Novos Horizontes

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Capítulo IV

Angelo di Sarno

“Outra vida! Como é importante pensar nisso.”

Palavras que acalmaram a família. Angelo traz suas notícias de forma limpa, clareando e amenizando os sentimentos que agitaram a tranquilidade familiar.

Projeta a importância de se valorizar a vida, para quando chegar o momento da passagem para o Outro Plano, o retorno possa ser compreendido com respeito e o espírito aceitar a nova situação.

Angelo voltava de Ilha Bela e preocupado com suas obrigações na empresa papeleira que representava em Valinhos, cidade do interior próxima a capital de São Paulo, aproveitou para fazer uma parada rápida e um pequeno lanche em sua casa, apesar do convite de sua mãe para que esperasse o almoço.

Atento com o andamento da produção da empresa, saiu em seguida dirigindo-se para a fábrica, dizendo a sua mãe que não se preocupasse, pois voltaria para o jantar.

No Viaduto de entrada da Rodovia Bandeirantes, em São Paulo, acidentou-se com o seu veículo, vindo a desencarnar. Os projetos constituídos nas Leis de Deus são aprovados com o aval do reencarnante, portanto, a observação de Angelo em valorizar a vida nas obrigações que a cada Espírito compete nas atividades terrenas, posiciona a compreensão como bálsamo espiritual.


Mensagem: 16 de fevereiro de 1992.

Pais: Aniello Di Sarno e Rosa Miranda Di Sarno

Alameda Argentina, 671 — Res. II — Alphaville — CEP 06400-000 — São Paulo — SP.

Irmãos: Giovanni Di Sarno — André Di Sarno

Bisavó: Ana Maria


Angelo di Sarno

Nascimento: 21 de outubro de 1963

Desencarnação: 17 de fevereiro 1988


Querida mãezinha Rosa. Deus nos abençoe e fortaleça.

Tudo passou tão depressa que não sei como recordar o sucedido. O carro descontrolado e a certeza de que bateria em algum corpo sólido… Esforcei-me por sair do perigo e saí violentamente pela porta, entretanto, o movimento era intenso e, incapaz de equilibrar-me, caí para trás, sentindo que o meu crânio fora lesado pela quantidade de sangue que se desenvolveu de imediato, trazendo-me tal esgotamento que entendi a situação. Não conseguiria descartar-me do acidente, sem que a paralisação de todos os meus movimentos fosse evitada.

Os desconhecidos que me rodeavam lamentavam o meu desconforto, outros queriam ver o veículo e se puseram a examiná-lo, até que os agentes da polícia do trânsito chegassem e me anotassem a posição de imobilidade e falaram em morte, o que realmente me assustou.

Quis reagir, explicar que eu estava vivo, que decerto as escoriações deviam estar vertendo muito sangue, mas, não consegui.

Uma inesperada fraqueza me assaltou e perdi o controle de mim próprio. Eu devia estar muito quebrado e ferido, porque não pude articular palavra.

Então, senti que mãos amigas me carregavam e me puseram dentro de outro carro, sem que eu pudesse saber, de momento, que era uma ambulância. Notei vagamente que o carro se pusera em movimento e que me transportavam para algum lugar.

Notei que uma senhora estava comigo naquele veículo e me falou palavras de consolo e esperança: — Você não está só — disse ela em harmonioso italiano.

E continuou: — Angelo, meu filho, aceite com fé em Deus a provação desta hora. Sou uma de suas bisavós e quero pedir-lhe confiança e paciência. Você está no corpo físico e, ao mesmo tempo, fora dele… Não se alarme com o que lhe digo, porque estaremos juntos com outros corações de nossa família. Você está cansado e precisa repousar. Durma. Pode dormir sem medo… Você será transportado, durante o sono, para o lugar de nossa moradia. Durma… Durma!

Diante daquela bondade que me acolhia com atitudes de mãe, entreguei-me ao repouso observando que os meus sofrimentos haviam sido anestesiados. Devia ser ela a generosa senhora que me acolheu dentro do carro e que me havia medicado.

Dormi pensando que eu ainda teria chance de ir até a nossa casa para abraçá-la e abraçar o papai Aniello e os irmãos Giovani e André, mas acordei numa outra paisagem. Não mais me senti dentro do carro e, sim numa casa acolhedora cercada por um bonito “giardino”.

Embora muito fraco, perguntei quem era aquela senhora que me socorrera no veículo, dirigindo-me a ela mesma. Ela me disse sorrindo: — Meu filho, somos tantos corações aqui unidos que para alcançar a sua compreensão, direi apenas que sou avó da avó de sua avó Ana Maria e deixei a Itália há muitos anos.

Não me animei a continuar com indagações e nem tinha forças para isso. A falta de casa me doeu no coração. Estava machucado e meu corpo me pareceu o mesmo e fui informado que não me enganasse, que o meu corpo era outro e que o anterior deixara para sempre, a fim de obter outro envoltório com o qual passaria ali a viver.

Querida mãezinha, as minhas apreensões foram enormes e chorei muito, até que os familiares ali reunidos me acalmassem.

Outra vida! Como é importante pensar nisso!

Não posso continuar porque os amigos daqui me dizem para não me exceder. Já compareci em muitas reuniões parecidas com esta, mas somente agora permitiram que eu lhes desse notícias.

Estou bem, com as saudades a tiracolo, mas isso é natural.

Vivemos tão felizes em nosso lar, que me seria impossível aceitar tanta modificação sem inquietação e sem a vontade impossível de retornar. Aqui estamos juntos com muita união e pedimos a Deus que nos proteja.

Mãezinha querida, não posso escrever mais extensamente.

Receba, com o papai, e com os nossos rapazes e irmãos queridos, Giovani e André, o coração reconhecido e saudoso de seu filho,


Angelo

Rubens S. Germinhasi


Angelo
Francisco Cândido Xavier


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