Ninguém Morre - Estagiamos Entre Dois Mundos
Versão para cópia“É preciso praticar aceitação como se exercita qualquer esporte”
Querida mãezinha Lucila, peço a sua bênção com a bênção de meu pai, que me reconfortam o coração.
Ainda não sei manejar o lápis com segurança, mas meu avô João Luiz me afirma que você está esperando notícias.
Mãezinha, é tão difícil falar de notícias quando a gente ama tanto, e não se vê reciprocamente para um abraço em que os olhos possam ler uns nos outros o que está acontecendo…
Mas, não se aflija. O que sucedeu com seu filho é a saudade que passou a morar entre nós.
Você pode avaliar o que foi a transformação, despertar longe de casa sem passagem de volta, e assumir uma vida completamente nova, em que os assuntos da retaguarda me pesavam na cabeça, foi muito difícil.
Quando me conscientizei da situação diferente em que me achava, a preocupação pelo Cláudio me inquietava, porque muito espontaneamente me supunha num Hospital para acidentados.
Os meus chamados e exigências para que a família me assistisse foram inúteis, sentia-me na posição de menino contrariado repentinamente, desvalido, mas os avós vieram e me confortaram.
Meu avô João Luiz e meu avô Ângelo, começaram a me esclarecer e a me clarear a memória. Quando aceitei a verdade, vi-me ligado ao seu coração e sentia o seu pranto, a correr sobre o meu coração.
A luta, mamãe, foi muito grande, mas hoje já consigo pedir-lhe calma e confiança em Deus. Lembremo-nos do Antônio, do Júlio e do Marcelo que estão aí a requisitar proteção e assistência. E, agora, um filho em cuja presença peço ao seu amor sentir-me tal qual sou.
Mamãe, eu estou simbolicamente no Cláudio, no amigo que ficou amargando tantas provas. Sei que para ele a retenção em casa não é sofrimento, porque ele nasceu para demonstrar serenidade e valor, mas peço ao seu carinho e ao carinho de todos os nossos, doarem a ele tudo quanto quisessem destinar a mim.
Mãezinha, chorei com as suas lágrimas e com os pensamentos de meu pai, entretanto, ao observar o nosso Cláudio com os remanescentes do choque, preso ao lar, qual se fosse transformado em prisioneiro entre as paredes do mundo familiar, senti um sofrimento inexplicável…
Pareceu-me a princípio que eu morrera no amigo ou que ele morrera em mim.
Agora, vou melhor, é preciso praticar aceitação como se exercita qualquer esporte. Nosso Cláudio vencerá e nós venceremos, porque Deus, pela nossa fé, nos multiplica as energias.
Leia para ele as minhas palavras, desejo que ele saiba que continuamos no mesmo veículo, juntos sempre. Cláudio me ouvirá, escutando as suas palavras de mãe, repetindo as minhas.
Mãe querida, meu avô João Luiz me pede atenção para o tempo, escrevo em regime de recado público e não posso abusar dos que nos auxiliam a manter o clima de equilíbrios com as atenções colocadas em nós.
Um abraço para os irmãos, para os amigos.
Reúno o seu devotamento de sempre com o carinho de meu pai na mesma gratidão, rogando a sua ternura de Mãe guardar em sua alma querida todo o coração do seu filho agradecido,
A mensagem a que demos o título de “É preciso praticar aceitação como se exercita qualquer esporte”, nosso capítulo anterior, foi recebida pelo médium Xavier, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 15 de setembro de 1978, primeira de uma série de três.
Imediatamente após o término da reunião, o companheiro de ideal espírita Dr. Hércio Marcos Cintra Arantes teve a feliz iniciativa de entrevistar a Sra. Lucila da Silva Migotto, genitora do Autor Espiritual da referida página, residente em São Paulo, Capital (Travessa Cláudio, nº 14 — Bairro da Lapa — Fone
Na tarde de 26 de maio de 1980, D. Lucila passou-nos às mãos uma pasta contendo as xerocópias dos originais psicografados, e os impressos das mensagens do filho desencarnado, com novos e úteis informes a seu respeito.
Finalmente, a 12 de julho de 1982, em Uberaba, rápida entrevista com a aludida e distinta senhora paulistana, com o que nos vimos na obrigação de, com urgência, nos desincumbirmos da tarefa abençoada, que abraçamos espontaneamente.
Marco Antônio Migotto, filho do Sr. Antônio Migotto e de D. Lucila da Silva Migotto, nasceu na Capital de São Paulo, a 16 de maio de 1955, aí desencarnando, em consequência de acidente automobilístico, a 2 de outubro de 1977.
1 — Avô João Luiz: Trata-se do avô materno, Sr. João Luiz da Silva, desencarnado há dezesseis anos, por ocasião da entrevista com o Dr. Hércio Arantes. Era espírita.
2 — Cláudio: Cláudio Basso, amigo que estava junto com Marco Antônio, no citado acidente de automóvel, ocorrido na Av. Santo Amaro, em São Paulo, Capital. Enquanto Marco Antônio teve morte instantânea, decorrente de fratura de base do crânio, Cláudio conseguiu sobreviver-lhe, ficando com deficiência da perna esquerda a exigir-lhe o uso de muletas.
3 — Avô Ângelo: Sr. Ângelo Migotto, avô paterno, desencarnado há dez anos, por ocasião da primeira entrevista.
4 — Antônio, Júlio e Marcelo: Irmãos de Marco Antônio. O primeiro, Antônio Carlos, com 28 anos de idade; o segundo com 27 e o terceiro com apenas dez anos de idade, em 1978.
Para concluir estas notas, acrescentemos alguns dados que nos foram fornecidos pela genitora de Marco Antônio, em sua última entrevista.
— A família já possuía algum conhecimento de Espiritismo, porém, não frequentava centros espíritas.
— Sr. Antônio e D. Lucila passaram a participar das sessões públicas do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, desde dezembro de 1977, e cada vez que vinham em busca de consolo, tinham o cuidado de colocar os seus nomes e o do filho desencarnado, numa folha de papel, na esperança de receberem qualquer notícia do filho por parte dos Amigos Espirituais.
— Marco Antônio muito apreciava fazer balões, desde tenra idade, tentando, a cada ano, fazer um maior que os dos anos anteriores, sendo que o último que fez, em junho de 1977, cuja foto a família publicou no folheto da primeira mensagem, media treze metros, e para a sua confecção foram usadas novecentas folhas de papel.
— O amigo Cláudio Basso, conquanto católico, sempre pedia auxílio ao amigo desencarnado, e ficou muito feliz com os dizeres da mensagem a seu respeito.
Segunda Mensagem
Querida mãezinha Lucila, peço a sua bênção com a esperança do filho que sempre se volta em pensamento para o seu querido coração.
Mamãe, não permita que a tristeza tome lugar em seus sentimentos. Entendo o que se passa e rogo não se abater à frente da luta.
A senhora sabe que o papai ficou traumatizado com tantos problemas e parece envolvido por uma onda de angústia que se expressa como sendo possível indiferença, mas meu pai sofre e sofre muito. Aos poucos, Jesus nos auxiliará a vê-lo reintegrado nele mesmo, criando aquele ambiente de paz e alegria de que sempre se orgulhou a nossa casa.
Rogo, mãezinha Lucila, para que não se deixe levar por nuvens de amargura que lhe cerram a alma querida num campo estreito de sombras. Tenho acompanhado seus pedidos e suas lágrimas, entretanto, precisamos de sua coragem para nos firmarmos todos na confiança em Deus.
Recorde. Temos tantas tarefas pela frente.
O Marcelo, o Antônio Carlos, o Júlio César e a nossa querida Lucy contam com o seu amor para crescerem e se consolidarem na vida tão fortes e tão contentes, que tudo nos compete efetuar, para que todos se habilitem a cumprir os encargos de que foram investidos.
Peço dizer aos nossos que não fiquei encucado no problema do Cláudio. Sucede que o amigo ficou nas condições que conhecemos e não seria justo arredá-lo de nós.
Não me esqueci dos meus entes amados. Aqui estão comigo a vovó Angelina e a vovó Maria Rosa que me atestam o caminho e as saudades imensas de casa e dos pais queridos.
É assim mesmo. Se fôssemos explicar tudo que se experimenta em uma só carta, depois da Grande Mudança, tomaríamos indevidamente o tempo de muita gente.
Mãezinha, a senhora e o papai reconhecem quanto os amo e a certeza disso me reconforta. Estaremos juntos, tanto quanto temos estado sempre.
Rogo ao seu carinho regressar à esperança. Não conceda entrada ao desalento em suas forças.
A senhora continua sendo o nosso espelho de força espiritual com luz bastante para clarearmos os caminhos.
Abrace a meu pai por mim com a ternura de filho que não o esquece, e com muitas lembranças para os irmãos queridos.
E para o seu coração querido, todo o coração de seu filho que pede a Deus para ter o privilégio de ser sempre e em qualquer caminho o seu companheiro de trabalho e de luta, sempre mais seu filho agradecido,
Marco Antônio Migotto
A segunda mensagem de Marco Antônio Migotto —“Rogo ao seu carinho regressar à esperança”—, recebida pelo médium Xavier, na noite de 9 de março de 1979, ao final da reunião pública do Grupo Espírita da Prece, é bastante expressiva.
Estudemo-la por itens.
1 — “Mamãe, não permita que a tristeza tome lugar em seus sentimentos.” — A propósito, releiamos o Cap. 102 — “” — da obra Fonte Viva no qual o Benfeitor Emmanuel estuda, em profundidade, o “Rejubilai-vos sempre”, de Paulo (1ts
2 — “O Marcelo, o Antônio Carlos, o Júlio César e a nossa querida Lucy.” — Irmãos de Marco Antônio Migotto. Sobre os três primeiros, consultemos o da 1ª Mensagem.
3 — Cláudio: Cláudio Basso, amigo sobrevivente no acidente automobilístico. Consultemos o da 1ª Mensagem.
4 — Vovó Angelina e vovó Maria Rosa: Respectivamente, avós paterna e materna.
Que todos nós, os habitantes da Terra, mundo ainda de expiações e de provas, encarnados e desencarnados, Espíritos recalcitrantes no erro e por isso mesmo necessitados de amargas experiências redentoras, desde leve traço de angústia aos supremos testemunhos de ressarcimento de pesadas dívidas cármicas, comovendo multidões de expectadores, possamos fixar este trecho de nosso Autor Espiritual:
“Não conceda entrada ao desalento em suas forças.”
Por mais acerbos os sofrimentos, prossigamos firmes, confiantes em Jesus, o Nosso Divino Mestre.
Francisco Cândido Xavier, Emmanuel, , Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1ª edição, 1956, pp. 217-218.
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I Tessalonicenses 5:16
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