muita gente se queixa de que a traição venha de parentes e amigos, dos próprios companheiros de trabalho. Mas de onde poderia vir, senão precisamente daqueles que marcham ao nosso lado?


Deus escreve direito por linhas tortas, diz o conhecido provérbio. Nossas provas, nossas bênçãos — escreve Emmanuel. Para o espírita, as ocorrências da vida, por mais nefastas que possa parecer, têm sempre um sentido oculto que é a bênção oculta da mensagem de Emmanuel. É no Espiritismo que a tese da Providência Divina se justifica e se comprova, mostrando-nos que a mão de Deus traça o roteiro da nossa evolução: O homem põe e Deus dispõe. O homem se engana, mas Deus o desengana. Seria absurdo protestarmos contra as medidas providenciais de Deus em nosso favor. É melhor romper-se um tumor do que alastrar-se a sua infecção por todo o organismo.



Francisco Cândido Xavier


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