O Consolador
Versão para cópiaPergunta 212
O homem sem grandes possibilidades intelectuais é sempre um homem medíocre?
— O conceito de mediocridade modifica-se no plano de nossas conquistas universalistas, depois das transições da morte.
Aí no mundo, costumais entronizar o escritor que enganou o público, o político que ultrajou o direito, o capitalista que se enriqueceu sem escrúpulos de consciência, colocados na galeria dos homens superiores. Exaltando-lhes os méritos individuais com extravagâncias louvaminheiras, muitos falais em "mediocridade", sem "rebanho", em "rotina", em "personalidade superior".
Para nós, a virtude da resignação dos pais de família, criteriosos e abnegados, no extenso rebanho de atividades rotineiras da existência terrestre, não se compara em grandeza com os dotes de espírito do intelectual que gesticula desesperado de uma tribuna, sem qualquer edificação séria, ou que se emaranha em confusões palavrosas na esfera literária, sem a preocupação sincera de aprender com os exemplos da vida.
O trabalhador que passa a vida inteira trabalhando ao Sol no amanho da terra, fabricando o pão saboroso da vida, tem mais valor para Deus que os artistas de inteligência viciada, que outra coisa não fazem senão perturbar a marcha divina das suas leis.
Vede, portanto, que a expressão de intelectualidade vale muito, mas não pode prescindir dos valores do sentimento em sua essência sublime, compreendendo-se afinal, que o "homem medíocre" não é o trabalhador das lides terrestres, amoroso de suas realizações do lar e do sagrado cumprimento de seus deveres, sobre cuja abnegação erigiu-se a organização maravilhosa do patrimônio mundano.
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