Ninguém Morre - Estagiamos Entre Dois Mundos
Versão para cópiaNos dias de céu azul
Querida mãezinha Clarice, abençoe-me.
Este é um grande momento para seu filho. Um encontro em meio das tempestades que desabaram sobre nós. Tempestades dos sentimentos, da vida, do relacionamento e do coração.
Acompanho a sua resistência nas trincheiras da oração e da caridade, sempre buscando forças na fé em Jesus, a fim de sobreviver.
Mamãe, sei tudo. O que se abateu sobre nós, em casa, teve mais significação para mim do que a própria transformação inesperada a que me vi sujeito.
Depois da ocorrência na estrada — um fato que desejo esquecer para não mergulhar em outra noite de sofrimento —, muitas dificuldades surgiram para nossa casa.
A dor do meu pai acordou nele um homem diferente, qual se a dor o deixasse na posição de uma estátua de indiferença por fora e de muita angústia por dentro.
Papai Osmar. Ainda o vejo robusto, chamando-me ao dever em meus quinze anos. Ele queria formar-me nas experiências do mundo e enfibrar os meus sentimentos de rapaz para que eu me iniciasse tão cedo quanto possível no desempenho de minhas obrigações.
Era eu o menino de que o seu coração querido certamente ainda se lembra, a procurar enfrentar às pressas o trabalho e o estudo conjugados que me conduzissem à situação que ele desejava…
Mamãe, o pai tinha razão. Ele me queria independente e firme para viver em meu próprio caminho…
Sempre dei a ele todas as razões de que se fazia credor, entretanto, não sabíamos que a morte me aguardaria tão cedo no trânsito, em que de três a três meses me voltava em pensamento e corpo na direção do lar…
Aquilo abalou o pai de tal maneira, que ele fornece a impressão de haver morrido na força da vida, continuando a viver, mas imaginando-se morto na intimidade do coração.
Mãezinha Clarice, é preciso compreender e perdoar… Sinta-me agora em papai… Nele sou agora o seu filho precisando reviver… Não se entristeça ao vê-lo às vezes menos compreensivo ou aparentemente sem reações afetivas de qualquer natureza…
A senhora, mamãe, que sempre foi imensamente carinhosa para nós todos, compreenda meu pai e veja nele eu mesmo a lhe pedir entendimento e auxílio…
Papai sofre, e sofre terrivelmente, porque não conseguiu um telhado de fé para se abrigar. Entretanto, ele permanecerá conosco em nosso refúgio de oração e de paz. A senhora não permita que o desânimo lhe tome as forças.
A roupa estragada — o corpo que usei — ficou naquela viagem de retorno à casa, mas estou vivo para continuar em nossas tarefas de conjunto.
É verdade que, de momento, ainda não sei como auxiliá-los com os recursos financeiros que tantas vezes sonhei acumular para vê-los mais felizes, mas o coração está repleto de amor e, com amor venceremos apoiados na confiança em Deus…
Peça às irmãs que nos ajudem… Diga à nossa Célia Maria e ao nosso Durval para confiarem na Divina Providência.
Posso tão pouco, no entanto, o que eu consiga fazer para senti-los contentes, com um filhinho no futuro a entrelaçá-los ainda mais na vida, hei de fazer de pensamento erguido a Jesus.
Enquanto a criatura desfruta um corpo muito jovem aí no mundo, é difícil entender a força da oração, mas quando tudo perdemos, com a morte inesperada, uma certa maturidade nos aparece de repente.
É por isso que sinto agora em papai Osmar um filho para mim, diante da dor que passou a esmagar-lhe o coração.
A senhora, querida mamãe, se encoraje como sempre, recorde Maria Cecília, Geni e todos os corações que se ligam ao seu caminho. Viva para nós, abençoando-nos e amando-nos como sempre.
Creia que nas atividades de agora, buscando amparar os irmãos sofredores, no grupo de pessoas amigas que passei a integrar, tenho aprendido muito… Tenho aprendido o valor dos minutos e a preciosidade das migalhas a que se dá tão pouca importância nos dias de céu azul! Tenho aprendido em sua companhia quanto devo fazer para melhorar a mim mesmo, e agradeço a sua dedicação com tudo de melhor que eu tenha no íntimo de minha vida espiritual.
Estaremos juntos. Diga ao papai que ele não me perdeu, e sim que fui renovado para colaborar com ele em novo modo de ser.
Peço que recebam o companheiro amigo que escapou ao desastre, qual se fosse eu mesmo…
Ninguém julgue teria eu vindo para a Espiritualidade em tempo inoportuno.
As tabelas da Lei Divina não sofrem erro algum e por esse documentário da vida que todos somos compelidos a estender na existência do corpo ou fora dele, a minha liberação do corpo físico devia se efetuar qual se realizou.
Obedeçamos a Deus e aceitemos a nossa parte na vida conforme as nossas necessidades.
Mãezinha Clarice, agradeça por mim a todos os corações queridos que me lembraram nas preces.
Minha querida avó Maria Pereira ou Maria Gonçalves Pereira tem sido para mim outra mãe, fazendo-me sentir que para ela sou a continuação do caminho que consagra à senhora mesma.
Saudades são nossas, mas as esperanças agora superam nossas dores. Teremos fé em dias melhores e saberemos que Deus jamais nos abandona.
Querida mãezinha Clarice, perdoe-me se escrevi extravasando o coração, não poderia fazê-lo de outra forma porque a sua compreensão e o seu carinho sempre foram o meu abrigo, o santo esconderijo em que recobrava minhas forças para atender aos encargos que abracei.
Para as irmãs queridas, para o Durval, Augusto e Allan, companheiros e irmãos do coração, as minhas lembranças; para meu pai a vida que anseio instilar-lhe ao espírito sofrido, e para o seu devotamento, querida Mamãe Clarice, todo o amor e toda a confiança do filho que é sempre seu e que seja Jesus por nossa paz e felicidade.
Sempre o seu menino e sua esperança, seu ânimo de viver e seu apoio de todos os instantes que, em tudo isso, encontrou em sua bondade e em sua abençoada vida, todo o apoio e toda a esperança, todo o ânimo e todo o amor de que disponho para continuar a viver no cumprimento dos desígnios de Deus.
Sempre o seu filho, sempre seu,
Osmar de Freitas Filho
Sobre a mensagem de Osmar de Freitas Filho — Osmarzinho —, a que demos o título de “Nos dias de céu azul”, recebida pelo médium Xavier, no Grupo Espírita da Prece, ao final da reunião pública da noite de 27 de julho de 1979, graças à gentileza dos amigos João Batista Ramos, médium que recebe letra e música dos Espíritos, sobre quem falaremos adiante, D. Antônia Nazareth Cassimiro Ramos, Tony William Ramos e Rosilane Anaí Ramos, conseguimos entrevistar a Sra. Clarice Pereira de Freitas, residente em Londrina, Estado do Paraná (Avenida Paul Harris
Muitos dados colhemos, lendo cerca de três dezenas de cartas de praticamente toda a família, inclusive algumas do próprio Osmarzinho.
Apesar disso, achamos de bom alvitre aproveitar trechos da excelente reportagem que fez Marcelo Borela de Oliveira, na seção “Espiritismo”, da Folha de Londrina, intitulada “Uma prova da sobrevivência da alma: a morte não existe”, estampando a última foto de Osmar, colhida poucos dias antes de sua desencarnação, com o sobrinho Carlos Henrique nos braços.
Eis o que nos diz o distinto jornalista londrinense, na parte introdutória:
“Há exatamente seis anos um veículo partia de Curitiba com destino a Londrina. Dentro dele viajavam dois moços; o que estava ao volante viria visitar seus pais e mostrar o carro novo — o primeiro veículo que ele possuíra, e ninguém desconfiava de que seria também o último. A viagem, contudo, não terminou, pois, à altura do quilômetro 61, entre Curitiba e Ponta Grossa, perto de Palmeira, o carro foi colhido por um caminhão que saiu de sua mão, inesperadamente, sem qualquer chance de desvio.
Era o dia 19 de julho de 1975, de madrugada. O rapaz se chamava Osmar de Freitas Filho, natural de Londrina, onde nasceu dia 16.8.1953, filho de Clarice e Osmar Freitas, com residência na Avenida Paul Harris, 1416. Osmar viria completar no mês seguinte 22 anos, e estava em Curitiba trabalhando numa gráfica, com vistas aos estudos superiores. Por sinal, ninguém da família sabia ainda — e ele viria a contar — que havia sido aprovado no vestibular de Veterinária.
Existe a fatalidade do destino? Por que um jovem ainda tão moço partiria desta vida? Seria culpa do motorista do caminhão? Seria alguma falha humana o responsável por perda tão prematura?
Quatro anos depois, a mãe, Clarice, tomaria a decisão de ir a Uberaba para saber do médium Chico Xavier alguma notícia a respeito do filho. Era 27 de julho de 1979, e Clarice viajara em companhia de uma senhora amiga, Maria Celeste Vicente, esposa de Bernardo Vicente (Rua Bagatelli, 66, bairro do Aeroporto), que havia perdido também, em condições semelhantes, o filho Ivan Sérgio, desencarnado aos dezenove anos, em 9.12.1976, em acidente de avião.
Quando pôde finalmente abraçar o Chico, já dentro do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Clarice disse-lhe que Osmarzinho era seu único filho e estava ali para saber notícias dele. Em seguida, desmaiou. Momentos depois, quando se restabeleceu da emoção, Clarice recebia do Chico informação de que o rapaz estava muito bem amparado, sob a assistência de D. Maria Gonçalves Pereira. Chico então lhe perguntou:
— Quem é Maria Gonçalves Pereira?
Clarice respondeu que se tratava de sua mãe, portanto, avó de Osmarzinho, desencarnada no ano de 1939.
Mais tarde, às 3h:30m da madrugada de sábado, Chico Xavier transmitiria ao público diversas comunicações de parentes,das pessoas presentes. Entre elas, uma comunicação toda pessoal assinada por Osmarzinho. Clarice está só, mas dona Maria Celeste Vicente — que no dia seguinte teria oportunidade idêntica, ao receber a primeira mensagem do seu filho Ivan — foi testemunha ocular dos fatos.”
Uma vez transcrita a mensagem de Osmarzinho, o articulista conclui as suas observações acerca da página que tanto consolo, esperança e alegria levou aos seus familiares e amigos:
“Considerações ligeiras sobre a comunicação de Osmarzinho.
O jovem refere-se aí a algumas pessoas que logo identificaremos para nossos leitores. Usa também diversas expressões que eram típicas de seu estilo. Faz, enfim, uma previsão de algo extraordinário que de fato ocorreu oito meses depois.
Pessoas citadas:
1 — Célia Maria: irmã muito apegada ao Osmar, casada com Durval, e mãe, até então, de um menino. A Célia é funcionária da Caixa Econômica Federal, em Londrina.
2 — Durval: cunhado do Osmar. Eram eles muito amigos.
3 — Maria Cecília: irmã de Osmar, logo abaixo da Célia. Cecília é funcionária do Bradesco, Agência Centro de Londrina.
4 — Geni: irmã de Osmar e muito jovem à época da morte do irmão. E a caçula da família.
5 — Maria Gonçalves Pereira: avó do Osmar, desencarnada em 1939. Foi mãe de D. Clarice.
6 — Augusto: cunhado do Osmar.
7 — Allan: cunhado do Osmar, mas que ele não conhecera em vida.
Expressões usuais — Examinando, hoje, a mensagem, declara D. Clarice que o filho colocou na mensagem diversas expressões que eram típicas dele, como, por exemplo: “Diga à nossa Célia…” ele tinha por hábito usar expressão desse tipo: “O pai tinha razão!… — “Aquilo abalou o pai…” invariavelmente ele se referia ao pai dessa maneira. O mais notável, entretanto, é a frase colocada em seguida ao 8º parágrafo da comunicação: “Ele queria formar-me.nas experiências do mundo…”
Assegura a família que essa frase consta de uma carta escrita ao pai, pouco tempo antes do acidente, exatamente na última carta dele ao pai. Entendemos que esse detalhe se destinava exatamente ao pai, como prova adicional de que a comunicação é idônea.
A previsão — Na primeira vez que menciona os nomes da irmã Célia Maria e do Durval, Osmar se refere à vinda de um filhinho “No futuro a entrelaçá-los ainda mais na vida”. Ocorre que Célia Maria não poderia ter mais filhos, segundo prescrições médicas. Seu filho Carlos nascera em 27.5.1970, nove anos antes da comunicação. De lá para cá, Célia tivera quatro abortos. Ao lerem essa previsão, houve descrença, mas em outubro/1979 o casal descobriu a existência de uma nova gravidez, e dia 3 de abril de 1980, oito meses e seis dias após a mensagem, nasceria uma filha que se chama Scheilla e que vive normalmente, com inteira saúde, confirmando a previsão espírita sobre sua chegada.
Advertências — Há recados para muita gente: Aos jovens: Geralmente, a criatura jovem não percebe a força da oração e depois, ao vir a maturidade, a visão da vida é inteiramente outra. A todos nós: Osmar diz estar aprendendo o valor dos minutos, enquanto aqui na Terra tantos de nós desperdiçamos tempo e oportunidades, sem nada edificar de bom. Mensagem de fé: Diz ele: “Estaremos juntos”. Realmente, as famílias que se amam e se querem, reencontram-se após o término da existência física. Há fatalidade? Diz ele que “ninguém julgue teria eu vindo para a Espiritualidade em tempo inoportuno”. A fatalidade no momento da morte existe; nosso tempo aqui é contado e ninguém sabe se no dia de amanhã ainda estará entre os viventes de corpo físico.”
A propósito da fatalidade, consultemos os n.os 851 a 866 de , de Allan Kardec, e o Cap. 3 da obra , recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.
“Uma das coisas mais importantes” — disse-nos D. Clarice — “é que quando conversei, pela primeira vez, com o Chico, eu lhe disse:
— O Osmarzinho era o meu único filho, Chico? Não falei que tinha filhas, e jamais me referi ao genro.
Só este fato e os dizeres próprios dele, a maneira toda pessoal com que ele se expressava, provam a autenticidade da mensagem.”
E nos disse mais:
a) que Osmarzinho, quando pequeno, por pesar um pouco mais, tinha o apelido de “Banha”;
b) que quando ele estava com dez anos de idade, houve suspeita de tumor cerebral, mas depois de uma consulta em São Paulo e de conversar com José Arigó, foi o diagnóstico esclarecido e medicado com medicamento que veio da França;
c) que trabalhava desde os sete anos de idade, vendendo cacos de vidro, e que ao sair de casa, com quinze anos, seu objetivo era trabalhar e estudar, o que nunca deixou de fazer;
d) que ela — D. Clarice, distinta professora de Escola Rural —, e uma filha — cremos que seja D. Célia Maria de Freitas Lessi — foram a Curitiba visitar Osmarzinho, depois de que ele veio de São Murtinho, no litoral, dando-lhe muita alegria;
e) que, finalmente, vinha, quando foi acidentado e em seguida reconduzido à Vida Verdadeira, trazendo presentes para todos os familiares, e para os pais, em especial, já havia comprado uma TV a cores, pelas suas bodas de prata.
No final deste capítulo, voltaremos com novos informes sobre Osmarzinho, notável poeta que dos seis aos vinte e um anos de vida física, sempre escrevia belos poemas para a genitora, comemorativos do “Dia das Mães”, chegando aos doze de idade, a escrever-lhe o seguinte , gênero dos mais difíceis:
Criatura querida Linda como os raios do Sol Amada por seus filhos Rindo, chorando, és bela Isto provo, és criatura de Deus Cantando, sonhando, sou Eu, seu filho Osmar Porque mesmo chorando, vejo-te a sorrir Eu sinto orgulho de ti, mamãe Rindo do mundo Estando mesmo tão exausta Idade tu não tens Recebendo de mim Amor, muito amor deste teu filho Osmar Diante de Deus tu és uma rosa Em frente a nós tu és uma Santa Faz a todos felizes Restando tão pouco para ti Estou tão feliz por ser teu filho Imenso é este amor Também das minhas irmãs Amar a ti é tão bom Saudades de ti já sinto, quando longe estou… |
Segunda Mensagem
Querida mamãe Clarice, abençoe-me.
Serei breve.Estas páginas rápidas que me permitem escrever em companhia da vovó Maria Pereira, significam apenas que preciso ver o papai Osmar com mais coragem.
Noto-lhe o abatimento e me sinto aflito e preocupado, embora a esperança que estou aprendendo a cultivar no coração.
Mamãe, peça ao papai que viva para nós, conquanto não mais esteja no corpo físico, preciso dele para vê-los felizes. A nossa felicidade é sempre um reflexo da felicidade daqueles que amamos. Essa é que é a verdade.
Peço dizer à Maria Cecília, à Célia Maria e à Geni e aos irmãos que Deus nos deu na condição de genros e cunhados, os nossos caros amigos Durval, Augusto e Allan que não os esqueço e que tomo o meu carinho extensivo aos queridos sobrinhos, Carlos Henrique e Janaína, como também envio nesta noite meu beijo nas mãos iluminadas da querida mãe Luíza, que a Divina Providência situou junto de nós para nossa felicidade.
Mãezinha, Deus a recompense por toda a sua dedicação em nosso auxílio, e guarde com o papai Osmar todo o coração de seu filho
Osmar de Freitas Filho
A segunda mensagem de Osmarzinho — “Mamãe, peça ao papai que viva para nós” —, nosso capítulo anterior, recebida pelo médium Xavier, na noite de 19 de outubro de 1979, no Grupo Espírita da Prece, é bastante clara e fala por si mesma.
Em razão disso, vamos aproveitar este espaço para transcrever, não apenas os trechos dos dois artigos publicados na Folha de Londrina, o primeiro deles, em sua parte inicial, já citado no início deste capítulo, acima, e o segundo, sob o título “”, na edição de 13 de setembro de 1981, do mesmo Autor, mas alguns passos de cartas e depoimentos de suas irmãs, da senhora sua mãe e uma frase de seu pai, além de uma canção de Osmarzinho transmitida ao inspirado João Batista Ramos, a 2 de julho de 1981.
Eis o que diz a Folha de Londrina, de 19/7/1981, na parte final da citada reportagem:
“Segunda comunicação de Osmar, através do médium Chico Xavier
No dia 19.10.1979, D. Clarice voltou a Uberaba para levar ao Chico uma cópia da comunicação obtida em 27 de julho do mesmo ano. Vimos o original em sua casa, onde notamos a semelhança na letra, pelo menos ao assinar a comunicação. Quanto ao estilo, já comentamos algumas particularidades interessantes. D. Clarice falou com o médium, entregou-lhe a cópia prometida e, com surpresa, recebeu uma nova mensagem do Osmar. (…)
Últimas considerações sobre o episódio
Esta última mensagem, embora simples, traz várias provas de identificação espiritual. Ela demonstra ainda que os Espíritos dos “mortos” preocupam-se com os que ficam na Terra, e sentem-se felizes ou infelizes, conforme a nossa situação aqui, feliz ou infeliz. Osmar cita aí os nomes dos sobrinhos Carlos Henrique e Janaína, sendo que esta não havia nascido quando ele estava na Terra. Mas a menção à mãe é um fato extraordinário. Mãe Luíza é a preta velha que criou Osmarzinho; foi sua babá e sua protetora, mesmo depois de moço. A mãe Clarice diz que, durante a sessão em Uberaba, ela pensou nas filhas, nos netos, no marido, mas não havia lembrado a Mãe Luíza, mulher simples, bem idosa, que Osmar, no entanto, lembraria em sua mensagem.
Como poderia o médium Chico Xavier mencionar tantos detalhes, tantos nomes, caso a comunicação não fosse um fato autêntico? Todavia, a participação do Osmar nas comunicações, a maneira como ele as transmitiu, os fatos íntimos que relembrou, tudo isso constitui prova indestrutível da sua sobrevivência e do fato de que os Espíritos realmente podem comunicar-se conosco.”
Agora, a parte final da reportagem da Folha de Londrina, de 13/9/1981:
“
Em 1975, ano em que morreu para esta vida, Osmarzinho de Freitas dedicou à sua mãe, no Dia das Mães, a seguinte quadra:
Mãe — três letras de ouro Que encerram tanta ternura. Mãe, vós sois nosso tesouro Neste vale de amargura… |
As peripécias da desencarnação (morte física) do jovem Osmar, ocorrida em 19 de julho daquele ano, foram relatadas nesta coluna, no último dia 19/julho, seis anos após sua partida desta vida.
Em Uberaba, onde esteve muitas vezes, sua mãe Clarice de Freitas veio a conhecer um jovem semi-analfabeto, que trabalha na zona rural e frequenta a mesma pensão onde Clarice ficava quando em Uberaba. Em 7 de julho de 1980, esse rapaz, de nome João Batista Ramos, procurou Clarice e lhe contou que, na roça, quando trabalhava, viu o Espírito de um moço que se deu a conhecer por Osmar e que o avisou da chegada de sua mãe, naqueles dias, para quem ele gostaria de deixar uma mensagem em forma de canção. Dito isso, ditou a João a canção. João viu e ouviu, e à noite, gravou, acompanhando ao violão, a canção que Osmar fizera para sua mãe. Quando Clarice chegou a Uberaba, João lhe mostrou a canção, e só depois que ela ouviu e gostou muito, foi que ele relatou tais acontecimentos.
Dois meses depois, exatamente no dia 7 de setembro do ano passado, o jovem médium receberia nova canção por inspiração de Osmarzinho, e dedicada à sua mãe. Como não podemos transmitir pelo jornal a beleza da melodia, apresentamos, pelo menos, a letra, cujo título é “Presente de Mamãe”:
O Vento nasce no tempo A lua na imensidão O mel nasce nas flores O amor no coração. O choro nasce nas lágrimas A tristeza na solidão No sorriso a ternura A loucura na paixão… |
Na distância as lembranças Nos campos o cheiro das flores No coração de mamãe a pureza No silêncio a surpresa. Em tua alegria os valores No teu dia as homenagens Na tua força a coragem Na poesia meu presente |
À mamãezinha, meu amor.
(Médium: João Batista Ramos, Uberaba, em 7 de setembro de 1980).”
Trechos de cartas e de depoimentos:
1 — “Londrina, 31 de Outubro de 1973. / Querido Zinho, / Aqui, hoje, está um tempo triste, pois, chove, e o céu está escuro, e não há nem uma estrela para fazer bela a noite. /Mas, em nosso lar, várias estrelas brilham, enquanto que outras param de brilhar, vagarosamente, pois, várias coisas acontecem em todos os lares. / Papai e mamãe estão trabalhando bastante, como sempre, todos estão bem: Geni, mamãe, papai, Ia, Carlos Henrique, Durval. (…) / Beijos de todos. / Carinhosamente, Cecília. / Escreva-me”
2 — “Londrina, 15 de Junho de 1975. / Oi Zinho, / Me deu a louca de escrever, não é sempre que gosto, mas a saudade faz isso./ (…) / Este provérbio é muito bonito, pense bem e leia-o com atenção, procurando chegar na mensagem que ele transmite: “Quando receberes uma pedra, não chores, faze dela um degrau e suba.” / (…) / Seja você mesmo, procurando ser generoso, amigo, honesto. Se for assim, orgulho-me de você. Se não for, dê-me sua mão e procurarei ajudá-lo, pois o amo muito./ Sua irmã/ Celinha.”
3 — “Oi Zinho! / Tudo bom?/ Espero que sim, e espero também que você possa, brevemente, voltar para sua casa. / (…) /Sua irmã que muito o estima,/ Geni.” (Sem data).
4 — “Osmarzinho, meu querido filho./ Que Deus, Nosso Senhor, te guie, te ampare e te proteja, hoje e sempre./ Meu querido, se precisares de mais alguma coisa, telefona, sim?/ O papai está bom. (…) / Nossa vida aqui é aquilo mesmo que conheces. Graças a Deus, muito melhor, porque a paz e o amor moram em nosso lar./ Osmarzinho, nós sentimos muito a tua falta./ Mas o que vamos fazer, se é para o teu bem? / Meu filho, presta bem atenção nas palavras de tua mãe: Tu és o nosso orgulho./ Que Deus te abençoe./ A mamãe. /Filho meu, que Deus te abençoe./ Osmar.” (Sem data).
5 — “Londrina
6 — De Osmarzinho, na inspiração de João Batista Ramos, em 2-7-1981:
“Obrigado, papai Papai, o Sol veio muitas manhãs Pra nos mostrar novo dia Mostrar a paisagem distante Mostrar a sua alegria Mostrou você trabalhando Na maior euforia… Você é tão importante No correr do dia a dia… Você me deu a paz, a força Para eu dizer: sou Homem Você matou minha fome Você me deu a mão, papai Osmar, Você me deu carinho e emoção… Ainda mais, papai, Você sorriu quando me viu andar Você me deu seu nome Que é vibrante no ar. Obrigado, papai, obrigado, papai, Eu também sou |
Que Jesus, o Divino Mestre, possa abençoar o Espírito de Osmarzinho, na Espiritualidade Maior, para que, com entusiasmo e alegria continue integrando as hostes abençoadas de jovens desencarnados que estão trabalhando, de modo infatigável, no socorro direto aos jovens perturbados do Plano Físico, encarnados e desencarnados, principalmente, os que enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade, e que, em momento oportuno, volte ele — Osmarzinho — com novas mensagens mediúnicas, não mais necessitando de entrar em detalhes referentes aos seus familiares que aqui ficaram, mas, trazendo esclarecimentos sobre as equipes socorristas do Mundo Espiritual, constituídas por Espíritos que deixaram o corpo físico, em plena mocidade?
Folha de Londrina, Londrina, 19/7/1981, p. 27. — D. Clarice, numa de suas viagens a Uberaba, deixou o seguinte bilhete, em nosso consultório: “Para entregar ao Dr. Elias: É o nome do rapaz espírita que é o responsável pela coluna espírita do jornal. / Obrigada, (a) Clarice. Autor: Astolfo Olerio de Oliveira Filho (Rua Fernando de Noronha 1429 -Londrina-PR (Tel. 27-4655). / Título da Coluna: “Espiritismo”. Sai aos domingos, desde o dia 30/03/1980. / Jornal: “Folha de Londrina”. Tiragem: 36.000 exemplares e circulação estadual, indo também aos Estados de Santa Catarina e Mato Grosso: (Elias B.)
Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, , IDE, Araras (SP), 5ª edição, Agosto/1982, pp. 42-44.
Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 10.
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