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Capítulo VIII

Hélio Manzo Júnior


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Filho de Hélio Manzo e Maria de Lourdes Santoro Manzo, casado com Adriana Campos Francischetti Manzo, Hélio faleceu em acidente na 5ia Anchieta, quando regressava da casa dos sogros, residentes em Santo André, município vizinho da capital.

Dois filhos, Rafael e Gabriela; quando Hélio partiu, Rafael estava com dois anos e meio e a esposa grávida de Gabriela que nasceu dois meses depois da desencarnação do pai.

Cursava o terceiro ano de Prótese, no Instituto Metodista de Ensino Superior, em São Bernardo do Campo, e deixou também os irmãos, Eda, Helides, Helieda, Heliomar e Hedalis.

Após o depoimento de sua genitora, apresentaremos uma das cartas mediúnicas que Hélio enviou, através de Chico Xavier.




DEPOIMENTO DA MÃE DE HÉLIO


Nós acreditávamos na sobrevivência do Espírito, mas foi muito difícil a separação.

O que as duas mensagens representaram para nós é indescritível: significaram tudo, ajudando-nos a continuar vivendo.





Querida mãezinha, meu pai e querida Adriana, eis-me de volta, se realmente não tivesse permanecido com vocês em casa. Impossível afastar-me de todo.

O acidente foi aquele tumulto de morte. Um ranger de ferros a se retorcerem e eu assombrado sem a possibilidade de ensaiar qualquer providência, porque me vi parado e inerte, embora o anseio de me locomover.

A mamãe querida, o pai, os irmãos e os filhinhos na cabeça…

Adivinhei num pensamento relampagueante que a morte me abraçava com uma força irremediável e fiquei com a visão do Rafael e da Gabriela na imaginação prestes a desaparecer, segundo julgava.

Não sei se dormi, sei que me vi apagado e inútil. Pensei que não seria possível largar a vida sem qualquer ideia de proteção, quando vi uma jovem ao meu lado, procurando acalmar-me.

Não identifiquei, no entanto, ela se deu pressa em podar-me qualquer receio e me disse que era a Eda, a querida irmã que nos deixara tão cedo e da qual somente possuía vagas referências dos pais queridos.

Agora é outra a vida a me renovar, como se eu pudesse ser renovado com a argila da saudade que me esculpe tristes figurações na cabeça; ainda assim vamos em frente e Deus nos socorrerá.

Querida Adriana, perdoe-me se a deixei quando a nossa felicidade apenas começara a viver. Tenho-a constantemente na memória e espero que da Divina Providência virão os recursos de que precisamos para seguir adiante, sabendo embora que a mãezinha está conosco, que meu pai nos estenderá braços fortes e que os irmãos velarão também por você e por nossos dois anjos de esperança e carinho.

Peço a você e à mamãe não chorarem, chamando por minha presença, com a angústia do amor na ausência que hoje nos reúne. Chamem-me, sim, mas com tranquilidade para que não me descontrole. Digo isso, porque vê-las chorando me corta a alma por dentro e fico ansioso, querendo vencer o tempo, sem meios para isso.

Tudo melhorará, assim espero. E crescerei nos recursos de auxiliar aos nossos adorados pequeninos. É preciso confiar; no entanto, eu também estou aprendendo a conjugar esse verbo difícil de ser vivido, quando nos reconhecemos nos domínios do inevitável.

Querida mãezinha, agradeço tudo o que faz por nós quatro, por Adriana, por nossos filhinhos e por mim.

A vida é uma coleção de surpresas e, em meio das novidades, devo saber que Deus não se oculta. Auxilie-me a ser perseverante na certeza dos dias melhores que virão.

Querida Adriana, agradeço a você e aos meus pais nada haverem reclamado contra ninguém. Acidentes são ocorrências para todos. Nem máquinas e nem pedestres conseguem escapar, de vez que a vida nos exige marchar e não podemos imobilizar as manifestações da vida.

O que me aconteceu, já foi visto por milhares de pessoas que também se viram detidas no caminho pela pausa final. Foi melhor o que me sucedeu, porque muito me doeria a cadeira de inércia com a inquietação de não conseguir trabalhar, embora eu saiba de muitos companheiros corajosos que sabem viver felizes nos pequenos tronos da paralisia irremediável.

Estejamos otimistas, conquanto as nossas lágrimas que um dia se transformarão em flores de reencontro. Muitas lembranças para Eda, Helides, Helieda, Heliomar e Hedalis.

A irmãzinha Eda que me faz companhia, me faz ponderações sobre horários e aqui termino.

Querida esposa do coração, beije por mim as nossas crianças queridas, muitas lembranças ao meu pai e às irmãs e para a querida mãezinha o carinho e a gratidão imensa do filho que tanto lhes deve a todos.


Hélio Manzo Júnior

9/4/1983.



Eda Manzo, tia paterna, desencarnada em 1956, com 13 anos.


Caio Ramacciotti


Hélio Manzo Júnior
Francisco Cândido Xavier


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