Novos Horizontes

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Capítulo I

Dialma Coltro Filho

Cuidadoso, habilitado colecionador de armas de fogo, e habituado ao seu manuseio, preocupava-se em mantê-las limpas bem acondicionadas. Tinha plena consciência do perigo que representavam.

Estudava o segundo ano de direito na FMU e almejava seguir a carreira de Delegado de Polícia.

Com a venda de um automóvel aceitou como parte de pagamento uma “mauser 365” e, com os cuidados de sempre desativou a arma retirando o pente de balas para processa pequena limpeza e guardá-la com as outras colecionadas. Não percebeu, o nosso querido Dialma que uma das balas ficara n agulha provocando o disparo acidental conforme relato em sua carta. Esclarece Dialma à sua família, em pormenores, apesar de julgamentos outros, surpreender-se com as revelações que o cercaram. Aos pais, pede que o ajudem com o desprendimento dos seus sentimentos e diminuam as despesas com atributos em sua memória, aplicando-as no amparo aos mais carente para sustento de sua paz.

Quando perguntado à sua mãe a razão do Dialminha ter finalizado sua carta com quatro assinaturas, nos disse:

“Meu filho finalizou a sua carta com as quatro assinaturas, porque as pontas dos lápis se quebravam.

O Sr. Weaker Batista, hoje no Plano Espiritual, estranhando o fato, perguntou ao Chico a razão da quebra dessas pontas.

O Chico respondeu-lhe:

— O nosso rapaz é canhoto, essa a dificuldade.

— Confrontando as assinaturas, posso afirmar a semelhança existente.

E confirmou a observação: meu filho era canhoto.”


Mensagem: 18 de agosto de 1983

Pais: Dialma Coltro e Júlia Pereira Coltro

Av. Paes de Barros, 1425 — CEP 031 15-001 — São Paulo — SP.

Irmãs: Luíza Cristina Coltro — Nidea Rita Coltro

Avós paternos: Luigi Coltro (desencarnado) — Luigia Boarotto Coltro

Avô materno: Antonio Alfredo Pereira (desenc.)

Bisavós: Arthur Ferreira — Júlia Rodrigues Ferreira (desencarnada)

Tios: Fortunato Ni-Coltro (desencarnado) Giovani Coltro — Teresa Gimberi Clemens Coltro

Primos paternos: Luigi Gimberi — Hermínia Ferreira Pereira (desencarnada)


Dialma Coltro Filho

Nascimento: 18 de agosto 1962

Desencarnação: 14 de abril de 1983


Querida mãezinha Júlia e querido papai Dialma, tudo passou com a vertigem das horas e aqui me vejo, sob a proteção do tio Nider Fortunato, a lhes pedir a bênção.

Ao contrário do que se afirma, ou do que muita gente possa pensar, estou recuperando as minhas forças, surpreendido com todas as revelações que me cercam.

Tenho a considerar a minha inquietação com as lágrimas incessantes da mãezinha, que me alcançam à maneira de gotas candentes de angústia em brasa. Mãe, por que há de ser assim?

Tudo aconteceu comigo à maneira de tantos jovens outros que superaram obstáculos iguais aos nossos. Creiam com as meninas, irmãs abençoadas de sempre, que o projétil que me alcançou não estava em meus pensamentos de expectativa e, sim, nas Leis de Deus que se cumprem através de nós e por nós.

Limpava a arma, com despreocupações, supondo que não houvesse qualquer remanescente nos mecanismos em minhas mãos.

Em dado instante, alonguei o braço para ver se a arma estava legalmente limpa, quando, sem querer, detonei a bala única que restava ali, sem que eu soubesse. O tiro escapou sem que de minha parte conseguisse sanar as consequências.

Caí, apesar do meu propósito de permanecer atento aos curativos que, decerto, me seriam administrados. Ouvi vozes e gritos abafados, tentando responder, mas, a minha boca jazia selada por uma força que não compreendi. Procurei sustentar o cérebro aceso, a fim de prestar as informações necessárias, no entanto, aquilo foi um achatamento de minha personalidade.

Achava-me acordado, observando o que se passou, contudo, a minha força se esgotava rapidamente.

A lesão repentina que sofrera no crânio, como que me tomava todas as energias. Era como se meu corpo naquela hora estivesse concentrado na cabeça, sem que me fosse possível externar qualquer impressão.

Lembrei-me das orações que a mamãe Júlia e a vovó Hermínia me ensinavam quando criança e busquei harmonizar-me com a prece. No meu íntimo, vagueava aquele medo de ser considerado suicida ou alvejado por outra pessoa, mas, era tarde para que me entregasse a qualquer explicação.

Entrei num sono invencível e perdi-me nas considerações inacabadas que tentava formular…

O resto não sei. Não sofri dor alguma porque, onde o impacto do sofrimento é pesado demais, a dor desaparece… Meus últimos pensamentos no corpo foram para a mãezinha Júlia, cujas lágrimas tive a ideia de que me orvalhavam o rosto.

Depois, foi a inconsciência, com uma espécie de ocultação de meu próprio ser. Quanto tempo estive assim, nem exatamente vivo, nem suficientemente morto, ainda ignoro. Sei que despertei num aposento simples e arejado, com a cabeça dolorida. Julguei-me num local de tratamento para acidentados…

Respirei o ar puro, como quem sorve um copo de água refrigerada depois da sede ardente e, ao ver a senhora que me assistia, supus com naturalidade fosse uma enfermeira tão humana quanto eu mesmo. As nossas situações estavam, porém, trocadas, sem que eu me apercebesse disso, em sentido imediato.

Quando a senhora protetora se inclinou para mim, indagando se não a reconhecia, respondeu ao meu pedido de informações: — Não se lembra da vovó Júlia, vó da mamãe e sua também?

Rememorei traços de conversações domésticas em que a vó Hermínia me falava com saudades da mãezinha que a deixara no mundo e, com o espanto compreensível do momento, deixei que as lágrimas me nascessem do coração, subindo para os olhos…

Não poderia ver meus pais e as queridas irmãs Cristina e Nidea, que haviam ficado para trás?

Com paciência e carinho, a querida bisa Júlia me explicou que a liberação do corpo físico não me desligara dos meus, que conseguiria reaproximar-me deles e mostrar-lhes o carinho e afeição que lhes dedicava… Chorei, à maneira de menino contrariado, mas, acalmei-me quando o tio Nider se nos associou ao trabalho de minha restauração, com a promessa de que promoveria meios de obter o ensejo de falar-lhes.

Hoje, querida mãezinha Júlia, estou mais sereno e venho pedir-lhe para me permitir aceitar a transferência que a Divina Bondade de Deus me exigiu…

Não posso ser ingrato e preciso falar que aceito a realidade, sem o conflito de quem afirma uma cousa, sentindo outra.

Mãezinha, peço ao seu querido coração e ao querido papai me entregarem a Deus, para que a paz volte ao coração de seu filho. É muito triste necessitarmos de falar isso ou aquilo, sem a aprovação de nossa consciência, e peço-lhes me ajudem a ser sincero.

Logo que se reajustem, sei que vou melhorar e reconquistar o domínio de mim mesmo.

Mãezinha, agradeço-lhe as preces, as flores, as velas e pensamentos de reconforto que me envia, no entanto, embora esteja agradecido ao seu carinho, peço-lhe diminuir em dois terços as suas despesas com esses recursos, distribuindo-os, em nome de seu filho, com as mães e os filhinhos em necessidade, que não terão dificuldade para encontrar.

Fico feliz com algumas flores e algumas luzes, porque o seu sentimento é o tesouro de amor que Deus me concedeu, no entanto, o que lhe peço me auxiliará a ver melhor a vida e a trabalhar com a segurança possível, em auxílio aos outros. Servindo, já sei que as minhas lembranças menos felizes serão substituídas pelas alegrias que a sua bondade possa encaminhar aos necessitados, em meu nome.

Essa é a lembrança da vovó Júlia que me recomendou endereçar-lhe este pedido, extensivo à vovó Hermínia. E, quanto ao mais, esqueçamos o projétil que me arredou do corpo terrestre. Imaginemos, querida mamãe, que sofri a ruptura de um vaso cerebral e, com isso, verificará que o meu problema, já superado, teria sido o mesmo. Espero que o papai Dialma aprove a nossa solicitação e nos auxilie.

Querida mãezinha Júlia e papai Dialma, não posso escrever mais.

Sou um novato e um convalescente, sem maior experiência do caso que me aconteceu. Preciso de cuca legal para colocar os nossos assuntos em ordem na minha prateleira de lembranças.

Para as queridas irmãs Cristina e Nidea, as minhas lembranças, rogando aos pais queridos receberem todo o carinho repleto de muitas saudades, do filho que lhes pertence e que lhes será sempre o filho do coração.


Dialma Coltro Filho
Dialma Coltro Filho
Dialma Coltro Filho
Dialma Coltro Filho

Rubens S. Germinhasi


Dialma Coltro Filho
Francisco Cândido Xavier


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