O Consolador

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Afeição


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— Como devemos entender a simpatia e a antipatia?

A simpatia ou a antipatia têm as suas raízes profundas no espírito, na sutilíssima entrosagem dos fluidos peculiares a cada um e, quase sempre, de modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas pela criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias.

Devemos, porém, considerar que toda antipatia, aparentemente a mais justa, deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o trabalho construtivo e legítimo da fraternidade.


— Poderemos obter uma definição da amizade?

— Na gradação dos sentimentos humanos, a amizade sincera é bem o oásis de repouso para o caminheiro da vida, na sua jornada de aperfeiçoamento.

Nos trâmites da Terra, a amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica os impulsos do coração nas lutas mais dolorosas e inquietantes da existência.

Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz, alistando-se nas fileiras dos discípulos de Jesus, pela iluminação natural do Espírito que, conquistando as mais vastas simpatias entre os encarnados e as entidades bondosas do Invisível, sabe irradiar por toda parte as vibrações dos sentimentos purificadores.

Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.

Jesus é o Divino Amigo da Humanidade.

Saibamos compreender a sua afeição sublime e transformaremos o nosso ambiente afetivo num oceano de paz e consolação perenes.


— O instituto da família é organizado no Plano espiritual, antes de projetar-se na Terra?

— O colégio familiar tem suas origens sagradas na Esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva.

Preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras; todavia, aí acorrem igualmente os ódios e as perseguições do pretérito obscuro, a fim de se transfundirem em solidariedade fraternal, com vistas ao futuro.

É nas dificuldades provadas em comum, nas dores nas experiências recebidas na mesma estrada de evolução redentora, que se olvidam as amarguras do passado longínquo, transformando-se todos os sentimentos inferiores em expressões regeneradas e santificantes.

Purificadas as afeiçoes, acima dos laços do sangue, o sagrado instituto da família se perpetua no Infinito, através dos laços imperecíveis do Espírito.


— As famílias espirituais no Plano invisível são agrupadas em falanges e aumentam ou diminuem, como se verifica na Terra?

— Os núcleos familiares do Além agrupam-se, igualmente, em falanges, continuando aí a obra de iluminação e de redenção de alguns componentes dos grupos, elementos mais rebeldes ou estacionários, que são impelidos, pelos seus companheiros afins, aos esforços edificantes, na conquista do amor e da sabedoria.

De maneira natural, todos esses núcleos se dilatam, à medida que se aproximam da compreensão do Onipotente, até alcançarem o luminoso Plano de unificação divina, com as aquisições eternas e inalienáveis do Infinito.


— As famílias espirituais possuem também um chefe?

— Todas as coletividades espirituais estão reunidas, em suas características familiares, pelas santas afinidades dalma, e cada uma possui o seu grande mentor nos Planos mais elevados, de onde promanam as substâncias eternas do amor e da sabedoria.


— Poderíamos receber algum esclarecimento sobre a lei das afinidades entre os Espíritos desencarnados?

— Na Terra, as criaturas humanas muitas vezes revelam as suas afinidades nos interesses materiais, que podem dissimular a verdadeira posição moral da personalidade; no mundo dos Espíritos elevados, porém, as afinidades legítimas se revelam sem qualquer artifício, pelos sentimentos mais puros.


— No capítulo das afeições terrenas, o casar ou não casar está fora da vontade dos seres humanos?

— O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções, tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, seja por orientação dos mentores mais elevados, quando a entidade não possui a indispensável educação para manejar as suas próprias faculdades, ou em consequência de compromissos livremente assumidos pelas almas, antes de suas novas experiências no mundo; razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas expiatórias, ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam.


— A indiferença nas manifestações de sensibilidade afetiva, dentro dos processos de evolução da vida na Terra, nas horas de dor e de alegria, é atitude justificável como medida de vigilância espiritual?

— A indiferença que se traduz por cristalização dos sentimentos é sempre perigosa para a vida da alma; todavia, existem atitudes no domínio da exteriorização emocional, que se justificam pela nobreza de suas expressões educativas.


— Como entender o sentimento da cólera nos trâmites da vida humana?

— A cólera não resolve os problemas evolutivos e nada mais significa que um traço de recordação dos primórdios da vida humana em suas expressões mais grosseiras.

A energia serena edifica sempre, na construção dos sentimentos purificadores; mas a cólera impulsiva, nos seus movimentos atrabiliários, é um vinho envenenado de cuja embriaguez a alma desperta sempre com o coração tocado de amargosos ressaibos.


— O remorso é uma punição?

— O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.


— Como se interpreta o ciúme no Plano espiritual?

— O ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo, dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor universal, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram, guardando também a disposição sadia para cooperar na elevação de cada um.

Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme no coração, de modo a cerrar-se a porta ao perigo, pela qual toda alma pode atirar-se a terríveis tentações, com largos reflexos nos dias do futuro.


— Como devemos efetuar nossa autoeducação, esclarecida pela luz do Evangelho, nos problemas das atrações sexuais, cujas tendências egoístas tantas vezes nos levam a atitudes antifraternais?

— Não devemos esquecer que o amor sexual deve ser entendido como o impulso da vida que conduz o homem às grandes realizações do amor divino, através da progressividade de sua espiritualização no devotamento e no sacrifício.

Toda vez que experimentardes disposições antifraternais em seu círculo, isso significa que preponderam em vossa organização psíquica as recordações prejudiciais, tendentes ao estacionamento na marcha evolutiva.

É aí que urge o esforço da autoeducação, porquanto toda criatura necessita resolver o problema da renovação de seus próprios valores.

Haveis de observar que Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las evolutir, convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo às criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as tendências, na evolução sublime dos seus sentimentos.

Examinando-se, ainda, o elevado coeficiente de viciação do amor sexual, que os homens criaram para os seus destinos, somos obrigados a ponderar que, se muitos contraem débitos penosos, entre os excessos da fortuna, da inteligência e do poder, outros o fazem pelo sexo, abusando de um dos mais sagrados pontos de referência de sua vida.

É por esse motivo que observamos, muitas vezes, almas numerosas aprendendo, entre as angústias sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício, em marcha para as mais puras aquisições do amor divino.

Depreende-se, pois, que, ao invés da educação sexual pela satisfação dos instintos, é imprescindível que os homens eduquem sua alma para a compreensão sagrada do sexo.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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