Na Hora do Testemunho

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Capítulo V

Lembrança do Cristo


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Francisco Cândido Xavier

Nossa reunião pública de 14 foi consagrada às comemorações do Natal. O Evangelho Segundo o Espiritismo ofereceu aos nossos estudos e reflexões o . Nossa amiga D. Maria Eunice Lucchesi, de São Paulo, comentou o texto com muito carinho e eficiência, lembrando a mensagem evangélica que a Doutrina Espírita encerra para o mundo.


Ao término de nossas tarefas, nossa irmã do Plano espiritual. Maria Dolores escreveu a mensagem que lhe envio, em plena lembrança do Cristo, nos dias presentes. Envia essa página na esperança de que possa figurar no “Diário de São Paulo” com os seus apontamentos.

Desde já muito agradeço a sua generosa cooperação de sempre ao prosseguimento de nossos estudos.





Maria Dolores

Senhor!

Sabemos nós que nos disseste:

“Amai-vos uns aos outros,

Tal qual eu vos amei.” (Jo 15:12)

Todos estamos certos quanto à lei.

Que em ti refulge sob a luz celeste,

— A luz do Eterno Amor!


Entretanto, Senhor,

Os nossos raciocínios

De fé e aceitação

Sempre desaparecem no barulho

Da vaidade e do orgulho

Em que nos mergulhamos com frequência,

Ensombrando a existência

Ao recusar-te o coração.


É por isto, Jesus,

Que te rogamos luz

Para rever-te a vida e escutar-te os chamados

Nos companheiros desesperançados,

Nos últimos das filas

Das multidões cansadas e intranquilas

De que passamos ao redor,

Das quais nos chamas à cooperação

Por um mundo melhor.


Sabemos que nos falas

Através das crianças desnutridas,

Das mães que lutam por alimentá-las.

Dos enfermos que esperam

A vaga do hospital,

Dos irmãos outros de outros sanatórios,

Daqueles nosocômios diferentes,

Onde a justiça guarda os corações doentes

Que pulsaram no bem, vezes e vezes.

E atiraram-se ao mal…


Temos nós a certeza

De que nos buscas, dia a dia,

Nos que esmorecem de tristeza,

Dos que se vão na estrada escura e fria

Da deserção que os desconforta,

Naqueles cujo peito

Inda nutre a esperança quase morta,

De pés sangrando no caminho

Das grandes provações…


Conhecemos a luta em que te pões.

Pedindo-nos concurso e entendimento,

A fim de atenuar o sofrimento

De tantos corações

Atolados na sombra em velhos climas

De rebeldia, angústia e indiferença,

Companheiros dos quais nos aproximas

Agora e em toda parte.

A fim de interpretar-te

A divina presença.

É por isto, Senhor, que te imploramos:

Faze-nos olvidar as bagatelas

Entre as quais nos perdemos…

Arreda-nos do passo todas elas

De modo que possamos entender

O serviço contigo por dever.


Ajuda-nos. Senhor,

A lembrar-te e a esquecer

Tudo quanto se ligue a pensamento vão,

Para que o nosso amor jamais se torça,

Porque somente em ti, Jesus, existe a força

Que nos leva a entregar-te o coração.





Irmão Saulo

Às vésperas do Natal, a poetisa Maria Dolores nos lembra o mandamento do amor. Se o houvéssemos obedecido, a Terra seria hoje um mundo tranquilo e feliz. Como não fomos capazes de segui-lo, vemo-nos envolvidos em lutas inglórias e submetidos a terríveis ameaças. Quando Jesus advertiu os discípulos contra o fermento dos fariseus, eles entenderam que o Mestre lhes falava de pão. Dois milênios depois fazemos o mesmo. O fermento do orgulho e da vaidade nos leva a desfigurar os seus ensinos e rejeitar as suas palavras. Somos alunos repetentes de muitos séculos!


O de O Evangelho Segundo o Espiritismo, citado por Chico Xavier, constitui-se de uma mensagem do Espírito da Verdade, que há mais de um século repetiu-nos, como porta-voz do Cristo, o seu ensino esquecido: “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instrui-vos, eis o segundo”. A mensagem é dirigida aos espíritas, na era da razão, porque eles devem estar em condições de compreende-la.


Não basta amar, é preciso saber amar. Jesus não nos trouxe apenas o amor, mas também a verdade. Ensinou-nos a raciocinar, a buscar o sentido da vida, a não nos perdermos de novo nas trevas da vaidade farisaica. Por isso o Espírito da Verdade acentua: Instrui-vos!


O Espiritismo é a Renascença Cristã, segundo a bela definição de Emmanuel. Inicia na Terra uma fase nova da ilustração, do iluminismo, desalojando a nossa mente do fanatismo sectário. No Renascimento tivemos a iluminação das Ciências. No Espiritismo temes a iluminação da Verdade sob as luzes conjugadas da Ciência, da Filosofia e da Religião. Não temos o direito de nos perdermos de novo em jogos de palavras, como fizeram os sofistas gregos, os rabinos judeus, os clérigos medievais. Não temos o direito de corrigir os textos de Jesus e Kardec segundo a medida estreita da nossa miopia mental. Precisamos instruir-nos, libertar-nos dos preconceitos para não confundirmos o fermento do passado com o pão de cada dia que o padeiro nos entrega.

A prece de Maria Dolores é um convite de Natal à compreensão profunda das lições do Mestre, à rejeição das bagatelas entre as quais nos perdemos, como crianças que brincam com os seixos da praia sem compreender a extensão e a profundidade do mar.


Abençoada lição que nos dá a grande poetisa do Além! Deixemos de lado os bilros das palavras e cuidemos do sentido real das ensinos de Jesus, pondo-os em prática na realidade da vida. Neste Natal o Mestre nos olha compassivo, perguntando a si mesmo até quando continuaremos apegados à ilusão dos sofismas, tentando corrigir os seus ensinos.



Francisco Cândido Xavier


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João 15:12

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

jo 15:12
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