No Mundo de Chico Xavier (Especial)

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Capítulo XII

Chico Xavier e o Dr. Luiz Carlos Pásqua

Representando o brilhante periódico espírita, “O Caminho”, da cidade de Guaxupé, o nosso amigo e jornalista Dr. Luiz Carlos Pásqua, de passagem por Uberaba, ouviu Xavier, com respeito a vários problemas de ordem doutrinária, e desse encontro surgiram preciosas anotações que o prezado cronista lançou em “O Caminho”, na sua edição de 4 de dezembro de 1966.

Considerando o valor de semelhante entendimento, tomamos a liberdade de transportá-lo para o nosso volume, atentos ao objetivo de colecionar as respostas de Francisco Cândido Xavier nos dois anos últimos, sobre temas espíritas, de modo a formarmos um pequeno tomo de informações, tão amplas quanto possível, sobre a experiência do estimado médium, ao atingir quatro decênios de serviço medianímico ininterrupto.


ENTREVISTA COM CHICO XAVIER
UNIFICAÇÃO

R — Qual ocorre a todos os estudiosos do Espiritismo no Brasil, vemos a expansão dos nossos princípios como sendo o retorno do Cristianismo para a Terra, através da experiência espírita-evangélica que está sendo consolidada em nosso País.


R — Creio que sim, porque não podemos desconhecer o esforço constante mantido para esse fim pelas organizações espíritas, responsáveis pela orientação de nossa Doutrina, no País, notadamente a Federação Espírita Brasileira e o Conselho Federativo Nacional.


R — Considero, de acordo com as instruções dos Benfeitores Espirituais, que é nossa obrigação trabalhar, quanto nos seja possível, pela nossa própria união em torno dos programas de trabalho traçados pelas entidades que nos dirigem, a fim de que elas, por seus diretores e representantes, possam tratar da unificação na cúpula de nossa construção doutrinária.


R — Guardamos a certeza de que os espíritas cristãos do Brasil podem e devem fazer o máximo pela divulgação do Espiritismo Evangélico em outros países, desenvolvendo o serviço que lhes cabe sobre os alicerces da Codificação Kardequiana.


R — Com exceção da Inglaterra, onde as atividades espíritas nos parecem profundamente semelhantes às nossas, pelas características de elevada compreensão dos nossos irmãos ingleses, diante da vida e da imortalidade da alma, deduzimos, quanto aos demais países que visitamos em nossas duas viagens ao exterior, que o Brasil está em condições de dar e pode dar amplo auxílio espírita às outras nações.

Quanto ao assunto, estamos convencidos de que os espíritas brasileiros devem estudar o Esperanto e, tanto quanto possível, os idiomas de outros povos, de maneira a servirem com segurança e eficiência na divulgação de nossos princípios.


IDA DE WALDO VIEIRA PARA O RIO

R — Especializando conhecimentos médicos no Japão, nosso caro Waldo, muito compreensivelmente, desejou experimentar a sua competência profissional em mais ampla área de serviço e escolheu a Guanabara para a sua nova moradia. Todos nós, os seus companheiros de tarefa na Comunhão Espírita Cristã, aqui em Uberaba, lamentamos, como é justo, a ausência dele, mas, ao mesmo tempo, nos reconfortamos com a certeza de que o nosso estimado amigo se encontra satisfeito e feliz em suas novas atividades. Além do mais, guardamos a convicção de que tanto no Rio, quanto em qualquer parte, será ele invariavelmente o médico humanitário e o abnegado missionário da Doutrina Espírita que todos nós conhecemos.


UMBANDA, RAMATIS E PIETRO UBALDI

R — Antes de tudo, pedimos licença para dizer que temos aprendido com os Bons Espíritos que as titulações exteriores não nos afastam das obrigações de amparo mútuo, em nome do Cristo de Deus. Emmanuel, o instrutor desencarnado que me assiste, por misericórdia, sempre nos reafirma que a Doutrina Espírita é a presença de Jesus com a Luz do Evangelho entre nós. Partindo desse princípio, ele sempre nos ensina a proceder sem qualquer indução ao que poderíamos chamar de “segregação doutrinária”. Na condição de médium espírita, não posso acolher com reprovação os irmãos de Humanidade que estejam ligados a outras convicções, sejam eles católicos, budistas, maometanos, ou até mesmo inimigos gratuitos de nossa fé, reconhecendo que se eles ainda possuem erros de interpretação, perante a verdade, tenho igualmente os meus, porque na condição de ser humano, sou uma criatura falível, com necessidades prementes de melhoria e de estudo.

A todos devemos receber — diz-nos Emmanuel — por nossos irmãos e filhos de Deus como nós.

Se qualquer um deles nos procura, decerto que muito nos honram pelo interesse que demonstram em torno de nossa Doutrina, porquanto, em nos falando das ideias que abraçam, nos concedem a oportunidade de oferecer-lhes as nossas, principalmente no tocante aos ensinamentos claros e simples de Allan Kardec. Por outro lado, espíritas evangélicos que somos, não nos seria lícito contrariar a simpatia desse ou daquele irmão nosso por esse ou aquele escritor encarnado ou desencarnado. Nossa Doutrina é de livre exame, sem o que não alcançaremos a fé raciocinada. Nesse aspecto da questão, creio que a Codificação Kardequiana é uma luz que o Cristo colocou em nossas mãos para que possamos estudar acerca de tudo e retirar, em nosso proveito, a melhor parte que nos sirva à edificação e ao progresso.

Segundo os Bons Espíritos, devemos procurar sempre os caminhos de nossa integração no Evangelho de Jesus, para o levantamento do Reino de Deus nos corações humanos, a começar pela caridade e pelo serviço uns aos outros.

Esse impositivo de trabalho e fraternidade não nos impede, porém, a necessidade das nossas declarações de princípios. Somos espíritas e devemos fixar as nossas responsabilidades e convicções espíritas.

Emmanuel costuma afirmar que “a cultura é de todos, entretanto cada escola se caracteriza por determinado programa de ação educativa a executar.”

Semelhantes definições, entretanto, devem emanar das instituições espíritas que nos dirigem. Elas são as autoridades que precisamos ouvir, porque elas respondem por nós, no trato com o mundo. Relativamente a isto, temos recebido e devemos esperar sempre a melhor orientação da Federação Espírita Brasileira e do Conselho Federativo Nacional.


R — Sinceramente, não tenho recursos para considerar essas razões, de vez que há problemas de foro íntimo cuja solução pertence ao livre arbítrio de cada um. Não seria lícito, porém, de minha parte, desconhecer a alegação, aliás, muito nobre, de muitos dos companheiros que colaboram nas tarefas umbandistas, os quais me afirmam estarem junto delas, no intuito de cooperar na sementeira dos princípios de Allan Kardec, em favor dos nossos irmãos vinculados a práticas diferentes das nossas, com bases, porém, no fenômeno mediúnico.


PALAVRAS FINAIS DE CHICO XAVIER

Agradecemos aos distintos amigos e confrades de “O Caminho” a honrosa oportunidade que nos concederam para conversar em torno de nossos ideais e tarefas no Espiritismo Evangélico, e aos que nos lerem solicitamos o apoio da prece em meu benefício, esmola que sempre pedi e sempre rogarei a todos os companheiros da seara espírita cristã, a fim de que não me faltem esclarecimentos e forças para acertar mais e errar menos no cumprimento dos meus deveres para com a nossa Doutrina de Amor e Luz.


Francisco Cândido Xavier
Emmanuel


Francisco Cândido Xavier


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